O auditório municipal de Cinfães foi pequeno para acolher as dezenas de militantes, simpatizantes e cidadãos que, no passado dia 5 de julho, marcaram presença na sessão de apresentação de Bruno Rocha como candidato à presidência da Câmara Municipal de Cinfães, numa candidatura suportada pela coligação PSD/CDS. A cerimónia, repleta de momentos simbólicos, discursos incisivos e apelos à mobilização, reforçou a ideia de que o candidato social-democrata pretende afirmar uma nova visão para o concelho, assente em compromisso, proximidade e mudança.
O evento arrancou com as palavras do apresentador, que enquadrou a sessão como um momento de viragem para Cinfães, sublinhando os cinco pilares em que assenta a candidatura: experiência, juventude, responsabilidade, confiança e visão. “O futuro faz-se com a força de quem acredita nele, e essa força está também na juventude”, afirmou, antes de chamar ao palco Diogo Carvalho, presidente da JSD de Cinfães.
Diogo Carvalho protagonizou um dos discursos mais marcantes da tarde, com duras críticas ao atual executivo socialista e uma mensagem dirigida sobretudo às novas gerações. “Durante anos, demasiados anos, vimos o nosso concelho ser deixado para trás. Falam de progresso, mas o que vemos é estagnação. Falam da juventude, mas esquecem-se dos jovens”, acusou. O jovem dirigente apelou à rejeição do conformismo, classificando Bruno Rocha como “o rosto da esperança” e a JSD como a linha da frente de uma mudança necessária. “Cinfães precisa de virar a página e de deixar de figurar apenas nos indicadores em que ninguém quer aparecer”, atirou, desafiando os jovens a envolverem-se politicamente para construir um concelho com oportunidades, ambição e futuro.
Seguiu-se a intervenção de Paula Rocha, presidente da Concelhia do CDS de Cinfães, que enalteceu a união da coligação e a importância do projeto comum. Descreveu Bruno Rocha como alguém profundamente enraizado no território: “Aqui nasceu, cresceu, construiu família e aqui aprendeu o verdadeiro valor da comunidade.” No seu discurso, Paula Rocha deixou um conjunto de pedidos e prioridades: modernização da administração municipal, investimento em saúde, educação e apoio às famílias, melhor acessibilidade e valorização do património, dos agricultores e empresários locais. “Esta candidatura não promete milagres, mas compromete-se com trabalho, seriedade e escuta ativa”, garantiu, reforçando que o projeto não é contra ninguém, mas sim por Cinfães.
O palco foi depois entregue a Manuel Pinheiro, membro da Comissão de Honra e histórico autarca local. Com um discurso enérgico, carregado de experiência e de crítica contundente à gestão socialista, afirmou que “Cinfães está a passo de caracol” em comparação com concelhos vizinhos como Baião, Resende ou Castelo de Paiva. “Ao fim de quase 30 anos, foram 700 a 800 milhões de euros recebidos pela Câmara. Onde estão as obras?”, questionou. Manuel Pinheiro alertou ainda para o risco da abstenção e para o peso dos indecisos no resultado eleitoral, apelando a uma mobilização total. “A vitória está ao nosso alcance, mas é preciso conquistar cada voto. Não podemos dar nada por garantido”, frisou. Num dos momentos mais emotivos do seu discurso, homenageou o falecido Eurico Prata, lembrando o seu legado e convicções.
O momento de homenagem a Eurico Prata, falecido a 3 de maio deste ano, teve continuidade logo após a intervenção de Pinheiro. Descrito como “uma das figuras mais marcantes de Cinfães”, destacou-se no associativismo, na presidência da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários e como vereador do PSD. Foi também uma figura central da estrutura local do partido, onde deixou marca pela sua frontalidade e dedicação. “Nunca procurou protagonismo. Procurava servir”, recordou o apresentador. A sua memória foi evocada por todos com um forte aplauso e, simbolicamente, Bruno Rocha entregou um ramo de flores à família, num gesto de respeito e gratidão.
A intervenção do Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, foi uma das mais detalhadas e ambiciosas do evento. O membro do Governo destacou o trabalho autárquico do PSD em todo o país e reforçou a importância de alinhar os municípios com a estratégia nacional da Aliança Democrática. “As políticas de proximidade só funcionam se houver sintonia entre o Governo e os autarcas”, afirmou.
O governante sublinhou os investimentos em curso e os projetos que pretende implementar para garantir justiça territorial, apontando como exemplo a ligação de Cinfães à A42 e a requalificação da N222. “A água, a energia, as estradas, os caminhos de ferro — tudo isso são alicerces para fixar população e atrair investimento. Cinfães tem de sair da periferia do desenvolvimento.” E não poupou críticas ao passado recente: “Os socialistas proclamavam, mas não faziam. Nós proclamamos e fazemos.” Fez ainda referência ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), garantindo que os investimentos serão executados no prazo previsto. “Este Governo está a cumprir e vai continuar a cumprir. Queremos que Cinfães seja parte dessa mudança.”
Seguiu-se a projeção de um vídeo de apresentação da candidatura, no qual Bruno Rocha reiterou a recusa de promessas vazias, defendendo soluções concretas e estruturadas para o concelho. “Não venho apontar o dedo. Venho apresentar soluções”, afirmava o candidato, com propostas dirigidas à mobilidade, habitação, saúde, educação, turismo, desporto e apoio social. A mensagem central foi clara: “Cinfães precisa de um novo rumo. E esse caminho começa agora.”
No discurso final da tarde, Bruno Rocha subiu ao palco sob fortes aplausos, apresentando-se como um candidato movido não por ambição pessoal, mas pelo “desejo de cumprir o sonho de gerações”. Num tom simultaneamente combativo e determinado, começou por apontar o desconforto sentido no auditório devido ao calor como um exemplo simbólico da falta de investimento em condições básicas, prometendo “climatização condigna” nos espaços públicos já no próximo mandato.
Ao longo de cerca de 45 minutos, Bruno Rocha percorreu as principais áreas que integram a sua proposta política. Na habitação, prometeu rever o Plano Diretor Municipal, lançar programas de reabilitação de imóveis devolutos e desburocratizar os serviços camarários. Na educação, denunciou a degradação das escolas, a falta de transportes escolares adequados e o “abandono da Escola de Hotelaria e Turismo de Cinfães”, que acusa o PS de ter reduzido a uma turma.
Na área da saúde, defendeu a criação de uma unidade móvel de cuidados e a implementação de seguros para bombeiros voluntários. Já no desporto, acusou a atual gestão de construir campos sem as medidas mínimas e propôs a construção de piscinas olímpicas ou semiolímpicas, com uma aposta no mérito desportivo. E na economia, apontou diretamente ao adversário socialista: “Como pode alguém liderar o pelouro da economia sem ter qualquer experiência no setor? As zonas industriais continuam vazias. As empresas que vêm, vão-se embora sem deixar nada.”
Dirigindo-se ao Ministro presente na sala, Bruno Rocha reivindicou ainda a conclusão do IC35, a requalificação da EN225 em Nespereira e a continuação da variante da N222 até à sede do concelho. “Pior do que não fazer é nem sequer pedir. Como queremos que as obras avancem se nem pedidos formais são feitos?”, questionou.
Terminou com uma mensagem clara de compromisso e esperança: “Não estou aqui por um sonho pessoal. Estou aqui porque acredito que Cinfães pode ser um lugar bom para viver e para sonhar. O momento é agora.” O evento terminou com todos de pé enquanto tocava o Hino Nacional, num ambiente carregado de emoção, convicção e promessa de mudança.
Texto: Pedro Gonçalves
Foto: Pedro Gonçalves
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