As palavras do treinador do Paivense após o jogo com o Mansores

No final do SC Paivense 1-0 UD Mansores, partida em que o Discurso Direto marcou presença, falamos com ambos os treinadores, António Correia do SC Paivense e André Teixeira da UD Mansores.

Estas foram as palavras que o treinador do SC Paivense nos disse:

António Correia, treinador do SC Paivense

  • Começo por lhe pedir uma análise do jogo. Foi um jogo dividido, e só no final é que ficou resolvido. O que é que achou?

“Um jogo extremamente difícil. Sabíamos que, perante a situação que o Mansores ocupa na tabela classificativa, iria ser um jogo encarado como uma final. Os pontos, agora neste último terço do campeonato, são muito caros, porque estas equipas jogam a vida e uma época.

Nós estamos numa situação de conforto em termos de tabela classificativa, e aquilo que temos a ganhar é, no fundo, valorizar o clube, valorizar o desempenho dos jogadores e o trabalho da equipa técnica. Mas queremos também, claramente, subir na tabela classificativa.

É um trabalho muito difícil para a equipa técnica, porque, quando a época se está a definir em termos de objetivos, é necessário motivar e manter a equipa sempre ligada de uma forma competitiva, séria e muito fiel àquilo que são os nossos princípios.

O que é certo é que o Mansores nos dificultou muito. Nós sabíamos que a única forma de contrariar aquilo que poderia ser a dificuldade deste jogo e do opositor seria não termos um futebol tão direto como o do Mansores, que procura muito a sua referência, o Sheriff. Para contrariar isso, teríamos de apostar numa circulação de bola rápida, com jogadores a ocupar o espaço entre linhas e a oferecer soluções para chegarmos aos corredores exteriores e, assim, às zonas de finalização com outro critério.

Não conseguimos fazê-lo na primeira parte. Mérito do Mansores e algum demérito dos meus jogadores, que não conseguiram interpretar aquilo que preparámos ao longo da semana para desvirtuar o jogo de maior conforto para o Mansores.

Na segunda parte, conseguimos. Com as alterações e os acertos que fizemos ao intervalo, é certo que fomos melhores. Mas foi um jogo extremamente difícil, uma vitória arrancada a ferros.

No meu entender, acaba por ser justa, porque, uns minutos antes, houve uma defesa muito boa do Justo, que deu canto, e tivemos uma bola na trave. Mas, de facto, foi um jogo extremamente difícil e há que dar mérito ao Mansores. Perante a situação em que está – uma equipa que no ano passado estava no SABSEG e este ano está a lutar com tudo para permanecer neste campeonato –, isto vem só demonstrar o quão competitivos são os campeonatos do distrito de Aveiro.”

  • Faltam agora 5 jogos para o final da época e o Paivense está a meio da tabela. Com a vitória de hoje, consolidou ainda mais esse lugar. Pergunto-lhe se esse era o objetivo no arranque da temporada.

“Eu voltei ao Paivense ao fim de 4 anos, em dezembro do ano passado, quando o Paivense estava numa situação muito semelhante à que o Mansores está a passar este ano. Tinha caído do SABSEG e estava em penúltimo lugar na época passada.

Eu cheguei aqui com 5 pontos, mas terminámos o campeonato com 29 e garantimos a manutenção a 4 jornadas do fim.

Este ano, aquilo que a direção me lançou passava, no fundo, por estabilizar o clube, pois tinha um passivo muito grande em termos financeiros. Queriam reduzir esse passivo, reduzir o orçamento em 1000€, e apostar na “prata da casa”, em jogadores formados em Castelo de Paiva.

A manutenção, para mim, sempre foi pouco. Eu queria muito mais do que apenas garantir a manutenção; queria que fôssemos uma equipa da primeira metade da tabela.

Sabia que, se conseguíssemos segurar a espinha dorsal da equipa, estaríamos à altura do desafio. Foi isso que propus. Estaria numa zona de muito mais conforto se aceitasse apenas o pedido da direção – que era a manutenção –, mas, para mim e para o grupo de trabalho, isso não era apelativo nem motivador.

Quis elevar a fasquia, não me arrependo. Acredito no grupo que construí, na minha equipa técnica, e temos claramente o objetivo de subir mais lugares na tabela. Da mesma forma que, para o Mansores, serão 5 finais, para nós também.

Só assim me revejo neste papel. Serão 5 finais, queremos subir na tabela, mas é importante ver que, no início desta jornada, já tínhamos os mesmos pontos com que terminámos o ano passado.

No ano passado, terminámos com 29 pontos, agora já temos 32 e vamos atrás dos 35 e depois dos 38. Essa é a minha forma de estar e de ser. Sou ambicioso, mas sei que, cada vez mais, as equipas são mais competentes, as equipas técnicas têm mais qualidade e os campeonatos são cada vez mais difíceis. Vemos isso pelo SABSEG, pela forma como é competitivo. Este campeonato é competitivo e, de certeza, a 2ª Distrital também o é. Nós também queremos ser competitivos.

Este clube e esta gente nunca nos faltaram com apoio, quer em casa, quer fora. Mesmo nos jogos fora, os nossos adeptos fazem-nos sentir que estamos a jogar em casa, e eles merecem.

Queremos trazer esta estabilidade ao grupo de trabalho e ajudar esta direção a saldar o passivo. Por isso, concordámos em, mesmo reduzindo o orçamento, aumentar os objetivos. E vamos trabalhar.

É só dessa forma que eu consigo estar. Sou uma pessoa ambiciosa, mas sempre com os pés assentes na terra, porque sabemos que, do outro lado, também há qualidade e competência. Todos os jogos são extremamente difíceis.”

  • Olhando para a época como um todo, e falando também da estrutura e ideia de jogo, qual é o esquema tático em que o Paivense se costuma apresentar em campo e qual é a sua ideia de jogo?

“O sistema mais habitual em que jogamos é o 4x3x3, mas com variações, tanto na fase com bola como sem bola.

Sem perder aquilo que são os nossos princípios e a nossa identidade, adaptamos muito a pressão aos adversários. Visualizamos jogos, fazemos recortes, apresentamos aos jogadores e, depois, em determinados momentos, pressionamos com 3, com 2 ou até só com 1, dependendo da primeira fase de construção do adversário.

Isto muda muito em função dos nossos jogadores, do adversário e do momento da equipa.

Por exemplo, já houve um momento em que jogámos em 3x5x2. Mas agora o 4x3x3 tem dado frutos e, para mim, a grande mais-valia do treinador é ir de encontro àquilo que são as características dos jogadores. Não adianta ter uma ilusão. Se não tenho médios interiores, não posso jogar com interiores. Se quero jogar com alas, mas só tenho médios interiores, então não posso jogar com alas.

Temos de ir de encontro às características dos nossos jogadores. E nós temos a mais-valia de termos sido nós a construir o plantel. É muito mais fácil do que quando chegamos e encontramos um plantel construído por outra pessoa.

Mas temos sempre de ajustar e procurar tirar o máximo partido das características dos jogadores e tentar potenciá-los.”

Texto: Pedro Gonçalves

Foto: Pedro Gonçalves

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Pedro Gonçalves
Discurso Direto
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