O final de um ano e o início de outro são momentos propícios para refletir sobre o passado e projetar o futuro. Os últimos dias de 2024 ficaram marcados, a nível autárquico, pela aprovação do último orçamento deste mandato do executivo do partido socialista e pela aprovação do plano diretor municipal (PDM) do concelho, um documento que se reveste de uma enorme importância e que vai marcar indubitavelmente o futuro do nosso município, independentemente dos resultados das eleições autárquicas que se irão realizar no último trimestre deste ano 2025.
A aprovação do novo PDM e a decisão da construção do denominado Parque da Saúde, que visa a construção de um novo Centro de Saúde em Arouca, são decisões cruciais no futuro do concelho. No entanto, os processos que conduziram a uma decisão política advêm de um modus operandi da Presidente e do seu executivo. São processos e decisões de uma enorme responsabilidade que, independentemente da legitimidade do voto popular concedida a Margarida Belém e ao executivo PS, deveriam merecer sempre transparência, partilha de informação e uma discussão alargada a todas as forças vivas do concelho, sejam as forças políticas que representam as diferentes sensibilidades dos munícipes, seja a própria sociedade civil, por forma a robustecer e melhor justificar as opções realizadas. Este e o anterior mandato ficaram marcados pela ausência de grandes obras, ao contrário das décadas de 80 e 90, quando o município viveu um período de forte desenvolvimento infraestrutural. O turismo tornou-se o alfa e o ómega de toda a estratégia política, deixando outras infraestruturas essenciais para o futuro do concelho em segundo plano. Mesmo obras como o Auditório Municipal ou o projeto relativo ao edifício que servirá de complemento aos Paços do Concelho, necessidades identificadas há largos anos e prometidas em sucessivas campanhas eleitorais, vão mais uma vez ficar no papel. A única obra estruturante concretizada foi a segunda fase da variante, um troço que, ironicamente, não dependeu diretamente do executivo e que ainda aguarda o arranque da terceira e última fase. Em vez de procurar mitigar as dificuldades de acessibilidade ao centro do concelho — por exemplo, através da melhoria da Estrada Nacional 326, com a retificação e o alargamento de grande parte do seu trajeto, permitindo uma segunda faixa de ultrapassagem no sentido ascendente —, o executivo optou, e continua a optar, por aguardar a intervenção do poder central, mantendo uma estratégia passiva e canalizando os recursos municipais para outras prioridades políticas. A propósito da gestão dos recursos financeiros do município, vale a pena ler o artigo de opinião do anterior Presidente da Câmara Municipal de Arouca, Dr. Armando Zola, na última edição do Jornal Roda Viva, onde este refere que “nos últimos anos, o nosso Município tem canalizado boa parte dos seus esforços e recursos à remodelação do já feito” e sugere uma reflexão mais aprofundada sobre intervenções planeadas e divulgadas na comunicação social, relacionadas com infraestruturas importantes que estão em discussão, mas que, mais uma vez, parecem seguir o mesmo modus operandi na tomada de decisões políticas.
Esperemos que as eleições autárquicas consigam inverter esta tendência, impondo, definitivamente, a necessidade de discutir os programas eleitorais, a visão que cada força política tem para o município e a forma como pretende implementá-la. Além disso, é essencial envolver a sociedade civil, promovendo uma campanha eleitoral e um debate que potenciem verdadeiramente o nosso concelho para os desafios que se avizinham.
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