Política para (quase) todos

Por: Valter Cruz- Núcleo Iniciativa Liberal Arouca

Passados 3 meses das últimas eleições, com o governo no seu devido lugar e todas ou quase todas as tomadas de posse consumadas, voltamos assim à normalidade política em Portugal. Voltaremos a ter uma política de alguns para todos, isto porque o que nos espera nos próximos 4 anos, foi conquistado através de uma maioria que, para bem de uns e mal de outros, não deixou dúvidas e temos que respeitar as regras da nossa democracia.

Se a nível nacional, exigir uma política informativa, objetiva, inclusiva e para todos é tarefa quase impossível, considerando a desinformação e a comunicação focada nas “letras grandes”, a nível local esta questão é possível e deve ser levada a cabo em primeiro lugar por aqueles em quem depositamos a nossa confiança: Os Autarcas.

A principal mais-valia da política local é que podemos falar pessoalmente e de forma mais ou menos fácil (e agora já sem máscara para perceber se a expressão facial é tão empática como em tempo de eleições) com aqueles a quem devemos pedir esclarecimentos, avaliar, exigir explicações, questionar e o que mais considerarmos enquadrado na posição política para a qual foram eleitos. Por este motivo, esta é, ou deveria ser uma responsabilidade diária dos cidadãos com os seus políticos locais, contribuindo de forma ativa para o seu desenvolvimento, para sua informação e para o desenvolvimento da sociedade onde estão inseridos.

Infelizmente, a realidade é muito diferente do atrás referido. Somos maioritariamente cidadãos passivos, pouco preocupados com a política local (façamos a extrapolação para a política nacional !!!) pouco informados, pouco participativos, fazendo poucas perguntas, procurando pouca informação, exigindo muito menos dos autarcas do que a sua função os obrigaria, e isso torna-nos num dos principais culpados da política ser apenas para alguns, mesmo que as bases da política sejam feitas para todos. É importante reforçar que os autarcas estão ao dispor dos cidadãos e não os cidadãos ao serviço dos autarcas.

Sabendo de antemão que em Portugal a política não é para todos, e os cidadãos são muito mais passivos que ativos, os autarcas, como os representantes políticos mais diretos e próximos do cidadão comum, deveriam adotar medidas e ações mais objetivas e diretas, promovendo uma participação política ativa dos seus cidadãos. Desta forma, é possível promover e contribuir para uma população mais formada e informada e para o desenvolvimento e envolvimento na tomada de decisões e responsabilização da comunidade local.

Não deverá assim o poder local (Juntas de Freguesia e Câmara Municipal) dar o exemplo, começando por propor e promover o envolvimento direto da população? Não é desta forma que se promove não só munícipes ativos, formados e informados, mas também com um sentimento de envolvência e responsabilidade na tomada de decisão sobre matérias mais ou menos importantes e estratégicas para a sua freguesia ou município? Não deveria a comunicação ser feita de forma mais simplificada, objetiva e mais adequada ao nível de informação dos munícipes?  Será de simples compreensão para as munícipes expressões como: “orçamento municipal”; “derrama”, “descentralização”, etc.? Porque não temos uma política mais participativa com referendos para questões estratégicas e importantes para a freguesia ou município? Será através de Assembleias Municipais em dia da semana às 14:30H que se promove uma política para todos? Será que os autarcas locais fazem o máximo para promoção de uma política para todos ou apenas para quase todos? Será que política local e ao serviço de todos, depende da forma como cada autarca vê o copo?

Vê o copo meio cheio se der como certo que a informação, formação, etc., está disponível e acessível a todos, que a sua função está cumprida, cabendo ao munícipe ser ativo e proactivo.

Por outro lado, vê o copo meio vazio se, como autarca ao serviço dos que o elegeram, tentar entender o porquê de a informação mesmo estando disponível, poucos a procurarem. Esta estará percetível? A linguagem utilizada é a adequada? Não deverão os autarcas ser proactivos na envolvência dos munícipes na política? Como se promove uma política de proximidade sendo apenas reativo?

Uma política para todos depende de cada um como cidadão, procurar ser exigente com aqueles que o representam, sendo que o nível de exigência com os autarcas locais deve ser ainda mais vincado e escrutinado pela proximidade e possibilidade de confrontação na primeira pessoa. Aos autarcas, eleitos para estarem ao serviço dos munícipes e fregueses, caberá uma postura de proatividade, aprendizagem e adaptação constantes, sendo desta forma os principais dinamizadores de: Uma Política para Todos.

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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