Treinador do CCR São Martinho dá a sua versão da história

Em causa estão os atos ocorridos no encontro frente ao Milheiroense

Na sequência da notícia relativamente à confusão que ocorreu no final da partida entre o CCR São Martinho e o Milheiroense, do passado dia 19 de janeiro, o Discurso Direto foi contactado por Fernando Vieira, presidente do emblema de São Martinho de Sardoura e também pelo técnico da equipa principal, Pedro Almeida. As duas chamadas, com os dois elementos referidos, ocorreram no final da tarde do passado dia 23 de janeiro, quinta-feira, dia em que a AF Aveiro divulgou a listagem de castigos dessa jornada.

O presidente do CCR São Martinho, com quem tínhamos tentado falar por chamada telefónica, quis explicar o porquê da chamada ter ido repentinamente abaixo: “O meu telefone ficou sem carga, na terça feira. Coloquei o telefone a carregar no campo de futebol e, como andava nesse dia, bloqueei o telefone, tive de colocar o PUK e só quando cheguei a casa fiquei com o telefone ativo (no final do dia de terça feira)”.

Já o treinador Pedro Almeida, que viveu toda a situação de bem perto, detalhou-nos a situação.

“Tenho de defender o meu grupo. É complicado para nós estar a sentir uma mentira durante toda a semana, e quando a verdade não é reposta, a mentira tornada muitas vezes torna-se verdade.

A situação começa numa situação de jogo, em que há uma falta apitada sobre o nosso jogador em que o árbitro a marca. O jogador do Milheirós pega na bola e começa a correr para trás, aquela situação normal de jogo de não querer dar a bola ao adversário. O meu jogador vai atrás e há ali uma quezília entre os dois de bate-boca e depois transforma-se numa situação de vários jogadores envolvidos, em que realmente há ali uns empurrões. Não concordo com o que o juiz diz, no sentido de haver um soco, porque acho que não houve soco de nenhuma parte.

Eu tenho acesso a essa parte do jogo em vídeo, porque o jogo foi filmado, e não houve soco de ninguém nessa parte. Há sim uns empurrões, tanto do jogador do Milheiroense que é expulso (Gonçalo Santos) tanto do meu guarda-redes (Eduardo Couto)”, começou por referir.

Quanto à situação que aconteceu na bancada do Campo Manuel Emílio dos Santos, o treinador do CCR São Martinho refere que quem a despoletou foi um atleta do Milheiroense, o mesmo que se vê no vídeo a saltar o muro em fuga: “Depois de ter sido apaziguado de todas as partes, inclusive eu e a equipa de arbitragem tentamos acalmar os jogadores, só que estava difícil. Conseguimos reunir toda a gente, por os nossos jogadores todos juntos, foi onde não houve mais agressões, tudo se apaziguou e foi quando o árbitro começou a dar os cartões vermelhos, inclusive ao meu guarda-redes. Ele tinha que expulsar alguém, não me explicou (o porquê).

De repente, o número 14 (Alexandre Pinto, do Milheiroense) subiu a bancada. A versão que temos é que agrediu um adepto, há uma queixa policial e depois foge. Não fugiu por desespero, o desespero dele foi no sentido de ter cometido um erro e ter de sair de ali. Não foram os jogadores do S.Martinho que o obrigaram a fugir do campo, foi uma situação em que ele se expôs contra os adeptos. Nenhum adepto invadiu o campo, não houve provocação, mas sim o contrário. Houve um jogador que infelizmente, num ato de loucura, decidiu invadir a bancada e agredir um adepto nosso.

Daí a fuga dele, de desespero sim, mas porque ele provocou um ato que iria ter uma reação. Depois há aquela infelicidade toda, que toda a gente viu nos vídeos, de lamentar e repudiar as agressões que houveram. Infelizmente, nós não controlamos, controlamos o que se passa dentro do campo, não controlamos o que se passa fora. Aí, já são as medidas que a AF Aveiro haverá de tomar.”

Por fim, Pedro Almeida salientou o espírito de ambas as equipas técnicas, que procuraram sempre serenar os ânimos e, apesar de referir que tudo foi despoletado por um atleta adversário, não isentou de culpas as pessoas do CCR São Martinho que se envolveram na situação.

“Eu ouvi a semana toda, e esperamos até hoje (quinta-feira, dia 23 de janeiro) pelo relatório, vi notícias na CMTV, no Record, a julgar-nos, a dizer que foram os nossos jogadores que invadiram a bancada, que foram os nossos jogadores que atiçaram, no sentido de agressões, os jogadores do Milheiroense. Não foi nada disso que se passou, houve uma confusão inicial sim, dentro do campo, que o árbitro assistiu, mencionou no relatório e expulsou um jogador para cada lado. Nenhum jogador do São Martinho invadiu a bancada.

Queria louvar que ambas as equipas técnicas tentaram e acordaram para acabar com o jogo, não haviam condições. Foi feio, as emoções estavam ao rubro e estivemos mais de uma hora, quer da parte do São Martinho, quer da parte do Milheiroense, com a equipa de arbitragem a conversar, para perceber o que poderia ser feito, no sentido de ambos os clubes não serem prejudicados.

Tudo se baseia num ato de um jogador do Milheiroense que invadiu a bancada, porque se esse jogador não tivesse invadido a bancada, nada daquilo teria acontecido. Eu não estou a dizer que há desculpa para os nossos adeptos, não há, porque eu repudio a violência, o futebol não pode ser isto. Há crianças a ver futebol e, infelizmente, cada vez menos vão ao estádio por causa deste tipo de situações.

Não estamos isentos de culpas em nada, os nossos adeptos estiveram mal, não deviam reagir. Mas eu não controlo os meus adeptos, não os treino, treino os meus jogadores. Os meus jogadores, dentro de campo, não podem ter a atitude que tiveram, na situação de envolvência ali de troca de palavras e de agressões e empurrões.”

Nota ainda para o relatório da AF Aveiro, tornado público no mesmo dia destas conversas. Como a imagem no fundo desta notícia o comprova, ambos os clubes encontram-se sob alçada de um processo disciplinar, para “apurar as ocorrências verificadas e o motivo da não conclusão do jogo”. Estão também sinalizados os dois cartões vermelhos mostrados pelo árbitro do encontro, onde cada jogador (Eduardo Couto, guarda-redes da equipa da casa, e Gonçalo Santos, defensor dos visitantes) terá de cumprir dois jogos de suspensão por “conduta violenta”. No caso do guarda-redes da equipa de Castelo de Paiva, o árbitro refere que este entrou “em confrontos físicos com vários adversários, acertando mesmo com o punho num deles”. Já o atleta da equipa adversária viu a cartolina vermelha por “agredir a soco um adversário”.

Há ainda um outro atleta do Milheiroense, Alexandre Ribeiro Pinto (segundo a versão do CCR São Martinho, é o atleta que se vê no vídeo a saltar o muro em fuga), que também está com um processo disciplinar em mãos, porém com suspensão preventiva, para “apurar o seu comportamento no referido encontro”.

Texto: Simão Duarte

Fotos: CCR São Martinho e AF Aveiro

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Discurso Direto
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