OPINIÃO | UM CERTO OLHAR SOBRE OS MEDIA

Fátima Campos Ferreira e TV?

– Evitar.

Redes Sociais e Blogosfera?

– Fugir.

Youtubers?

– Palermices.

Jornais?

Escrevem todos o mesmo com embrulhos diferentes.

Como ler o mundo, então?

– Pelos clássicos. Para as actualidades, clico no Observador (agenda dominante), leio o Avante (o outro lado), compro o Courrier Internacional (o que resta da reportagem jornalística).”

Diálogo, num suburbano da CP, entre um modernaço e um abelhudo

18 de Janeiro de 2018

As recentes polémicas em torno das alterações à Lei de Financiamento dos Partidos e sobre o Uso Terapêutico da Cannabis, as construções argumentativas geradas, a partir de confusões e fabricações várias, dão mote a este olhar sobre os media. Quanto aos temas em concreto, os dossiers existentes em www.pcp.pt são esclarecedores, apresentam o objecto da discussão parlamentar, os factos ocorridos e a posição do dono do sítio.

Da enxurrada mediática sobressaiu uma tese – a Sociedade Civil é boa, os Partidos são maus e o da Foice e Martelo a desgraça da nação. Olhemos para os conceitos inscritos ou aludidos na tese e questionemos: quem defende o Interesse Geral? A Sociedade Civil? O Estado?

O Estado deveria defender o Interesse Geral, mas nem sempre o faz, é instrumento da(s) Classe(s) dominante(s), para os não marxistas dos Grupos que o dominam. Só que a Sociedade Civil, ao contrário do que se faz crer, também não defende o Interesse Geral. A Sociedade Civil corresponde à plêiade de interesses particulares de uma sociedade capitalista. Como os interesses particulares não têm todos a mesma força, uns acabam por ter ascendente sobre os demais. Desse modo, a Sociedade Civil representa sempre os interesses particulares dominantes.

Em conclusão, se tivéssemos uma Democracia de facto e Cidadãos de pleno direito, o Estado tenderia a respeitar o Interesse Geral. Mas não temos! Por isso a luta continua, para que o Interesse Geral seja respeitado, em cada questão concreta, e para o colocar como horizonte político.

Porque são os Partidos dispensáveis para uma certa Direita (económica e liberal)? Que a Direita não esteja satisfeita com o PCP, é normal, até é bom sinal. Mas, insatisfeita com os Partidos que a representam é que já é estranho… ou talvez não! Atentemos ao caso Macron. O epifenómeno em causa permitiu à Direita francesa substituir um desastrado Presidente socialista, que governou à direita, por um “one man show”, fabricado nos media, usando, à semelhança do judo, a força do próprio adversário (o descontentamento popular) para o derrubar, garantindo assim, um presidente ainda mais à direita (com a vantagem de mais facilmente o apear se este fugir da linha). Bem jogado!

É o que está a dar, o produto mediático, bonito por fora e oco por dentro. Contrapor, séria e rapidamente, à chuva de atoardas mediáticas e sentenças instantâneas é que não é tarefa fácil!

A Portugal, a moda já chegou. Ao que parece, instalou-se ali para as bandas de Belém!

Texto de Francisco Gonçalves

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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