A evolução dos desportos de natureza em terras de Santa Mafalda

Desde sempre, Arouca foi considerada uma localidade cujo território se encontra repleto de beleza. Num passado relativamente recente, a criação dos Passadiços do Paiva e da Ponte 516 exponenciaram a exploração do ex-líbris natural que Arouca possui, e atraíram ainda mais visitantes, oriundos de todos os cantos do mundo.

Tendo isto presente, é seguro afirmar que um dos setores que registou maior crescimento nos últimos tempos, no concelho, foi o setor do turismo, mais concretamente o turismo de natureza, tanto a nível financeiro, mas também no número de visitantes e de arouquenses que trabalham na área. Com isso em mente, e à margem do Arouca Rafting Summit, o Discurso Directo falou com Rafael Soares, um dos fundadores e guia do Clube do Paiva e também com Pedro Teixeira, sócio-gerente, diretor e guia da Just Come.

“A natureza é o nosso escritório e o nosso mais precioso recurso”

O Clube do Paiva foi formalmente constituído a 3 de março de 2003, apesar de já ter começado em 2002, fruto de uma ideia conjunta de Rafael, Luís e Tó Mané. Tendo na natureza “o nosso escritório e o nosso mais precioso recurso”, o Clube do Paiva realiza as seguintes atividades: Rafting, Canyoning, Passeios de Canoa e Caminhadas aquáticas. “De novembro a maio a atividade rainha é o Rafting. Durante os restantes meses (verão) o Canyoning é o rei das atividades de aventura, enquanto que os passeios de canoa e as caminhadas aquáticas fazem as delícias de toda a família”, complementou Rafael, que apontou de seguida os cuidados que têm para com a natureza, nomeadamente “monitorização da qualidade da água em parceria com a APA (…) monitorização de espécies autóctones e invasoras em parceria com o Arouca Geoparque (…) limpeza de plásticos do rio por conta própria, outras vezes com escuteiros locais (…) educação dos clientes para a proteção dos rios durante as atividades.”

Reconhecendo que toda a “região Montanhas Mágicas tem condições excecionais”, Rafael lançou o repto para todos os que ainda não efetuaram as atividades do Clube do Paiva para fazê-lo, pois “toda a gente pode experimentar. Temos níveis de dificuldade e risco adaptados para todo o tipo de público. Temos o equipamento completo para que se sintam verdadeiros profissionais. Temos recursos humanos com formação especializada e reconhecida internacionalmente. Temos também cada vez mais Arouquenses que vêm fazer as nossas atividades.”.

Com “2 funcionários a tempo inteiro e 6 colaboradores a prestação de serviços” e “cerca de 2000 pessoas” a procurarem as suas atividades todos os anos, a perspetiva do Clube do Paiva para o futuro é “continuar a crescer, quer em número de clientes quer em funcionários a tempo inteiro.” As “novidades” serão “para breve”.

“Ainda há rios e trilhos que são pouco conhecidos e são incríveis”

Antes de fundar a Just Come, Pedro Teixeira já se encontrava desde jovem ligado aos desportos de natureza, até porque começou “a praticar Kayak de águas bravas com 19 anos”. Pouco tempo depois, tornou-se guia de Rafting e Canyoning, uma paixão partilhada também com a que tem “por este nosso território, em todos os seus domínios: as serras e vales, o relevo e a paisagem, as aldeias, as pessoas e as tradições”.

Depois de 20 anos a praticar desportos de natureza, Pedro confessou que continua a surpreender-se com partes do território arouquense pouco exploradas. “No Pedestrianismo, BTT, Todo-o-Terreno, Canyoning e Kayak, ainda há rios e trilhos que são pouco conhecidos e são incríveis. Alguns ainda nem sequer foram explorados e tem um enorme potencial. No Rafting, os melhores percursos são os que já se fazem habitualmente no Rio Paiva, tanto pela facilidade de acesso como pela consistência do caudal e qualidade dos rápidos. No entanto, com determinadas condições de caudal, o Rio Paivô, por exemplo, entre Covelo de Paivô e Ponte de Telhe, tem aquele que será o percurso mais “intenso” de Rafting de Arouca. Ou ainda, se houvesse um bom acesso ao final do “Rápido das Marmitas” na Garganta do Paiva, seria possível acrescentar mais alguns rápidos excelentes ao percurso Vau-Espiunca, e que raramente são descidos em Rafting…”, elaborou o empresário,

Tendo como atividades as tours (a pé ou de jipe) e as atividades de natureza (caminhada aquática) e de aventura (rafting, canyoning, etc), a época de maior afluência é “desde o final da primavera até ao início do outono, quando as pessoas têm mais vontade de sair de casa e estar ao ar livre. Coincide também com a época de férias, quando as pessoas viajam mais”, contudo tem havido maior procura no “final de outono, inverno e início da primavera”, devido ao Rafting, que “tem tido cada vez mais procura, e por ser tão especial, e por termos cá em Arouca condições naturais excecionais para esta modalidade, temos cada vez mais procura neste período”.

A Just Come conta com “6 pessoas em contratos full-time e mais 3 pessoas em part-time durante o ano todo. Durante a época alta, reforçamos a equipa com mais 3 ou 4 pessoas, habitualmente” e, em 2024, atenderam cerca de 4500 clientes.

Texto: Simão Duarte

Fotos: Clube do Paiva e JustCome

 

 

 

 

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Discurso Direto
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