Os jovens Arouquenses e a sua experiência no mundo do trabalho

Ingressar no mercado de trabalho é um dos marcos mais significativos na vida dos jovens, representando não apenas o início de uma carreira profissional, mas também um momento de transição para a independência financeira e responsabilidades adultas. O DD entrevistou dois jovens arouquenses com vivências distintas da entrada no mundo do trabalho para perceber um pouco das suas histórias e das adversidades que enfrentaram.

Filipa Vieira tem 23 anos e abriu recentemente o seu próprio negócio, O Canastro, um pequeno espaço de Tapas e Drinks situado em Arouca. A sua formação académica foi na área da Saúde, com o Curso Técnico de Auxiliar de Saúde, e exerceu funções na área, durante 5 anos, no lar da Santa Casa da Misericórdia de Arouca.

“Apesar de ser uma coisa que eu gostava muito, a saúde e o ajudar o outro, já estava exausta e saturada do trabalho” revelou a jovem, adiantando que foi nessa altura que surgiu a oportunidade de começar o próprio negócio, quando a mãe lhe ofereceu um espaço para que pudesse abrir o seu estabelecimento.

Filipa Vieira revelou que “estar à frente de um negócio é super cansativo”, e que não tinha “noção disso”, explicando que inicialmente até tinha intenção de manter o emprego, em paralelo com o negócio, o que vê agora que “seria impossível”. Um dos pontos mais negativos foi o facto de ter aberto o estabelecimento já na altura do inverno, mas, ainda assim, revelou que teve boa adesão por parte dos arouquenses, pois “as pessoas querem conhecer”, e “gostam de conhecer coisas novas”.

A empreendedora salientou que não vê Arouca como uma condicionante para o seu negócio explicando que este estar localizado “mesmo no centro” também é uma mais-valia, mas o que a seu ver realmente atrai clientes é o facto de ser um estabelecimento dedicado a “tapas e drinks”, o que é uma inovação na região. Em contrapartida, uma das maiores dificuldades que enfrentou foi a adaptação à rotina que implica a área da restauração.

“A família é uma grande base aqui”, a proprietária do Canastro explicou que a família foi o seu grande pilar nesta aventura, mostrando a gratidão e revelando que ter o apoio de quem mais gosta “a dizer que vai dar certo” é realmente o mais importante. “Estou muito feliz, é um sonho tornado realidade”, finalizou.

“Quero acolher a terra que também me acolheu, por assim dizer, dar frutos cá”

Leandro Figueiredo tem 21 anos e licenciou-se em Publicidade e Relações Publicas no ano de 2024. Atualmente, o jovem está prestes a começar atividade na sua área de estudos, ingressando num estágio profissional na área de audiovisuais, mas, até à data, esteve a trabalhar na área de restauração. A oportunidade trabalho surgiu enquanto procurava trabalho na área e o jovem não hesitou em aceitar tentando canalizar os seus “vencimentos” para investir no audiovisual, e para gerir a sua vida.

O recém-licenciado revelou que o processo até conseguir algo na área que gosta foi “um bocado complicado” e que, se não tivesse “um portefólio sólido”, talvez nem conseguisse. Uma das maiorias dificuldades na sua perspetiva é “a instabilidade e a incerteza do que pode vir”, isto aleado ao facto de que por vezes na área de estudos nem sempre se é “tão bem remunerado”, o que pode obrigar os jovens a lançarem-se mais cedo noutras profissões. Estes fatores também influenciam a emigração dos jovens, que vão para o estrangeiro “onde conseguem ter mais oportunidades a nível monetário”.

Quando questionado sobre Arouca poder ser uma condicionante na entrada no mercado de trabalho, Leandro Figueiredo, mostrou-se divido, explicando que no seu caso que vive no fundo do concelho, Escariz, vê como uma mais-valia a parte de estar perto de outros locais, nomeadamente “São João da Madeira, Porto”, mas no que toca a trabalhar no centro, que é o que tem vivido atualmente, denota a “falta de meios” para lá chegar, ou “dificuldade dos transportes”.

Como muitos outros jovens já ponderou ir para outro local ou cidade em busca de melhores oportunidades, ainda assim quer tentar primeiro “dar frutos” na sua terra, mas nunca descarta a possibilidade de se “lançar para outros lados”.

“Somos jovens, é a melhor altura para aprendermos, para errarmos, tentarmos e depois com as ajudas e opiniões dos mais velhos, e também com a vontade própria, saber o que queremos realmente e aí, sim, solidificarmos a nível profissional e pessoal”, concluiu o jovem arouquense.

Ana Margarida Alves

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