Considerada um dos pratos principais da gastronomia arouquense, a Posta Arouquesa é um prato de carne grelhada normalmente acompanhada por arroz de fumeiro ou de feijão e batatas fritas e/ou a murro. Com o intuito de perceber melhor a origem e a importância deste prato na região, o Discurso Directo entrevistou a Confraria Gastronómica da Raça Arouquesa e os responsáveis de dois restaurantes centrais de Arouca conhecidos pela confeção deste pato, o Assembleia Wine Bar & Restaurant e o Restaurante Parlamento.
Fernando Andrade, Vice-Grão-Mestre da Confraria Gastronómica da Raça Arouquesa explicou ao nosso jornal que a o animal bovino desta raça se distingue por ser “um animal de porte médio”, “pata curta”, numa cor “castanho intermédio”, e com o “focinho curtinho” que faz a sua cabeça “mais perfeita em relação ao tamanho”, o que o torna “o animal mais bonito a nível dos bovinos”. Um animal que desde a origem é criado como gado de pastagens, o que garante a qualidade da carne.
Na perspetiva de Fernando Andrade o turismo gastronómico no concelho já “tem muitos anos” e “sempre foi um chamariz para Arouca”, dado que “a raça arouquesa, sempre foi a embaixadora da gastronomia”, já que a nível nacional pode não ter “tanta divulgação” pois não há gado suficiente para exportação.
A Confraria Gastronómica da Raça Arouquesa reconhece e “defende” 3 pratos gastronómicos “originais” que sempre estiveram na mesa dos arouquenses, que são a vitela assada, “com os condimentos tradicionais”, o arroz de aba que “não leva condimentos nenhuns, (o segredo é o tempo de cozedura) e a “posta grelhada”, que é temperada apenas com sal grosso, pois esta “tem as características todas para ser uma boa carne”.
A nível de iniciativas para enaltecer este produto, o Vice-Grão-Mestre revelou que a Confraria realiza todos os anos um evento de celebração do seu “Capítulo Solene” que junta cerca de “300 pessoas que vêm de norte a sul do país e ilhas”, e também de confrarias “de França, Bélgica, Espanha”. Participam também em diversas iniciativas pelo país onde promovem a gastronomia local. Como incentivo à produção atribuem prémios nos concursos de raça arouquesa.
“Um dos fatores mais importantes é saber grelhar e encontrar o ponto certo da carne na brasa”
Nuno Costa, sócio-gerente do restaurante Assembleia WineBar & Restaurant contou a DD que “a Posta Arouquense é um dos destaques principais do restaurante, ligado à sua identidade e história”, e que por isso “esteve sempre no menu”. Acompanhado com arroz de fumeiro (um arroz de feijão com enchidos e legumes) batata frita ou a murro, e legumes salteados, é um dos pratos mais procurados.
“A carne arouquesa é especial porque é uma carne pura, o animal cresce de forma livre na natureza, numa alimentação natural, que torna a carne mais saborosa e diferenciada”, revelou sobre as características da carne, explicando que a cozinha do restaurante “não serve apenas raça arouquesa certificada, mas também carne de produtores que tem todo o cuidado e trato para com o animal”. A carne é-lhe fornecida por um talho local que compra aos produtores certificados, e a carne é normalmente comprada “à peça” sendo o corte feito “no restaurante, um passo que tem impacto decisivo na preparação da carne que é possível comer à colher”.
O sócio-gerente do restaurante revelou que “a Posta Arouquesa é apreciada por todos” tanto turistas como locais, e explicou que “a carne grelhada tem esse efeito, de cair bem, de agradar a todos”. O proprietário adiantou ainda que não existe uma exigência por parte dos clientes para que a carne seja certificada, e que estes também não colocam questões relativamente à sua origem. “A raça arouquesa certificada não daria resposta às necessidades da restauração local sem pôr em causa também a sua própria produção e qualidade”, esclareceu.
“O segredo é a simplicidade”
José Júlio, filho do bem conhecido em Arouca “Zé Luís do Parlamento”, e atual proprietário do restaurante, revelou ao nosso jornal que sabe “que a história da Posta passa pelo Restaurante Parlamento nos seus inícios”, já lhe foi dito que teria sido o seu pai “o inventor da Posta na Brasa, como se conhece hoje”, mas não consegue averiguar a veracidade da questão. Ainda assim sabe dizer que este prato teve “um grande impacto na criação do ‘nome’ e legado ‘Restaurante Parlamento”.
No parlamento a posta é servida com “arroz malandro de feijão, legumes salteados e um combinado de batata frita e a murro”, revelou, explicando que o segredo deste prato é “a simplicidade”. “A carne não leva qualquer tipo de preparação ou tempero, à exceção do sal e alho”, “é cortada na hora, o sal é adicionado já na grelha e o alho após a confeção, na hora de servir”.
O proprietário do restaurante revelou que a posta, é “sem dúvida” um prato bastante procurado pelos turistas, e que apesar de existirem outros pratos também apreciados, (nomeadamente “a Vitela Assada no Forno, que luta frente a frente nas estatísticas da preferência dos visitantes”), a posta continua a ser o preferido.
No Parlamento acreditam que “o consumidor dá mais valor ao sabor e qualidade da carne, do que propriamente à certificação da origem”, revelou o empresário, adiantando que, “no entanto, a certificação tem todo o seu valor no salvaguardar dos produtores”.
Ana Margarida Alves
Gado Arouquês
Posta servida no Assembleia Wine Bar & Restaurant
Posta servida no Restaurante Parlamento
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