Nos últimos segundos do encontro entre o FC Arouca e a ADRE Palhaça, onde já nada podia afastar a equipa de futsal arouquense da subida e do título, jogadores e equipa técnica festejaram efusivamente o regresso ao Campeonato Grande Hotel do Luso.
Pelo meio dos festejos, o nosso jornal esteve à conversa com o fixo e capitão Paulo Cerqueira, que é também o vice-presidente do FCA.
Estas foram as questões colocadas ao mesmo:
“No fundo, é repor aquilo que eu acho que era nosso por direito, estar no Campeonato Grande Hotel do Luso. O ano passado descemos porque desceu uma equipa do Nacional e fomos arrastados por causa dos quadros competitivos. Nós temos 32 pontos, este ano olhamos para o Campeonato e houve equipas a manter-se com 26/28 pontos. Ou seja, num campeonato de 16 equipas, 32 pontos, com 24 jornadas, é quase inédito uma equipa descer assim.
Para nós, foi regressar ao local que achamos que pertencemos. Depois, pensar mais do que isso, tem de ser uma coisa com calma, bem pensada. O Campeonato Grande Hotel do Luso acho que é onde pertencemos e devemos estar.
Ao longo deste tempo todo, sempre fizemos boas campanhas desde a criação e o ano passado as coisas foram um bocadinho difíceis. O que é certo é que agora regressamos, era isso que queríamos. Houve muita malta que ficou aqui, quis ficar, porque, tal como eu senti, eles também sentiram o mesmo, que o nosso lugar era na I Divisão.
“Essa questão é um bocadinho ingrata, porque a nossa formação, a nível de futsal, quer queiramos quer não, em Arouca não existe. Isso é muito difícil para nós também passarmos o gosto para quem está de fora e vem cá ver. Se pensarmos assim de uma forma fria, quem tem equipas de formação, acaba por ter uma maior moldura humana à volta. Aqui, lidamos um pouco com essa dificuldade.
Para já, porque geograficamente estamos localizados e um bocadinho limitados àqueles que são os atletas de Arouca, porque o concelho é grande, a nível de densidade territorial, e às vezes dificulta a vinda das pessoas. E todos nós sabemos que o futebol é rei, toda a gente sonha que vai nascer o próximo Cristiano Ronaldo, e às vezes esquecem-se desta modalidade. Eu próprio fiz a formação no futebol, comecei no futsal quando fui para a universidade
Os bons resultados também ajudam a chamar pessoas e esta subida vai chamar à atenção de muita gente que existe uma secção do FC Arouca e que está a fazer um bom trabalho. Já esteve numa 2ª Nacional, na altura desceu por um golo. As pessoas não têm muito bem noção do que é estar numa 2ª Divisão Nacional, é muito difícil, um nível já muito elevado. É uma modalidade que, neste momento, é a segunda com mais praticantes no país.
Ou seja, as pessoas vão começando a olhar um bocadinho. Também são precisos jogos destes, de incerteza, que tragam pessoas. A nossa responsabilidade, enquanto jogadores, é trazer estes jogos para cá, as decisões para o nosso pavilhão, para chamar mais pessoas.”
“Ver-me nos pavilhões vão ver de certeza absoluta, isso é certo. Sinceramente, é uma coisa… eu já transmiti ao mister que não sabia, são muitos anos, a idade começa a pesar e vai depender muito do meu estado e dos meses de paragem. São muitos anos, é muito tempo que perdemos. Perdemos não, ganhamos, porque conhecemos aqui pessoas fantásticas. Tudo tem de ter um princípio e um fim.
Ano passado ponderei muito, mas não queria sair com uma descida. Este ano tenho de pensar, parar um bocadinho, pôr o coração de lado, pensar um bocadinho com a cabeça e tomar a melhor decisão.”
Texto: Simão Duarte
Foto: Sofia Brandão
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