
Para além da inauguração do novo relvado sintético, o passado fim de semana foi de festa a dobrar para a UD Mansores, que celebrou também o seu 20º de existência. Com várias figuras da história do clube presentes no Campo das Relvas, nesse passado dia 31 de agosto, as celebrações homenagearam o cumprir de um sonho bem antigo do povo mansorense.
Em boa verdade, ainda que o clube tenha sido fundado a 20 de julho de 2005, já se davam pontapés na bola em Mansores bem antes disso. De acordo com informação presente n’ “O Livro de Mansores”, do mansorense José António Rocha, foram encontrados registos no histórico jornal arouquense “A Defesa de Arouca” em que, por exemplo, “no 1 de outubro de 1967 o Grupo Desportivo de Mansores defrontou o J.O.C de Negrolgilde, em Cesar, tendo vencido por 5-1”. Nesse encontro, alinharam pelo GD Mansores: Herói, José Maria, Jorge, Cela, Tonita, Mendes, Lino, Albino (Pinho), Lausberto (Mário), Beto e Nelson. Como refere José António Rocha, “esta foi possivelmente a primeira equipa de futebol de Mansores”.
O autor aponta que o GD Mansores “terá tido uma vida efémera”, mas isso não significou a paragem do futebol, pois “habitualmente, ao domingo de manhã, se jogou futebol no Barrocal entre os rapazes da Avitueira e os das Agras”. Os jogos, de carácter informal, ter-se-ão replicado entre locais de outros pontos da freguesia.
Certo é que a estreia oficial de uma equipa de futebol de Mansores só seria feita em 2005, ligada à Associação Cultural e Recreativa. Como referido na obra “AFA – A caminho dos 100 anos”, da autoria da arouquense Cláudia Oliveira, o clube foi fundado “a 20 de julho de 2005 por Paulo Jorge Neves Ferreira, Alcides Fernando Duarte Silva, Sérgio Miguel Ferreira Leite, Alceu Moreira Rocha, Manuel Joaquim Gonçalves de Lima, Agostinho Oliveira Tavares Moreira, Albino Manuel Tavares Oliveira, José Augusto Conceição Feiteira, António Fernando Pereira Miranda, António Joaquim Duarte Tavares, Carlos Alberto Leite Araújo e Manuel António Alves Moreira”.
Como já referido no artigo publicado acerca das celebrações, o Mansores não começou no INATEL, mas sim, à época, na 3ª Divisão da Zona Norte das Distritais da AF Aveiro. O jogo de apresentação da equipa foi contra Velhas Guardas do FC Porto, a 16 de outubro de 2005, tendo terminado empatado a uma bola.
O ano de estreia não poderia ter sido melhor, já que subiram de divisão no final da temporada. Num campeonato disputado entre 9 equipas, com 16 encontros, a ACR Mansores terminou a prova invicta, venceu 12 encontros e empatando os 4 restantes, somando 40 pontos. Foram também o melhor ataque, com 48 golos marcados, e a melhor defesa, com apenas 10 golos sofridos. Curiosamente, e como também já foi referido, fez parte do plantel Jorge Oliveira, atual presidente da Junta de Freguesia, mas que, à data, estava dentro das quatro linhas, como jogador. Integrou o primeiro plantel do Mansores, vindo do vizinho Mosteirô (também ele recente, contando apenas com 2 anos de existência naquela altura). Sob o leme de Nuno Oliveira, o Mansores recebeu ainda o prémio de fair-play da AFA.
No seu segundo ano de existência, o Mansores já estava na 2ª Divisão Distrital, Zona Norte, batendo-se contra clubes como os arouquenses Alvarenga e ACRD Mosteirô. Nesse ano de estreia na 2ª Divisão (2006/07), disputada entre 15 equipas, garantiram tranquilamente a manutenção, terminando em 9º lugar. Somaram 32 pontos, fruto de 9 vitórias, 5 empates e 14 derrotas, com 37 golos marcados e 52 sofridos.
Na terceira época, a segunda na 2ª Divisão (já alargada a 16 equipas), o Mansores já não defrontou o Alvarenga, que desceu, passando a lutar contra o Paivense e o Macieira de Cambra. Desta vez, o 9º lugar foi fruto de 10 vitórias, 5 empates e 15 derrotas, com os mesmos 37 golos marcados, mas apenas 43 golos sofridos.
Na temporada 2009/2010, deu-se a mudança para a designação atual do clube: União Desportiva de Mansores. Foi também inaugurado o relvado sintético (recentemente substituído), terminando com o terreno pelado de terra batida onde até então se jogou à bola.
Dessa época em diante, e com novas reestruturações dos campeonatos, o clube começou a subir degraus na classificação. Em 2009/2010, ficou em 6º lugar (foi a última época de Jorge Oliveira como futebolista). Na época seguinte, subiu para o 5º posto. Já em 2011/12, deu-se nova subida de divisão e o primeiro título! Com Fernando Bastos como técnico, a UDM terminou a fase regular em 1º lugar, com apenas uma derrota nos 24 encontros disputados. Foi, de longe, o melhor ataque (74 golos marcados!) da prova. Na fase de apuramento de campeão, foi necessário defrontar o SC Fermentelos, o SC Alba B e o GD Calvão. No final dos 6 encontros, apesar da igualdade pontual com o SC Fermentelos, a diferença de golos deu vantagem ao Mansores, que levantou o título de campeão da 2ª Divisão, subindo à 1ª Divisão (que viria a ser a atual Divisão de Elite/Campeonato SABSEG).
Na época 2012/13, surgiu o primeiro contratempo na caminhada desportiva da UD Mansores, pois, numa 1ª Divisão desafiante, que contava com Lusitânia de Lourosa e AD Sanjoanense, a UDM foi despromovida, ao terminar em 14º lugar, com 36 pontos.
Na temporada 2014/15, o regresso esteve próximo, já que a UDM ficou em 2º lugar na 2ª Divisão e classificou-se para o play-off de 2ºs classificados. Porém, apesar da igualdade pontual com o São Roque, desta vez a diferença de golos não saiu a favor do Mansores, mas sim do São Roque. O regresso à 1ª Divisão ficou adiado para a época 2016/17, onde o 2º lugar deu acesso direto à mesma.
A espera valeu a pena, pois, no ano de regresso à 1ª Divisão (2017/18), o Mansores terminou em 4º lugar, subindo assim à Divisão de Elite. Porém, nessa época 2018/19, a UD Mansores voltou, a par com o Alvarenga, à 1ª Divisão. Por lá ficou até à temporada 2021/22, altura em que garantiu o regresso à Divisão de Elite. Existiu a possibilidade de se sagrar campeão da 1ª Divisão, contudo, no duelo derradeiro frente à AD Valonguense, na decisão de grandes penalidades, o adversário levou a melhor (6-7). Algo que em nada beliscou a conquista da subida à Divisão de Elite, feita por uma equipa técnica bem arouquense: como treinador principal, o mansorense Rui Rocha, que contou com Tiago Pinho como adjunto (atual coordenador de formação do FC Arouca) e ainda Zé Grande, que jogou no Mansores.
Na temporada 2022/23, ao terminar em 8º lugar da Zona Norte do Campeonato SABSEG, o Mansores necessitou de disputar a Fase de Manutenção. Disputada entre 6 equipas, onde as duas últimas desciam e o 4º classificado podia almejar a manutenção, no caso de ser o melhor 4º classificado, o Mansores, que ficou precisamente no 4º posto, conseguiu a manutenção no SABSEG por apenas um ponto: a UDM somou 31 pontos e o outro 4º classificado, AD Valonguense, fez 30.
Contudo, o ano seguinte já não foi tão sorridente. Numa temporada marcada por dificuldades várias, como o presidente da altura, Geraldo Pinho, confessou ao Discurso Directo, a UD Mansores acabaria por ficar em último lugar, somando apenas 15 pontos, e regressando à I Divisão. Regresso esse que, como se sabe, não foi auspicioso, na medida em que, no final dos 26 encontros, o Mansores voltou a descer de divisão, pela segunda época consecutiva, regressando assim à 2ª Divisão, na qual não participava desde a época 2016/17.
Com a temporada 2025/26 ao virar da esquina, fica a questão no ar: será que a história vai repetir-se e, assim como em 16/17, a UD Mansores vai conquistar a subida à 1ª Divisão?

Na temporada 2022/23, fez-se história em Mansores, com a UDM a garantir a manutenção no Campeonato SABSEG

Foi um filho de Mansores, Rui Rocha, que esteve ligado à equipa técnica que guiou o plantel à mais recente subida ao Campeonato SABSEG (antiga Divisão de Elite) e, já como treinador principal, garantiu a manutenção.
Texto: Simão Duarte
Fontes: “O Livro de Mansores”, de José António Rocha, e “AFA – A caminho dos 100 anos”, de Cláudia Oliveira
Fotos: UD Mansores e Arquivo

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