“Arouca carece de um presidente próximo” – Vítor Carvalho em entrevista ao canal Conta Lá

O canal Conta Lá continua a promover, por todo o país, debates autárquicos com os partidos representados na respetiva Assembleia Municipal. Em Arouca, contudo, o debate não chegou a realizar-se: dos candidatos convidados, apenas Vítor Carvalho, que encabeça a coligação Primeiro Arouca (PSD, CDS-PP, PPM e IL), marcou presença. Face à ausência da atual presidente e recandidata Margarida Belém, pelo Partido Socialista, a iniciativa acabou por assumir o formato de entrevista, transmitida na passada segunda-feira.

Durante cerca de 15 minutos, Vítor Carvalho apresentou as suas ideias e prioridades para o concelho. Começou por apontar que “Arouca carece de proximidade, de um presidente próximo e conhecedor que saiba ouvir as pessoas”, criticando o que considera ser um “paradigma de redes sociais e show-off” da atual presidência autárquica.

Mobilidade e fixação de população

Entre os principais temas abordados destacou-se a mobilidade, com o candidato a reforçar o compromisso de concluir a terceira fase da via estruturante. “Deixo já de antemão o compromisso que vamos materializar, responder e dar aos arouquenses essa boa notícia no próximo mandato”, afirmou.

A questão da fixação de população foi outro dos pontos centrais da entrevista. Vítor Carvalho reconheceu que é “muito difícil” comprar casa em Arouca a preços acessíveis, mas acredita que existem caminhos a explorar para inverter essa situação. “Em primeiro lugar, o mundo rural tem habitação que precisa de ser reabilitada. Nós temos projetos que defendemos, nomeadamente os nómadas digitais, que se nós lhes dermos a conectividade, não a infraestrutura física, mas a infraestrutura tecnológica de comunicação, é possível habitar essas aldeias”.

“Os arouquenses têm uma paixão por Arouca, todos os arouquenses, todos os jovens adoram Arouca. E mesmo os de fora são apaixonados por Arouca. Depois, com todas as vicissitudes e todas as dificuldades, é importante trabalhar para que eles se fixem”, acrescentou.

A diáspora é também, no seu entender, parte da solução. “Neste neste projeto que tenho vivenciado, consegui trazer recentemente cerca de 30 pessoas que eram emigrantes e que regressaram à terra natal já com uma vida económica mais estável, mas que continuam a trabalhar e estão disponíveis para investir e para abraçar este projeto”, revelou.

Floresta

A entrevista passou pela questão da prevenção de incêndios, onde o candidato apontou várias medidas, nomeadamente o regresso dos guardas-florestais e dos guarda-rios. “Ainda recentemente entrevistei o último guarda-rios que, de certa forma, demonstrou como é possível fazer, o respeito que as pessoas tinham nas aldeias, no mundo rural por essas autoridades. Nós tínhamos respeito, nós não colocávamos nada nos rios, não poluíamos. A comunidade estava sensibilizada para isso”, recordou. Segundo Vítor Carvalho, “os guardas-florestais tinham uma presença, porque efetivamente eram pessoas apaixonadas e que ajudavam, educavam também pelo respeito pela floresta”.

Nesta mesma linha, lembrou os problemas que têm constantemente afetado os Passadiços do Paiva: “É impensável que tenham ardido cinco vezes desde que foram criados. Eu penso que ninguém, em sua casa, não tomaria medidas se ela ardesse cinco vezes.”

Projetos de futuro e turismo

No plano económico e turístico, Vítor Carvalho destacou a necessidade de outro um modelo de turismo. Embora reconheça a importância do turismo de massas, defende que este “tem de ser cada vez mais controlado”, referindo a necessidade de “olhar para determinados segmentos e de turistas que tragam valor acrescentado”.

Como exemplo, destacou o investimento, por um “empresário que adora Arouca”, de “quase 15 milhões de euros num centro hípico de alto rendimento, se calhar dos melhores da Europa e que vai potenciar o segmento de turistas com outro rendimento, com outra capacidade”.

O cabeça de lista da coligação Primeiro Arouca indicou ainda o potencial dos recursos naturais: “Temos um dos rios mais limpos da Europa, que é fundamental e é bem equipado para a prática do rafting e do canyoning que trazem milhares de pessoas, pessoas que trabalham em empresas de renome, pessoas que vêm numa perspetiva de animação e nós o que temos para lhes dar é, se eles se quiserem trocar, uma mina que está lá. Francamente, isso é muito mau”, referiu.

Lamentou que “há muito tempo seja prometido um projeto que sirva de suporte a estas atividades de desporto-aventura, mas que não passa de intenções”.

Por fim, referiu a importância da valorização do património mineiro, nomeadamente os complexos de Regoufe e Rio de Frades, “fantásticos”, mas que “foram delapidados com o tempo”. “Vou trabalhar para que sejam materializados como centros museológicos e estarei cá para mostrar aos arouquenses que sou capaz”, concluiu.

Foto: Arquivo/Carlos Pinho

sobre o autor
Sofia Brandão
Discurso Direto
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