A última edição de 2024 da “Revista Lobos”, a revista oficial do FC Arouca, contém como entrevistado da rubrica principal “Dizem por Aí” o atual presidente do clube, Carlos Pinho. Presidente desde 2006 (18 anos), mas com ligações em alguns cargos de direções passadas, Carlos Alberto Teixeira Pinho começou por relembrar a sua infância, na qual já vivia intensamente os jogos do FCA, à época Ginásio Clube de Arouca. “Sei que era muito novo quando fui pela primeira vez a um jogo de futebol em Arouca. Teria, provavelmente, perto de dez anos e lembro-me de vir a pé, sozinho, desde Sá, em Santa Eulália, que ficava a dois quilómetros e meio, só para ver alguns dos jogos no parque da praça. Lembro-me perfeitamente como vibrava com esses momentos de futebol na terra. Nutria uma grande paixão pelo desporto, principalmente o futebol, desde aquela altura.”, começou por referir.
As memórias são muitas, mais ainda quando o FC Arouca passou a jogar no Campo Afonso Pinto Magalhães, onde Carlos Pinho nunca perdeu um encontro: “Acho que, desde que o FC Arouca começou a jogar no Campo de Jogos Afonso Pinto Magalhães, eu não falhei um único jogo. Chegado o fim de semana, para mim só existia uma opção: ir ver o clube da minha terra. Era o dia mais especial da semana, quando havia jogo”.
Carlos Pinho admitiu também que nunca desejou ser presidente do clube, tendo avançado para essa função quando se sentiu preparado para tal. “Nunca quis ser presidente, porque também eram outros tempos, e eu só poderia ser presidente quando soubesse que tinha reunidas as condições para levar o futebol mais alto, ao nível dos meus sonhos. Decidi avançar quando me senti preparado e com capacidade para iniciar um percurso sério e custoso. Felizmente, hoje posso dizer que consegui fazer isso e que cumpri a minha principal missão”, apontou.
A verdade é que chegou a presidente do FCA pela primeira vez em 2006 e, daí em diante, alcançou não só a Primeira Liga como duas qualificações europeias. O desejo de chegar ao topo do futebol nacional vem dessa altura, como o presidente dos Lobos de Arouca contou na entrevista: “Sempre fui uma pessoa de ideias fixas, quem me conhece sabe. Não vou dizer que nunca equacionei levar o Arouca ao topo. Na minha cabeça, embora soubesse que seria muito difícil, tinha o objetivo claro de chegar à Primeira Liga. Foquei-me nisso. Lembro-me perfeitamente que, quando fui eleito presidente, e o FC Arouca ainda andava nas distritais, na sala de imprensa os jornalistas me perguntaram qual seria o meu propósito para o clube. E eu, na minha boa fé, disse que, realmente, o meu objetivo era chegar à Primeira Liga. Recordo-me que os jornalistas da terra e alguns de fora que estavam ali presentes começaram todos a rir. Eu vi-os a fazer troça do que eu tinha acabado de dizer. Então humildemente acrescentei que até poderia não conseguir alcançar tal feito, como eles achavam, mas que a minha verdadeira intenção era trabalhar para um dia conseguir chegar à Primeira Liga. E a verdade é que cheguei mesmo.”
A dois anos dos 20 de presidência, Carlos Pinho salientou o orgulho que tem no percurso efetuado até ao momento, até porque sabe a fórmula necessária para o alcançar. “Às vezes até eu me interrogo como é que é possível um clube como o FC Arouca estar na Primeira Liga, depois de todas as anteriores décadas terem sido passadas em campeonatos distritais? Mas eu sei como é que isto é possível. Só com a fórmula na medida certa de orgulho, vontade, paixão e convicção. (…) Tanto tempo andou o clube a tentar filiar-se à AF Aveiro e hoje é reconhecido como o maior símbolo do distrito.”, declarou, referindo de seguida que a paixão que tem pelo clube é tal que o considera como um filho, pelo qual tem uma enorme paixão: “O FC Arouca é quase como um filho meu. Eu tenho dois filhos e este é como se fosse o terceiro, é uma coisa inexplicável. É também esse um dos motivos pelo qual ainda hoje usamos o lema “Amor e Paixão” a representar o que sente a nossa gente pelo clube de futebol que leva a sua terra ao peito. (…) Fiz o que fiz por este clube e continuo a fazer o que estou a fazer somente por paixão, é que eu gosto e tenho um orgulho muito grande de poder dizer que sou arouquense. E também é por isso que o staff do nosso clube pouco altera de temporada para temporada, são pessoas que estão concentradas na missão de representar da melhor forma o nome do FC Arouca e fazem-nos como uma família. Não há mais segredos para o sucesso. É um clube profissional que foi trabalhado e que continua a ser trabalhado por excelentes profissionais.”
No final da entrevista, publicada na altura em que o FCA se encontrava em último lugar na tabela, Carlos Pinho pediu aos adeptos para manterem a calma e a confiança no projeto: “A mensagem que deixou a todos os arouquenses é que, acima de tudo, tenham calma e que continuem a confiar no nosso projeto, tal como eu confio. Vamos fazer todos os possíveis para sair da situação atual com a maior brevidade, porque sabemos que não é esta a posição que nós merecíamos estar. Que apoiem fervorosamente o clube, porque nós vamos fazer tudo por tudo para sermos mais eficazes em todos os campos.”
Texto: Simão Duarte
Foto: FC Arouca
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