Por: Vasco Portugal | Núcleo da IL em Arouca
Muito em breve teremos, em Escariz, a minha freguesia natal e uma das mais industrializadas do concelho de Arouca, posição conquistada por via da sua localização – muito próxima dos concelhos vizinhos, mais desenvolvidos, e apetecível por ter terrenos em quantidade, dimensão e preço muito competitivos – e do espírito empreendedor dos seus habitantes, uma demonstração pública de hipocrisia e insulto à inteligência dos arouquenses: a inauguração da via rápida Pigeiros-Escariz. Como disse acima, Escariz é uma freguesia muito bem localizada e, ao contrário da maior parte do concelho de Arouca, não vê o seu desenvolvimento prejudicado pela distância e dificuldade de acesso aos grandes centros urbanos do litoral.
No entanto, os sucessivos governos (dos dois partidos do “arco da governação”) decidiram que o centro do concelho de Arouca não merece ter acessibilidades dignas. Aqueles que, por decisão política, definiram outras prioridades e optaram por não fazer esta obra no passado, quando teria certamente beneficiado de financiamento europeu, choram agora lágrimas de crocodilo e invocam a impossibilidade de acesso a fundos comunitários para a rodovia porque as prioridades de Bruxelas são agora outras. E, para corolário do insulto continuado ao povo de Arouca, decidiram fazer uma via rápida para ligar às grandes vias do litoral a freguesia que menos sofre com a falta de acesso a essas vias.
Estará certamente presente o ministro que há poucos meses decidiu, sozinho, a localização de dois aeroportos para servir a capital e que todos os anos “enterra” 900 milhões de euros numa companhia aérea deficitária que agora vai vender com prejuízo, mas que, com muita pena sua, não pode decidir a materialização de uma promessa que o seu partido repetiu durante dezenas de anos, sempre que vinha a Arouca (sim Pedro Nuno, já te vi em Arouca a vender essa promessa) em campanha. Estará também presente a inefável presidente do município, sempre ávida de atenção mediática e na busca da “selfie” perfeita com as individualidades de Lisboa. Irá humildemente agradecer pela obra, apesar de não ser aquilo que Arouca precisa. É melhor este pequeno insulto de fazer a parte que menos falta faz do que não fazer nada. Até porque, neste caso não haveria cerimónia de inauguração, nem individualidades de Lisboa, nem umas notas de rodapé na imprensa nacional. Celebremos, portanto, a variante às prestações.
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