Superioridade Moral

Acreditarmos em nós e no nosso valor é um ato de autoconfiança e autovalorização, mas, não raras vezes, esta sensação vem acompanhada de sentimentos de superioridade ética e moral que nos fazem perder batalhas na defesa das nossas ideias.

Quase todos os dias vemos sinais claros de egoísmo e egocentrismo que nos levam a desvalorizar a opinião do outro e os seus pontos de vista, com uma crença inabalável na sensação de que somos os únicos a ter uma opinião válida, os únicos conhecedores da realidade, os únicos capazes de a interpretar e de lhe encontrar e apontar soluções. Para algumas pessoas só existe o certo, aquele que está assente nas suas próprias ideias e convicções, e o errado, onde cabem quase todas as outras opiniões que são diferentes da sua. A este fenómeno que podemos chamar de soberba ou arrogância assenta numa incapacidade crónica em ouvir, compreender e aceitar opiniões diferentes da nossa.

Bem sabemos que os seres humanos são capazes do melhor e do pior, mas quando falamos nesta questão da superioridade moral percebemos que muitos dos que a vivem e fomentam o fazem porque se consideram mais capazes, inteligentes e informados do que os outros. Estas pessoas consideram-se possuidoras de uma visão do mundo ousada e progressista, única e altamente inovadora, sentindo-se os únicos a terem soluções para todos os problemas. A superioridade moral provoca, em que a tem, uma sensação prazerosa de satisfação, considerando que a sua forma de encarar a realidade é a única que está certa e que os outros não conseguem alcançar o elevado potencial das encontramos deste tipo de ações e pessoas, sendo que os resultados por eles alcançados, na grande maioria das vezes, têm efeitos negativos em quem os rodeia e um cariz polarizador que leva ao crescimento de extremismos, fanatismos e populismos. Todos estes “ismos” têm em comum a tal ideia de superioridade moral onde se extremam posições e se cria um clima de intolerância e desrespeito pelas pessoas e pela própria democracia.

Se a vida é um jogo onde não existem, necessariamente, vencedores e vencidos, a noção de superioridade moral cria e difunde um sistema de opostos em que o desejo de poder, de valorização e reconhecimento social levam a que algumas pessoas, aparentemente sensatas e ponderadas, passem a agir como insensíveis e possuidores de verdades absolutas, uma espécie de autoproclamados da justiça e da moral. Combater a desigualdade, promover a solidariedade e a entreajuda, respeitar e valorizar opiniões diferentes e acreditar que é na diferença e na diversidade que se constroem as grandes ideias, projetos e soluções deveria ser um dos nossos maiores desígnios.

*para ler o artigo completo aquira a nossa edição impressa já nas bancas;

sobre o autor
Cátia Camisão
Discurso Direto
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