Desde o passado dia 7 de março que o Museu Municipal de Arouca conta com a exposição temporária “Estórias e Memórias do Ensino em Arouca”, que surgiu através dos episódios do podcast “Naquele Tempo”, uma iniciativa dos alunos Alexandre Tavares e Vítor Gomes, no âmbito das Provas de Aptidão Profissionais do Curso Profissional de Técnico de Multimédia do Agrupamento de Escolas de Arouca, em parceria com o projeto “Idade Maior”, do Município.
A exposição começa por nos dar um contexto histórico dos primórdios da instrução pública, os quais remontam ao século XVIII (18), nomeadamente à Reforma do Marquês de Pombal, em 1772, com a qual “o ensino passa a ser responsabilidade da Coroa Portuguesa”. Cinco anos depois (1777), na reta final do Governo Pombalino, existiam 24 escolas no país, com outras tantas a serem erguidas pontualmente. Certo é que, à data, a rede de escolas estava centralizada quase totalmente em Lisboa. Um paradigma que se foi alterando ao longo do tempo, para o qual a implementação dos ideais liberais de 1835 foi fundamental (na medida em que foi decretado, por exemplo, que a “Instrução Primária” seria gratuita para todos os cidadãos). A I República, de 1910 a 1926, foi um passo de gigante, pois contou com inúmeras diretrizes que procuraram combater os elevadíssimos níveis de analfabetismo.
Foi também dada especial atenção à instrução pública feminina que, naqueles tempos, era vista com desagrado, até porque existia um provérbio do povo que dizia “Burra que faça him e mulher que saiba latim não a quero para mim”. “A conquista do direito à instrução por parte das mulheres foi um processo moroso, e conseguido este reconhecimento, impuseram-se outras lutas, nomeadamente pela uniformização dos currículos feminino e masculino e pelo acesso a carreiras que lhe estavam vedadas”, pode ler-se numa das partes da exposição.
A exposição conta também com vários artigos relacionados com a temática, nomeadamente a secretária de um professor, duas mesas onde os alunos se sentavam, roupas e materiais usados nas aulas, como, por exemplo, papel mata-borrão, lousas, utensílios de escritas, os livros usados nas aulas, entre outros.
São também destacadas cinco professoras arouquenses, as quais participaram no podcast acima referidos. Falamos de Maria do Céu da Silva Brandão, Maria Fernandes de Almeida, Marília Fernandes, Augusta Maria dos Santos Martins e Custódia Lurdes Duarte do Aido Oliveira. Cada uma partilhou estórias e memórias do período em que foram professoras, cada uma em locais diferentes do concelho. Para conhecer ao pormenor esses ricos testemunhos, pode deslocar-se ao Museu Municipal (terça-feira a domingo: 09h30 – 12h30; 14h00 – 18h00), onde a exposição, que tem entrada livre, estará presente até ao próximo dia 18 de maio.
Texto: Simão Duarte
Fotos: Carlos Pinho
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