Ao contrário da época passada, os três grandes têm sido pedra no sapato do FC Arouca

Uma análise ao momento dos Lobos de Arouca, com foco especial nos jogos com os três grandes

Com oito jornadas pela frente até ao final da 1ª volta da Liga Portugal (e uma eliminatória da Taça de Portugal em breve), neste momento, à 9ª jornada, o FC Arouca já defrontou todos os três grandes. Contudo, ao contrário da temporada anterior (24/25), estes têm sido uma pedra no sapato dos arouquenses.

Na época passada, Vasco Seabra roubou pontos ao Sporting e ao Benfica, empatando a duas bolas nos dois jogos, ambos disputados na casa dos adversários, e mexendo na luta destes pelo título. Foi apenas com o Porto que Vasco Seabra perdeu, por 0-2. Nos dois primeiros jogos, o que se destacou foi a capacidade e a ousadia dos arouquenses encararem os adversários olhos nos olhos, pressionando alto, como é hábito da ideia de jogos dos Lobos de Arouca, e tendo, como principal objetivo, ter a bola em sua posse, conduzi-la até à baliza adversária e fazer golos.

No papel e em certos momentos, vai-se vendo isso mesmo nos três jogos desta temporada, contudo, em todos, existiram momentos que levaram à queda nesses jogos. Contra o Sporting, a expulsão de Dylan Nandín ao minuto 30 e o 2-0 explicam, em grande parte (isto, claro está, aliado à inspiração ofensiva dos leoninos), o 6-0 final. Frente ao Porto, mais uma vez, a qualidade de jogo adversária aliou-se a falhas defensivas que ocorreram, por exemplo, no 0-1 e, após a expulsão de Martim Fernandes, os dragões conseguiram ficar ainda mais confortáveis dentro de campo. Por fim, frente ao Benfica, os dois penáltis nos primeiros 21 minutos de jogo, aliados ao momento do 3-0 de Otamendi antes do intervalo, deitaram por terra as ambições arouquenses.

Pode parecer tarefa difícil, para alguns, aceitar as palavras de Vasco Seabra após o jogo, especialmente a frase “O Benfica não teve um amasso para vencer por 5-0”, mas o técnico está, objetivamente, certo. É certo que Tomás Araújo, Prestianni (o jovem argentino que nunca jogava) e Pavlidis fizeram um jogaço, e que a equipa do Benfica, globalmente, esteve melhor do que é habitual esta época, mas vejamos: no momento do 2-0, o Benfica só tinha feito 2 remates, coincidentemente os das duas grandes penalidades. Para além disso, globalmente, o Benfica fez 17 remates, dos quais apenas 8 foram à baliza. Se tirarmos os três penáltis, o Benfica só conseguiu efetuar 5 remates na direção da baliza, um dado muito inferior perante a superioridade que se deduz ao olhar para o resultado.

Em suma, é seguro dizer-se que o Benfica fez uma boa exibição, mas que não passa muito para além disso. Não foi dominante, não foi tremendamente superior e não criou demasiadas oportunidades, nem em quantidade, nem em qualidade, que justifiquem um resultado como o que se sucedeu. A diferença evidente entre as duas equipas (inclusive entre os dois clubes), sendo um enorme e o outro mais modesto, obriga a que os encarnados tenham, à priori, mais argumentos que os arouquenses. E, de certa maneira, também ficou provado que ao mínimo momento em que a qualidade sobressai, no jogar de uma equipa dita grande, a equipa mais modesta passará sempre muitas dificuldades.

Até certo ponto, também os resultados anteriores são enganadores

A melhor forma de saber se uma equipa está a jogar bem ou mal não é através do levantamento estatístico, mas sim numa conjugação entre ver o jogo, entendê-lo e contextualiza-lo. Olhando para os resultados desde o arranque da temporada, e tendo em mente as exibições nos mesmos, a tarefa do plantel e da equipa técnica do FC Arouca é ainda mais difícil, porque vivem constantemente numa alternância entre a euforia dos bons resultados com a tristeza dos menos bons.

Algo que certamente dificulta a vida na luta por um bom jogar, pela estabilidade de resultados e pelo 1º jogo em que os Lobos de Arouca não sofram um golo (volvidas 9 jornadas da Liga, e com um jogo da Taça pelo meio, os arouquenses continuam a ter o registo de sofrer golos em todos os jogos). No momento de publicação desta notícia, o FCA volta a ter a pior defesa do campeonato, com 24 golos sofridos, um dado que, analisado friamente, pode indiciar que a defensiva arouquense não está tão sólida como outrora, mas, ainda assim, são números que só se explicam devidamente com o contexto aqui dado. Mais ainda porque, desses 24 golos, 15 deles (62,5%) foram sofridos nos três jogos contra Sporting, Porto e Benfica e nas condições que já apontamos. Esta situação não isenta totalmente a equipa de também ter as suas culpas no cartório, mas é certo que, nestas condições que referimos acima, a sua tarefa estará sempre mais complicada.

Desengane-se quem pense que, até ao final da 1ª volta da Liga, os jogos serão acessíveis. Para além de existir um duelo com o Braga (12ª jornada), destacam-se ainda os duelos frente a Gil Vicente e Moreirense, que ocupam, respetivamente, o 4º e o 6º lugar, como os mais exigentes. Esse duelo com os cónegos é o próximo: pelas 18h00 de domingo, o FCA irá receber uma equipa que perdeu os últimos três jogos, porém com bastantes argumentos para causar calafrios aos adversários (exemplo disso foi o último jogo, frente ao Porto, em que os dragões só conseguiram marcar de bola parada, sentiram dificuldades na bola corrida e só garantiram o triunfo na reta final do encontro).

Texto: Simão Duarte

Foto: Pedro Fontes – FCA

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Simão Duarte
Discurso Direto
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