
Na passada sexta-feira, foi inaugurada a nova Unidade de Saúde Familiar (USF) Oliveira do Arda, no concelho de Castelo de Paiva. O projeto representa um investimento de meio milhão de euros na requalificação do edifício e no equipamento, e visa responder às carências de acesso a cuidados de saúde na região.
Na cerimónia, na qual o Discurso Directo marcou presença, estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal, José Rocha; o Presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Tâmega e Sousa, José Luís Gaspar; e a Diretora Clínica para os Cuidados de Saúde Primários, Sónia Moreira. Todos destacaram o reforço da proximidade, da continuidade e da estabilidade dos cuidados prestados.
Para José Rocha, a nova USF é “um gosto e um orgulho” e representa “um anseio já de muitos e muitos anos” da população. O autarca sublinhou que, até agora, a antiga extensão de saúde funcionava apenas até às 17h00, com frequentes entradas e saídas de médicos, o que “não ajuda os utentes” a criar vínculos estáveis. Com o alargamento do horário até às 19h00 em dias úteis, prevê-se também uma resposta mais condizente com quem trabalha fora do horário normal. “Será essencial, após a USF, também os outros serviços que poderão ser instalados, para ajudar de uma forma geral todos os utentes”, acrescentou.
O Presidente da Câmara revelou ainda que, no âmbito de um projeto em conjunto com a ULS, o município tem “em carteira mais de 500 mil euros” para continuidade de investimentos, assegurando igualdade salarial entre as USF Paiva Douro e Oliveira do Arda e melhores condições a médicos, enfermeiros e funcionários.
José Luís Gaspar destacou que a USF Oliveira do Arda, que serve atualmente 4301 utentes, poderá vir a acolher até 5250 inscritos, garantindo “atribuição de médico e enfermeiro de família, cuidados de domicílio e resposta célere à doença aguda”. O responsável explicou que “a nossa estratégia é claramente aproximar a saúde do cidadão” através da rede de USF e da desconcentração de consultas como oftalmologia, psiquiatria ou avaliação pré-anestésica.
No terreno, a ULS privilegia os municípios mais periféricos — Castelo de Paiva, Cinfães, Resende e Baião —, “para reduzir distâncias e tempos de espera, melhorando a qualidade de vida das pessoas”. O Conselho de Administração prepara candidaturas para reforço dos hospitais Padre Américo e São Gonçalo e conta com parcerias com as Misericórdias, que podem contratar profissionais “à peça” e oferecer horários diferenciados.
A Dra. Sónia Moreira realçou que a transformação da antiga UCSP num modelo USF assenta na “proximidade, humanização e eficiência”. A nova identidade visual, centrada em “união, tranquilidade e proximidade”, simboliza uma mudança cultural que aposta na autonomia e na responsabilização partilhada tanto dos profissionais como dos utentes.
“A USF tem um forte compromisso com a qualidade, a segurança e a continuidade dos cuidados”, afirmou, lembrando que já está a funcionar uma equipa coesa desde 1 de maio e que o modelo organizativo se concentra nas reais necessidades da população das freguesias de Raiva, Pedorido e Paraíso.
Nas declarações à imprensa, José Rocha insistiu na “luta” pelo alargamento do horário de funcionamento para 24 horas — solução que, ao contrário de Cinfães e Arouca, ainda não existe em Castelo de Paiva. O Presidente da Câmara garantiu ter “a palavra do Governo e da ULS” para esforços conjuntos que permitam cobrir períodos noturnos, recorrendo a parcerias com a Santa Casa da Misericórdia ou outras entidades.
José Luís Gaspar admitiu que ainda não há prazo definido para a saúde 24 horas, mas sublinhou que, em apenas três meses ao leme do Conselho de Administração, “foi possível aproveitar fundos comunitários para equipamento urgente” e traçar o levantamento de necessidades para as unidades hospitalares. “O que demora mais é encontrar financiamento para obras, mas a predisposição da autarquia acelera o processo”, explicou.
Para Sónia Moreira, o impacto desta USF traduz-se numa equipa mais estável e numa carteira de serviços alargada — vigilância de grupos de risco (hipertensão, diabetes), saúde materna e infantil, planeamento familiar —, com “garantia de médico e enfermeiro de família” e resposta eficaz à doença aguda. As próximas fases incluem a descentralização de consultas hospitalares e valências partilhadas com a USF Paiva Douro.
Com esta inauguração, Castelo de Paiva reforça a cobertura de cuidados primários num território em crescimento demográfico (aumentou 0,7 % no último ano) e consolida parcerias entre autarquia, ULS e setor social, na lógica de “proximidade e integração” dos serviços de saúde.
Texto: Pedro Gonçalves
Foto: CM Castelo de Paiva

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