No final do Mansores 1-1 Mosteirô, partida em que o Discurso Direto marcou presença, falamos com ambos os treinadores, André Teixeira da UDM e António Mendes (também conhecido no mundo do futebol como Toninho) da equipa de São Miguel do Mato.
Estas foram as palavras que o treinador do Mosteirô nos disse:
“Começou por falar num ponto importante. A constituição da equipa, hoje tivemos que remendar um pouco. As últimas semanas têm sido um pouco atípicas nesse aspeto, têm aparecido expulsões ou condicionantes físicas que nos têm limitado um pouco. Não nos podemos resguardar muito nisso, temos que trabalhar e pegar na constituição do plantel, porque ele também foi constituído para isso, para termos alternativas válidas e para tentar segurar a equipa no caso de termos ausências. Está a acontecer nesta fase, engraçado que, até ao momento, tivemos sempre todos os jogadores disponíveis e, neste momento, temos algumas lesões e castigos. Penso que, a partir da próxima semana, teremos a folha praticamente limpa. Hoje houve algumas incidências, teremos de perceber melhor, mas vamos limpar grande parte da malta que estava impedida de dar o contributo.
No planeamento do jogo, entra logo isso um bocadinho à partida, mas confiança total na malta que entrou hoje. É um jogo de dérbi, um jogo que iria ser repartido, o Mansores também com excelentes intervenientes, nós também com valor. Na primeira parte, se calhar o Mansores com algum ascendente até ao golo, mas, pelo menos dentro do jogo, a sensação com que fiquei foi que, a partir do golo, o Mansores procurou inverter a ideia de jogo, tentou jogar um bocadinho mais na transição e apanhar-nos em contra pé. Penso que aí assumimos mais o jogo.
O nosso golo aparece numa altura já tardia, acho que merecíamos chegar ao empate mais cedo. Se calhar o jogo ia ser diferente. Fiquei com a sensação que o resultado acaba por ser justo, mas, a haver um vencedor, teríamos sido nós. Tivemos duas chances na primeira parte, o Joca com uma oportunidade clara na cara do guarda-redes, o Dinis também numa zona perigosa do terreno. Depois, na segunda parte, tivemos uma bola à barra e o Mansores, que me recorde, tem uma oportunidade, em que o Higuita faz uma excelente defesa. No seu geral, foi um jogo equilibrado, com o Mosteirô com um bocadinho de ascendência”.
“De certo modo, também. Não me queria agarrar muito nisso, mas isso é importante. Sinto que houve aqui alguma pontinha de falta de sorte. Temos um jogo no meio desses quatro, que é o jogo com o Águeda (3ª Eliminatória da Taça Distrital Prof. José Valente Pinho Leão), que mesmo assim é um jogo que disputamos bem o jogo e lutamos imenso, mas o Águeda, com muitas individualidades acima da média, um campeonato acima do nosso, foi um jogo difícil.
Os outros jogos, são jogos em que nós estivemos bem, é curioso. Não nos tinha acontecido termos uma série tão negativa, por mérito próprio, mas não nos podemos esquecer da dificuldade deste campeonato. Sabíamos, desde o primeiro dia, que este campeonato iria ser muitíssimo equilibrado. Se estivermos atentos, no Campeonato SABSEG e na II Divisão, já estão partidos, com diferenças pontuais. Eu vinha a caminho do estádio, a ver a tabela do SABSEG, e o terceiro classificado está com 27 pontos a mais que o quarto. Aqui não há essas diferenças, há sim muito equilíbrio, quer seja contra o primeiro ou o último.
Foi um bocadinho isso, essa conjugação, as ausências, aquela pontinha de sorte que é essencial num jogo de futebol e a dificuldade dos adversários, porque todos são difíceis. Numa fase da época já de decisões, acabam por sentir também, essas equipas que defrontamos, a necessidade de pontuar.
Eu não queria tocar muito nisso, mas nós chegamos a um ponto em que os 25 pontos, sinto que a nossa equipa sentiu que podíamos estar em piloto automático e nós não podemos tirar o pé do acelerador. Tínhamos que continuar, também é um bocadinho fruto da imaturidade da equipa a nível de idades. Os rapazes já perceberam isso, têm feito um trabalho forte no sentido de inverter este ciclo. Era importante sacudir essa pressão e entrar no nosso registo, porque estamos a fazer um campeonato muito competente.”
“Nós tentamos sempre, e a ideia que trouxemos para cá, era de valorizar o jogo mais com posse, termos uma ideia mais de jogo de construção desde trás. Eu sei que, às vezes nestas divisões mais inferiores, tenta-se ligar rapidamente os setores através da bola longa. Nós tentamos valorizar o jogo desde trás, obviamente que nem sempre é possível.
Tirarmos muitas referências do adversário, é algo que é difícil trabalhar neste campeonato, por aquilo que é o amadorismo dos jogadores no geral. Há pouco tempo, treinamos três vezes por semana, às vezes há condicionantes de trabalho e temos que gerir a semana mediante a disponibilidade deles.
Acima de tudo, centraliza-se muito nisso, na posse, no tirar referências posicionais, porque os jogadores nestas divisões acabam por se refugiarem muito nisso. O adversário procura sempre uma referência (para marcar), ter mais facilidade por estar em contacto com o adversário direto. Tentamos tirar um pouco isso e procurar espaços. No fundo, criar dinâmicas para criar dificuldades ao adversário e, depois, sermos fortes na transição, temos jogadores rápidos na frente, tecnicamente evoluídos.”
“Quando nós começamos, obviamente que estávamos numa situação especial. Nós chegamos cá e nem sabíamos se íamos competir na I Divisão ou na II Divisão. Felizmente, conseguimos competir na I Divisão, fruto da desistência do Lourosa B, e a ideia de todos era de muita vontade de participar na I Divisão. Mas todos sabíamos perfeitamente que, na construção do plantel, se nós entrássemos na II Divisão, éramos fortes candidatos a subir. Sabíamos isso e era a nossa clara intenção.
Sabíamos que, entrando na I Divisão, todos os jogos seriam uma batalha muito difícil. Sabíamos que tínhamos argumentos, íamos lutar muito no jogo a jogo, na conquista de pontos e foi muito nessa ideia que nós alinhamos. Não definimos, logo à partida, um objetivo. Obviamente que salta logo à ideia, uma equipa estava na II Divisão e que subiu, garantir a manutenção. É o objetivo maior do clube, consolidar-se na I Divisão, porque tem tido essas oscilações, estar na I Divisão, cair para a II Divisão.
A manutenção ainda não está garantida, já temos algum conforto. Queria fugir um bocadinho disso, acho que isso nos tem penalizado num passado recente e queria, penso que os jogadores já perceberam isso, que fossemos um bocadinho mais ambiciosos. No sentido de irmos jogo a jogo, tentar fazer o melhor possível, dignificar ao máximo as cores do Mosteirô, porque as pessoas que estão connosco são pessoas de trabalho. O clube está muito rodeado por adeptos que gostam de vir ao futebol e que o Mosteirô ganhe. Acho que já perceberam que, em anos passados, as coisas eram diferentes no futebol jogado, agora tem de se valorizar um bocadinho mais o jogo. Há que ter essa paciência, essa aprendizagem. Acho que o clube começou a valorizar o jogar o jogo mais bem jogado e, dentro daquilo que foi o planeamento desde o primeiro dia, as coisas têm corrido bem.”
Texto: Simão Duarte
Foto: ACRD Mosteirô
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