Horizontes de abril

Por: Bárbara Moreira da Silva

Enquanto jovem, o 25 de abril é mais do que uma página dos livros de história, é um legado que molda a nossa compreensão do presente e a nossa visão do futuro. O significado do 25 de abril para os jovens de hoje transcende as celebrações anuais e os discursos políticos. É um lembrete contínuo de que a liberdade não é um dado adquirido, mas uma conquista contínua que requer vigilância e um envolvimento cívico. O desafio desta geração é manter viva a chama da liberdade, resistir à apatia e defender os valores democráticos que tornam possível a nossa sociedade pluralista e progressista.

Liberdade, uma palavra que transborda esperança e luta. A liberdade é tecida na história, moldada por mãos corajosas que desafiam a injustiça. É a voz coletiva de um povo que se ergue contra a opressão, que derruba os muros da tirania e constrói pontes de solidariedade e justiça.

Recordamos as revoluções, os movimentos de libertação, os atos de resistência que marcaram o curso da história. Do 25 de abril, que hoje celebra o seu quinquagésimo aniversário, recordamos aqueles que são os símbolos tangíveis da liberdade que se ergueram sobre as ruínas do autoritarismo.

Contudo, à medida que olhamos para o mundo ao nosso redor, reconhecemos os desafios que nos esperam nesta jornada.

Um dos maiores desafios que vejo é o de preservar e fortalecer os valores democráticos conquistados com tanto esforço aquando desta revolução. A ascensão do populismo, a desigualdade social e a falta de oportunidades para os mais jovens ameaçam os alicerces da democracia. Além disso, a era digital trouxe consigo novos dilemas, como a desinformação e a disseminação de fake news, desafios estes, que exigem respostas criativas.

Celebremos, então, hoje as conquistas do passado, mesmo estando confrontados com a responsabilidade de enfrentar os desafios do presente e do futuro.

Num mundo cada vez mais polarizado é crucial defender a participação cívica, os direitos humanos e a liberdade de expressão. Tal como o lápis azul deixou a sua marca nos documentos censurados, a busca pela liberdade deixou uma marca indelével na consciência coletiva da nação. Cada linha apagada era um lembrete da luta ainda a ser travada, cada palavra suprimida uma promessa de um amanhã mais livre.

Que possamos aprender com o que se viveu outrora no nosso país, transformando as marcas de censura em pontos de partida para uma narrativa de libertação. Que possamos, com determinação e coragem, escrever um futuro onde a liberdade não seja um sonho, mas uma realidade inegável para todos.

Nos 50 anos do 25 de abril, devemos aspirar não apenas a viver em liberdade, mas também a expandir constantemente os horizontes do que é possível, continuando a escrever a nossa história de liberdade, pois como afirmou Agustina Bessa-Luís “De facto, o verdadeiro estado de liberdade é o de ultrapassara a imaginação”.

Agustina, Natália, as três Marias, Sophia e Celeste, a dos cravos. Falar de abril e de liberdade é falar no feminino, na mulher, nas mulheres, na sua subalternidade e na sua força, na sua repressão e na sua revolta, no seu silêncio e no seu grito. Abril é uma mulher prenha, de tudo e de todos, do futuro e da esperança, da vida e de Portugal. Eu também sou abril. Viva abril! Viva Portugal.

 

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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