Arouca em ano de escolhas

No passado dia 24 de maio de 2025, teve lugar na Biblioteca D. Domingos de Pinho Brandão a apresentação do livro “50 anos do PPD/PSD em Arouca. Uma história de compromissos”, da autoria de Óscar Brandão. Trata-se de uma obra que recorda os primórdios do partido no concelho, a sua implantação e a forma como, ao longo de cinco décadas, o PPD/PSD interveio — direta e indiretamente — na vida política e social dos arouquenses.

É um registo histórico que sublinha o papel estruturante do partido em Arouca, um concelho de tradição social-democrata, que liderou os destinos autárquicos até 1993 e que, nas eleições nacionais, tem mantido um apoio consistente ao PSD. A recente vitória da AD – Coligação PSD/CDS-PP nas legislativas de 18 de maio, com 53,51% dos votos em Arouca — um dos dez melhores resultados a nível nacional — reforça essa ligação histórica.

A sala cheia não se deveu apenas à evocação do passado — brilhantemente retratada pelo autor, Óscar Brandão, que volta a dar um contributo cívico e político de grande qualidade ao concelho. Reflete também o momento político que o partido atravessa em Arouca. Com eleições autárquicas marcadas para o último trimestre do ano, os bons resultados nas legislativas e a disponibilidade de Vítor Carvalho para se recandidatar à presidência da Câmara Municipal criam um ambiente de confiança e expectativa no seio do partido. Recorde-se que, em 2021, a coligação “Agora os Arouquenses” (PSD, CDS, PPM, IL) alcançou 41,27% dos votos, reduzindo a diferença face ao PS para 1.255 votos e recuperando a presidência da Assembleia Municipal.

Do lado socialista, o desgaste é evidente. Margarida Belém perdeu 1.239 votos entre 2017 e 2021 e carrega agora o peso político de uma condenação judicial em primeira instância por falsificação de documento, confirmada pelo Tribunal da Relação do Porto, com pena suspensa. Ao mesmo tempo, Pedro Nuno Santos — até há pouco secretário- geral do PS e figura de proximidade à estrutura local — demitiu-se após o desaire eleitoral do partido. Paradoxalmente, essa saída poderá ter aberto caminho à recandidatura de Margarida Belém, caso o novo líder venha a relativizar os critérios éticos que o anterior secretário-geral tinha imposto.

A apresentação do livro pode assim ser lida como uma afirmação política do PSD em Arouca. O Ministro Manuel Castro Almeida, convidado de honra e responsável pela apresentação da obra, reafirmou o compromisso do atual Governo com o concelho, recordando a inscrição de 28 milhões de euros no Orçamento do Estado para a terceira fase da Variante Arouca–Feira, aprovada ainda pelo XXIV Governo Constitucional.

Neste contexto, importa recordar as declarações de Margarida Belém que aludi no meu último artigo, quando afirmou que não seria com este Governo que as máquinas iriam para o terreno. Se há facto inegável — e confirmado na expressiva votação alcançada pela AD — é que os arouquenses querem que seja com esta coligação, com esta liderança nacional e com este Primeiro-Ministro que a obra avance. Se será também com Margarida Belém à frente da Câmara Municipal, isso ficará também nas mãos dos arouquenses que se vão manifestar através do voto nas eleições autárquicas que se aproximam.

Opinião de Artur Miller

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