Arouca 2025: a (falta de) Estratégia Municipal de Juventude

Há cerca de quatro anos atrás, redigi um artigo de opinião para um outro jornal local através do qual enumerei diversas áreas que considerava que não se encontravam concretizadas e/ou tratadas em Arouca, fosse pela insuficiência de propostas concretas para a resolução de determinados problemas ou, até mesmo, pela ausência completa de políticas para áreas específicas.

Sob o mote “continuamos apenas a sonhar” retratei a ausência de quaisquer políticas de juventude direcionadas à resolução não só dos problemas daquela faixa etária, como também vocacionadas para a fixação dos jovens no Município de Arouca.

Aos dias de hoje, a realidade não é a mesma. Desde logo, o órgão consultivo Conselho Municipal de Juventude (doravante CMJ) reúne com a frequência legalmente exigida, afigurando-se de grande relevância para o escrutínio e para a definição de alguns dos caminhos a seguir no que à juventude arouquense concerne – apenas aqueles que este conselho tem efetivamente algo a dizer, o que nem sempre acontece como infra se demonstrará.

Ora, volvidos quatro anos verifica-se que o Município de Arouca dispõe de um documento orientador, de muito curto prazo, para as políticas de juventude.

Por diversas vezes ao longo deste período, tive oportunidade de questionar o executivo do Partido Socialista acerca do ponto de situação deste documento – a que designam “Estratégica Municipal de Juventude de Arouca”. Isto, porque excluindo a auscultação efetuada através dos laboratórios de cidadania, assembleia municipal jovem e outras atividades exclusivamente dedicadas à auscultação dos jovens, não foram os Conselheiros do CMJ chamados a contribuir para os moldes de construção da dita estratégia.

Em nenhum momento foram aqueles Conselheiros consultados no sentido de decidir se uma estratégia de juventude se concretiza, exclusivamente, com a auscultação de juventude. O que não me parece, mas foi precisamente isso que foi feito.

Assim, perante os problemas elencados pelos jovens no âmbito da auscultação que foi efetuada, não foi desenvolvida uma qualquer recolha de contributos para este documento proveniente das associações culturais, recreativas e de juventude, dos partidos políticos, das juventudes partidárias, da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Arouca, Associação Empresarial Cambra e Arouca, Juntas de Freguesia, entre outros e que muito teriam a contribuir para uma área de tamanha abrangência.

Dizer-se que “a Juventude é transversal a todas as áreas” sem depois o concretizar naquele que é o documento orientador das políticas de juventude, é das maiores incoerências deste executivo municipal. Mais, o completo desdém pela consideração que teria o CMJ e os seus Conselheiros acerca da envolvência das referidas entidades na construção da dita estratégia, é revelador de que a “co-construção” e a “co-implementação” só servem para quando dá jeito.

Como se não bastasse um documento de cerca de 50 páginas (que facilmente se reduziria a 10 páginas se excluídos os textos de agradecimentos e as bonitas fotografias apanágio deste executivo do PS) deste ainda deriva um documento avulso denominado “plano de ação” que mais não é do que um elemento de monotorização do primeiro e que genericamente, face às propostas efetuadas pelos jovens, foram alocadas atividades do Município que, veja-se só!, já estão a ser executada ou em estudo ou semelhante… resumindo-se a atuação ao que já está a ser feito, e muito pouco para além disso.

O primeiro passo da construção da dita Estratégia remonta a maio de 2022 – aquando da primeira sessão de auscultação dos Jovens.

Três anos depois, o Executivo Municipal do PS apresenta um documento sem qualquer estratégia a médio e longo prazo para a definição das políticas de juventude, concretizando um tratamento redutor da complexidade dos seus problemas, dado que não integra contributos e não compromete entidades relacionadas com a juventude para além dos próprios jovens. Certamente que tal só se verificou por ausência de tempo para a construção do documento… desilude, mas não surpreende!

sobre o autor
Fátima Pinho
Discurso Direto
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