Nos últimos segundos do encontro entre o FC Arouca e a ADRE Palhaça, onde já nada podia afastar a equipa de futsal arouquense da subida e do título, jogadores e equipa técnica festejaram efusivamente o regresso ao Campeonato Grande Hotel do Luso.
Pelo meio dos festejos, o nosso jornal esteve à conversa com o técnico Paulo Santos, o 3º treinador do FCA esta temporada. Apesar da entrevista ter sido interrompida momentaneamente pelos jogadores (que pegaram no técnico e lançaram-no ao ar repetidamente), o técnico de 41 anos de idade salientou o espírito de sacrifício da equipa e apontou que é praticamente certo que se mantenha no comando técnico da equipa arouquense.
Estas foram as questões colocadas ao mesmo:
“Para mim, é um bocadinho indescritível. Sou o terceiro treinador da época, eu cheguei já com o comboio em andamento, mas o objetivo era claro. O clube queria subir, era o mais importante para nós, depois do ano passado ter corrido menos bem.
Eu penso que fomos trabalhando muito ao longo da época e a sorte que eu tive, quando cheguei aqui, foi que o grupo me aceitou bem. Era importante, porque houve uma alteração grande em jogadores, três treinadores, muitas entradas em janeiro. Mais do que tudo, o grupo estava meio perdido mentalmente, vários semigrupos e alguma desconfiança, porque as coisas não começaram a correr bem na fase final. Foi isso que mudou, a parte mental, o chip mental, foi falar com eles e fazê-los acreditar neles. Em termos táticos, não mudamos grande coisa.
Eles conseguiram levar esse caminho, perceber o que nós queríamos e acabamos por ser felizes e, justamente, conquistar o título, que era o mais importante.”
“É uma realidade completamente diferente do futebol, não estamos a falar de profissionalismo, por isso é que dou muito valor. As pessoas, por vezes, não têm a noção do sacrifício que nós e estes homens fazem durante o ano. Eu falo por mim, que sou do Porto, ou seja, trabalho, depois tenho uma hora de viagem, o treino, outra hora de viagem e, às vezes, não é fácil.
A coisa mais importante que temos aqui é que a nossa família é a coisa mais importante. Neste momento, sou muito feliz por ter aqui a minha família quase toda e acho que é isso que estes moços devem fazer e pensar.
Eu tenho pena, sinceramente, que Arouca não siga mais de perto o futsal, acho que nós merecíamos ter mais gente, seria bom para a terra estarmos todos juntos, mais próximos uns dos outros. Pode ser que, com esta vitória, este título, as pessoas se aproximem mais.
É uma modalidade incrível, provoca sensações incríveis e nós vimos hoje. O jogo mudou no 5 para 4, isto é um jogo completamente diferente do futebol e acho que as pessoas fogem um bocadinho porque não têm muita noção. A espetacularidade do futsal, para mim, é única no mundo. É o único jogo em que uma equipa pode ser superior 38 minutos e, nos últimos dois, no 5 para 4, perder o jogo.
O meu voto é que as pessoas comecem a acompanhar mais de perto o Arouca e de certeza absoluta que esta rapaziada vai trabalhar muito para dar alegrias.
“Isso é uma pergunta difícil. Deixe-me só, antes de lhe responder, dizer uma coisa. Eu quando vim para Arouca, digo-lhe sinceramente, a primeira viagem que fiz, pensei: eu sou maluco! Como é que eu vim para longe de casa, sacrificar-me tanto para vir para aqui?
Mas depois de tudo o que passamos aqui dentro, depois da primeira e da segunda semana e de ver as pessoas de Arouca, que são mesmo de cá, Direção, a sra. do pavilhão, a dona Isabel. Toda a gente que está à volta da equipa, a simplicidade, fez-me acreditar que tomei a opção mais correta que fiz até hoje na vida. O título é a cereja no topo do bolo.
Quanto à continuidade, está praticamente acertada. Irei continuar cá, porque foi sempre o que disse à Direção. Só fazia sentido se nós subíssemos. Houve uma coisa que lhes disse sempre, que não iria desculpar um falhanço com ter chegado a meio. Eu disse-lhes: sei qual é a missão, sei o que querem e é por isso que estou aqui. Se nós falhássemos, não fazia sentido. Se nós subíssemos, se fossemos campeões, a primeira palavra é para o Arouca. Por isso, muito possivelmente, irei continuar cá.”
Texto: Simão Duarte
Foto: Sofia Brandão
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