Vasco Seabra: “Eu gosto pouco de desonestidade intelectual”

Treinador do FC Arouca mostrou-se bastante irónico, em jeito de resposta ao técnico adversário e também à decisão do lance do 2-2

No final da receção ao Gil Vicente, o último encontro do ano civil de 2025, Vasco Seabra mostrou-se bastante irónico, em jeito de resposta ao treinador adversário, César Peixoto, bem como à decisão do lance do 2-2. Isto, claro está, sem descurar de uma análise tática, onde explicou o que pretendeu explorar, em que os dois lances dos dois golos arouquenses foram um perfeito exemplo disso.

Estas foram as questões colocadas ao técnico:

  • Análise ao jogo, com foco na vertente tática

“Acho que foi um bom jogo. Onde nós tivemos a infelicidade de entrar com um lance atípico. E às vezes as análises são feitas com base em coisinhas que não… pronto, foi um erro não provocado. A bola acabou por saltar, o Pedro fez um passo atrasado e depois o adversário acha que entrou muito forte no jogo. E não teve nada a ver com o adversário, por isso, é falar para inglês ver. Eu gosto pouco de análises pouco serenas e pouco frias e concisas daquilo que realmente acontece.

E penso que entraram duas equipas bem no jogo, onde nós desmontamos por completo o Gil Vicente no nosso lance do primeiro golo. Atraímos a um corredor, mudamos de corredor, espaço lateral central que exploramos, cruzamento atrasado, superioridade numérica na área, portanto, tudo treinado durante uma semana inteira. Valorizar os meus jogadores, porque fizeram um primeiro golo extraordinário, tendo desmontado uma equipa que sofre poucos golos e não teve condições para conseguir pressionar-nos e foi desmontada dessa forma.

Depois, o segundo golo, mais uma vez também, muito boa combinação de corredor e mais uma vez a exploração de espaço lateral central, reforçando aquilo que nós tínhamos preparado também para o jogo. Dois golos, mérito dos dois golos, 100% eficácia nas duas oportunidades que tivemos, mas que advém de trabalho coletivo, de muito trabalho dos nossos jogadores, que não foi ganho nos duelos, foi ganho na posse, na qualidade e na capacidade para desmontar.

A seguir, o Gil Vicente começa a ter um pouco mais a bola concedida por nós, sem criar oportunidades de golo, a não ser que lances bola parada. Portanto, não me lembro sequer do Gil Vicente ter criado oportunidades na primeira parte sem ser de bola parada, que mandou à trave, e fez o golo também de canto, portanto, demérito nosso porque não atacámos a bola tão forte e tão agressivo quanto desejávamos. E o Gil Vicente tentou construir, sendo que dificilmente ligou no nº 6, que é sempre uma intenção que tem, não conseguiu ligar, portanto, a nossa organização defensiva estava competente.

Meteu o Andrew mais alto para conseguir alongar mais a bola e jogar a partir de segunda bola. E, portanto, creio que foi um jogo dividido, muito competitivo. Penso que era justo o intervalo da nossa diferença de golos.”

  • Análise ao segundo tempo

“Entramos com o lance, lançamento, aquele lance, que acho que é visível, e depois o Gil Vicente tentou, sem criar grandes danos, ou seja, nós estávamos com alguma dificuldade de construção em primeira fase de construção, porque estávamos, o Gil Vicente, bem a pressionar-nos alto, forte. Nós estávamos com alguma dificuldade em sair em primeira fase, portanto, nós só estávamos a conseguir jogar a partir de bola mais longa e depois a seguir a partir de segunda fase, ou seja, mesmo perto da nossa baliza estávamos com mais dificuldades. Um bocadinho mais alto nós aí já conseguíamos encontrar espaço, e nesses momentos sim.

Na segunda parte fomos menos capazes de desmontar em termos de pressão, fomos mais competitivos no jogo do que tivemos capacidade para ter a bola. No entanto, também penso que a bola do Gil foi uma bola concedida por nós, normalmente bem controlado o espaço em corredor. O Gil Vicente sempre à procura das mesmas coisas, da rotura dos interiores. Eventualmente o Luís Esteves a vir buscar, porque não conseguiam sair a partir de trás com os dois centrais e o seis só. Portanto, creio que na segunda parte foi um jogo muito equilibrado, competitivo. O Gil Vicente com um ascendente na bola, nós com o controlo do jogo, e acabamos por sofrer golos apenas de bolas paradas, e nós com golos marcados de construção.”

  • Uma nova análise global ao jogo

“Eu gosto pouco de desonestidade intelectual. Gosto que não me atirem a areia para os olhos. Eu acho que o resultado foi justo, porque o Gil, de bola parada, criou-nos problemas, e nós, de jogo construído, criamos problemas e fizemos golos também. Portanto, eu creio que no computo geral foi um jogo bem jogado, competitivo, não tão construído, aquele jogo espetacular, mas teve emoção, teve competição até ao final.

Penso que é um resultado justo, em que nós ficamos tristes porque queríamos levar três pontos, mas que no global do jogo, creio que é um ponto que acaba por ser merecido no final das contas. Fazemos o terceiro jogo consecutivo sem perder, vínhamos de uma fase dura. A equipa demonstra sinais de crescimento claros, agressividade, competitividade, portanto, dá-nos a confiança daquilo que estamos a construir.”

Simão Duarte

Foto: Simão Duarte

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Simão Duarte
Discurso Direto
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