O recente e tão comentado “Relatório Draghi”, de setembro último, elaborado pelo ex-presidente do Banco Central Europeu e ex-primeiro-ministro italiano, traz à discussão, neste cenário de uma transformação global, os desafios que a União Europeia enfrenta em termos de competitividade e segurança. A acrescentar ainda a este quadro, temos a recente ameaça para economia europeia, resultante da eleição de Trump, nos Estados Unidos da América.

Devo salientar os principais aspetos e conclusões que se destacam no relatório de Draghi: o défice de inovação, a descarbonização e competitividade, a segurança e redução de dependências e o financiamento da transformação.

Neste enquadramento, gostaria de realçar a importância, o valor e o aproveitamento dos nossos recursos para o nosso futuro coletivo. Será uma grande oportunidade estratégica e decisiva, que evidenciará ainda mais a importância destes recursos e o seu relevante papel no acrescento de valor sustentado e responsável às regiões, sobretudo às mais periféricas e do interior.

Continuar indiferente, sem nada fazer, perante a realidade “nua e crua” de que tudo que usamos, usufruímos e consumimos têm recursos e matérias primas infindáveis e inesgotáveis, não será, seguramente, a melhor solução. Estaremos a adiar o inevitável e a perder terreno para outras longitudes, a aumentar dependências e a perder oportunidades. Bem sabemos que as exigências, sem reservas, do cumprimento de metas responsáveis, tecnologicamente evoluídas e sustentáveis, e as obrigações de natureza legal e ambiental têm que prevalecer e serem cumpridas. Mas, em simultâneo, não podemos deixar diminuir o quadro de oportunidade que temos pela frente. Será um desígnio fundamental potenciar o valor acrescentado dos nossos recursos, de forma responsável, e em paralelo, implementar o devido e justo retorno da partilha do resultado económico desta aposta, traduzido num maior e contínuo investimento económico nos seus territórios e na melhoria da qualidade de vida das populações. Este parece-me o caminho assertivo, necessário e inevitável.