OPINIÃO | A política e a arte de bem governar

Considerado o fundador do pensamento político moderno, Nicolau Maquiavel (1469-1527), filósofo e político italiano, é o autor de O Príncipe, sua obra prima e “obra de referência e de um pragmatismo radical e implacável”. Nela o referido autor discorre sobre a política e a arte de bem governar, com conceitos e interpretações várias que podem muito bem ser transpostos para os dias de hoje.

Num mundo cada vez mais global, com os extremos a conseguirem a simpatia do cidadão eleitor a reboque dos cada vez mais propagados “temas fraturantes”, é interessante ler o supracitado livro pois, de facto, dessa leitura resultará podermos melhor entender muitos dos complexos problemas com que as sociedades e os estados se debatem na atualidade e até mesmo permitir-nos vislumbrar a perspetiva de ação daqueles que exercem o poder.

Infelizmente, é com receio que constatamos as crescentes divisões que a sociedade vai sofrendo, ainda por cima muito inflamadas pelo recente fenómeno das redes sociais, com recentes eleições que decorreram em vários e relevantes países, com intensas disputas que visam mais a divisão do que o consenso e moderação que se desejam no debate público, independentemente da valia de cada um dos lados da contenda.

O papel da Oposição acaba sempre por ser o mais ingrato, ainda para mais nos tempos que hoje decorrem. Veja-se o caso do PSD no contexto nacional em que o caminho trilhado pelo seu líder, numa clara ótica construtiva e de moderação no que à governação de Portugal diz respeito mas que acaba sempre por ser conspurcada pela opinião pública e publicada, por via dum constante ataque à sua ação, seja pelas suas tomadas de posição, seja mesmo pela falta delas. E, se nos focarmos no contexto do nosso município de Arouca, ficamos com a sensação estranha de que o PSD parece ser sempre o principal alvo do escrutínio de todos os arouquenses, mais ainda do que o poder socialista instalado há 25 anos! E isto independentemente do pulsar do partido, ora dando o seu contributo construtivo, ora pela sua diferente postura, absolutamente alternativa!

Numa altura da vida política nacional e local, seja na discussão do Orçamento do Estado na especialidade, seja na apreciação das Grandes Opções do Plano e do Orçamento da nossa Câmara Municipal, sugiro ao poder instalado e, principalmente, aos líderes vigentes, que se inspirem na supracitada obra de Maquiavel. Segundo este, o Príncipe deve tomar como exemplo ser leão e raposa, “porque o leão não se defende das armadilhas, a raposa não se defende dos lobos; precisa, pois, de ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para assustar os lobos”. Apesar da assertividade da analogia, que traduz o que acima afirmei no que concerne à contemporaneidade desta obra, creio que seria sensato atenderem a uma outra passagem da obra, enquadrada igualmente no momento e na ação que pretendem desenvolver, que nos indica que “o desejo de conquista é coisa realmente muito natural e comum; e, sempre que os homens conseguem satisfazê-lo são louvados, nunca recriminados; mas, quando não conseguem e querem satisfazê-lo de qualquer modo, aí estão o erro e a recriminação”.

Hoje, volto a repeti-lo, todos somos poucos nas importantes conquistas que pretendemos alcançar, na procura de uma sociedade melhor, de melhor qualidade de vida para os nossos concidadãos. E, tenho a certeza, muitas ideias e propostas desenvolvidas por outros campos políticos que não “o nosso” podem e devem ser acolhidas nestes momentos em nome do superior interesse da nossa comunidade e, consequentemente, do nosso país.

Texto de Artur Miler

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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