A perspetiva de Margarida Belém, presidente da Câmara Municipal de Arouca

No lido ano de 2005, o concelho de Arouca, pertencente ao distrito de Aveiro, aderiu à Área Metropolitana do Porto (AMP), instituição que agrega 17 concelhos, grande parte deles do distrito do Porto, mas onde existem exceções, na medida em que seis dos seus concelhos são do distrito de Aveiro, como são os casos de Arouca e Vale de Cambra. As relações fortes de terras de Santa Mafalda para com a Invicta levaram a que estas se oficializassem a 28 de janeiro de 2005 quando Arouca aderiu oficialmente à AMP.

A esse propósito, o Discurso Direto colocou algumas questões a entidades da política arouquense, começando pela atual presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, que começou por nos falar da adesão e da relação com o Porto. “Para nós, a relação com o Porto sempre foi algo natural, quer pelos fluxos de transportes, quer pela relação com a cidade do ponto de vista da ida dos nossos arouquenses para o ensino universitário, por exemplo, ou tão somente para compras. De certa forma, a cidade do Porto sempre se nos apresentou como uma ‘ligação ao mundo’.”, começou por apontar, referindo de seguida que, em 2005, apesar da discussão à volta de uma Área Metropolitana de Aveiro, deu-se a adesão à AMP “de que muito temos beneficiado, em áreas como o planeamento urbano, os transportes e a gestão de infraestruturas. Mas creio que o que mais se destaca é o facto de podermos participar na discussão e na implementação de políticas públicas integradas, bem como podermos ter acesso a financiamentos destinados ao desenvolvimento regional”.

Ainda sobre a possibilidade, à época, da adesão de Arouca à GAMA (Grande Área Metropolitana de Aveiro), questionamos a autarca relativamente ao que esta considera que poderia ter acontecido a Arouca caso tivesse aderido à mesma. “O que é que, de facto, conhecemos da GAMA, hoje? Que dinâmica lhe reconhecemos? Que comparação é possível fazer com a dinâmica alcançada pela AMP? E, respondendo, ou não, a isto, o que podemos reconhecer é que Arouca poderia ter ficado mais distante de grandes projetos metropolitanos, e muito mais ‘silenciada’, no que diz respeito às políticas de coesão territorial e à aplicação de fundos europeus.”, declarou.

20 anos depois, Margarida Belém faz um balanço “francamente positivo, sobretudo nos últimos tempos, em que temos canalizado muitas das nossas opções para aquilo que podemos chamar ‘capital humano’, as pessoas. É certo que temos de investir em obra ‘física’. Precisamos de edifícios, água e saneamento, acessos. Mas, na verdade, tudo isto de pouco vale se não tivermos as pessoas, se não estivermos com as pessoas.”

O desenvolvimento de Arouca não se encontra desprovido do contributo da AMP, contudo, Margarida Belém refere que “é muito importante percebermos que Arouca não se desenvolveu, nos últimos 20 anos, apenas por causa da sua adesão à AMP. Pensarmos assim, seria cairmos na visão daqueles que criticam as dinâmicas regionais, porque esvaziam as estruturas municipais de competências e de capacidade de decisão e concretização. Arouca desenvolveu-se, porque, como costumamos dizer, e bem, fizemos o nosso trabalho. Continuamos todos os dias a fazer o nosso trabalho! Claro que há um conjunto de projetos que funcionam graças à dinâmica metropolitana, e o facto de ali termos voz ativa faz com que também sejamos ouvidos em outros fóruns e pelos decisores do Governo em cada uma das áreas em que pretendemos intervir”.

Arouca possui também a sua importância na AMP, até porque Margarida Belém confidenciou-nos que “fui sempre ouvindo a expressão que ‘Arouca é o pulmão verde da AMP’”, mas o contributo não se fica por aí. “Acrescenta o seu património cultural, a sua dinâmica económica, de forte vocação exportadora e direcionada a alguns nichos de mercado com os mais elevados padrões de qualidade, as suas gentes, o capital humano, empreendedor e que também acolhe quem nos visita de braços abertos.”, concluiu.

Texto: Simão Duarte

Foto: AMP

Na próxima edição o tema voltará a ser abordado a partir da perspetiva de outros entrevistados diretamente relacionados com este conteúdo