Dez meses depois de ter começado a funcionar a empresa Unir continua a prestar um mau serviço de mobilidade. São inúmeros os relatos de falta de informação, percursos que não correspondem às necessidades, faltas de serviço e atrasos constantes, o que leva a inúmeras reclamações. O assunto foi, mais uma vez, discutido na última Assembleia Municipal de Arouca com a Presidente da Câmara Margarida Belém a reconhecer o problema e a sua dimensão – que é comum à generalidade dos concelhos da Área Metropolitana do Porto (AMP).
Para surpresa de muitos, e quando o serviço é deficiente (estes dias ficaram apeadas crianças em idade escolar de Arouca como denunciou a deputada municipal Fátima Fonseca), ficamos a saber que se registou o aumento do preço unitário por quilômetro pago aos operadores, cuja atualização tem como base na Taxa de Atualização Tarifária (TAT), que foi de 6,43%.
O contrato prevê atualizações do valor a pagar aos operadores, mas também prevê penalizações no valor a pagar face ao incumprimento dos serviços. Mas tal não aconteceu por inércia dos responsáveis da AMP.
Os problemas na rede Unir arrastam-se desde o início e são indissociáveis da impreparação e incompetência com que a AMP conduziu este processo. A AMP, inclusive, não sabe quantos serviços não foram cumpridos pelos operadores. Pelo menos não disponibilizam
esses dados quando pedidos pela imprensa. Era importante que a AMP respondesse para quando o cumprimento das penalizações previstas por incumprimento dos serviços desde o início da operação.
A nova administração, que será liderada pelo ainda Presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, terá de implementar mecanismos para resolver com urgência os problemas que afetam milhares de utentes e corrigir algo que foi feito de forma leviana. Por enquanto, soube-se que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, ao ser confrontado com um ‘entendimento prévio’ sobre a eleição para a administração da nova empresa, recusou-se a indicar um membro para a assembleia-geral, demonstrando insatisfação. Na sexta-feira passada, o município do Porto retirou-se, no momento da votação, da eleição dos nomes para a administração, alegando falta de envolvimento no processo.
O direito à mobilidade é um direito social, e é o pilar para acesso a outros importantes direitos como educação, trabalho ou habitação. Não se pode, por isso, continuar a aguardar que por obra e graça do espírito santo fi que sanado o problema de falta de autocarros. É imperativo um rápido investimento em múltiplos recursos (informação simples e acessível sobre as linhas e horários, reposição de linhas suprimidas, etc).
Esta confusão e a penalização de trabalhadores, estudantes e outros utentes não se pode manter neste nível de amadorismo. Precisa-se de uma rede coesa e fiável que não cause um transtorno infinito a quem diariamente usa o transporte público. Isto sem esquecer a importância de mecanismos de auscultação das populações, sobre a rede visando a corrigir e melhorar o serviço tendo em conta o utilizador.
O transporte público é a principal ferramenta para a mobilidade, para a transição energética e coesão territorial.
É importante lembrar que a criação da empresa metropolitana de transportes tem estado em discussão na AMP pelo menos desde 2020, defendida então pelo presidente Eduardo Vítor Rodrigues, mas só foi aprovada em novembro de 2023, um mês antes da entrada em operação da rede Unir.
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