Neste artigo, irei enfatizar uma das formas sobre o quanto é cada vez mais visível a solidão das pessoas. Atualmente, muitos, vivem em um mundo hiperconectado, onde mensagens cruzam continentes em segundos e rostos conhecidos aparecem em telas ao menor toque.
Paradoxalmente, jamais estivemos tão sós. A solidão – esse silêncio que ecoa dentro de nós – vai além da ausência física de companhia. Ela se manifesta na falta de conexões significativas, na escassez de escuta genuína e na dificuldade cada vez maior de sermos vistos como somos, e não como aparentamos ser. Estudos científicos já comprovaram que a solidão pode causar impactos à saúde física e mental, comparáveis ao tabagismo e ao sedentarismo. Afeta diretamente o sistema imunológico, aumenta a incidência de doenças cardiovasculares e está fortemente associada à depressão, à ansiedade e ao declínio cognitivo. O cérebro humano, moldado ao longo da evolução para viver em grupo, percebe a exclusão social como uma ameaça – e reage com estresse.
No entanto, não se trata apenas de uma questão biológica. A solidão é também um fenómeno emocional e existencial. O ser humano precisa sentir que pertence, que importa, que é necessário em alguma medida ao outro. É na troca de olhares sinceros, no abraço espontâneo, no diálogo atento, que encontramos sentido.
Há solidões visíveis – como a do idoso que vive sozinho – e solidões invisíveis, mais comuns e mais cruéis: aquelas que habitam corações cercados de gente. A solidão no casamento sem afeto, no trabalho sem propósito, na rotina sem trocas verdadeiras. Mas há também uma solidão positiva, fértil, que ensina o valor da própria companhia. É quando o silêncio não significa vazio, e sim, presença.
Essa solidão escolhida nos reconecta com a essência, nos fortalece, nos ensina a não depender exclusivamente da validação externa. O problema é quando a solidão deixa de ser opção e se torna condição – constante, imposta, dolorosa. Como sociedade, precisamos falar mais sobre isso. Criar redes reais de apoio, ouvir mais e julgar menos. Precisamos estar atentos aos sinais de isolamento nos outros e em nós mesmos.
E lembrar que às vezes, o gesto mais simples – um convite, uma escuta, uma mensagem sincera – pode ser o elo que resgata alguém do abismo silencioso da solidão. Em tempos em que muitos sentem que não têm mais lugar no mundo, sejamos lar um do outro. Porque no fim, mais do que conexão, precisamos de pertencimento. E isso só se constrói com humanidade.
Cuide de Si.
Texto: Glaucia Souza
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