Três reflexões breves sobre temas longos

1. Para escrever este texto e o enviar à redação do Discurso Directo, precisei de eletricidade. A eletricidade é, atualmente, um bem essencial, ainda que a humanidade tenha existido durante imenso tempo sem ela. 12 horas às escuras não são confortáveis. O desconforto é ainda maior quando não se sabe o que aconteceu, nem se o apagão é local, regional, nacional ou internacional (algumas pessoas ficaram sem rede e comunicações móveis no mesmo momento em que ficaram sem eletricidade, portanto, a ignorância sobre o que estava a acontecer foi total e também durou horas). 

A PROCIV comunicou mal? Não. Nem mal nem bem. Não comunicou. Devia ter comunicado? Evidentemente que sim. As Ministras da Administração Interna e da Energia deviam ter falado ao país? Com certeza. Mas, além deste Governo já nos ter habituado ao seu silêncio e comunicação deficiente; num país laico onde o Presidente da República fala à população após a morte do Papa mas não fala na sequência de um apagão geral; num país em que o Governo usa o 1º de maio, dia do trabalhador, para celebrar a família (e só falta dizer que é a tradicional); está tudo trocado e só se admira quem quer. 

Posto isto, correu tudo mal? Não. Foi tudo resolvido dentro do tempo possível. Valeu-nos muito a rádio e as explicações claras do administrador da REN. Não vale a pena politizar mais que isso porque provavelmente nenhum partido impediria o apagão e a fazer melhor talvez só na comunicação, se pensarmos que uma parte expressiva do trabalho foi realizado por entidades competentes que não Ministros (e ainda bem! – se não, como diria Rui Tavares, estávamos fritos).

2 . Num episódio recente do programa humorístico da SIC “Isto é Gozar com Quem Trabalha”, o apresentador Ricardo Araújo Pereira deu a conhecer um caso, aparentemente insólito, passado na reunião de Câmara Municipal de Castro Marim. Uma vereadora mostrou-se indignada e até triste por não aparecer nas fotografias oficiais do município, apesar de, segundo a própria, o fotógrafo lhe tirar fotografias. Desiludida, disse mesmo que a Câmara a faz sentir que não é fotogénica. Claro que isto é gozar com quem trabalha e, por isso, foi motivo de criação humorística.

Aliás, sejam os autarcas de que partido forem, quem ousa pensar que fazer política por causa de fotografias é uma causa nobre corre o risco de acabar num programa destes e ser alvo de troça. A discussão sobre fotografias não vai mudar a vida das pessoas, não vai gerar empregos (a menos que seja para contratar fotógrafos), não vai redistribuir mais justamente apoios sociais, não vai atenuar desigualdades nem promover uma educação de qualidade para todas as pessoas. 

Assim, este momento do programa da SIC deve servir de reflexão. Tentar fazer política por causa de fotografias que são ou não publicadas nas páginas oficiais das autarquias é tão ridículo quanto Ricardo Araújo Pereira mostrou, seja em Castro Marim ou em Arouca. É uma discussão que, no limite, serve egos de quem a traz para cima da mesa, mas, nunca serve a população.

3. Decorre até 9 de junho o período de discussão pública da proposta de alteração do regulamento para a concessão de apoios ao desenvolvimento cultural, social, recreativo e desportivo do concelho. Isto é como quem diz que a Câmara Municipal de Arouca está a desenvolver um novo regulamento para atribuição de apoios às associações e outras entidades e que, portanto, todas as pessoas com interesse nesta matéria devem procurar saber quais as alterações que estão em causa e de que forma isso pode afetar cada coletividade.

Infelizmente, a linguagem técnica destes documentos é extenuante e motivadora de afastamento da leitura. Porém, é fundamental que dirigentes de associações (já auscultados) e outras pessoas interessadas possam ler esta versão, perceber as mudanças em causa e, se for caso disso, dar contributos. 

O documento pode ser consultado diretamente na Câmara ou na página oficial do município e as sugestões devem ser enviadas por escrito por email ou via postal ou entregues diretamente na Câmara.

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