Em boa hora decidiram que todas as casas tinham de ter rua e número de porta. Se bem decidiram rapidamente o fizeram. Mas, como diz o povo: “depressa e bem há pouco quem”!

Rebatizaram as ruas, ignoraram as raízes seculares de alguns lugares, sem critério, sem lógica. Foi-lhes atribuído um nome. Não sei de quem é a culpa, se das juntas de freguesia, se da câmara municipal. Nem sei quem são os padrinhos! Não consultaram moradores, não pesquisaram o passado de algumas localidades. Foi o que lhes veio á cabeça|

Só a título de exemplo dou duas situações, que me dizem respeito:

Nasci na “Cruz das Eiras – Burgo”, a minha mercearia era, e é, a “Loja das Eiras”, nesse lugar existe uma firma a “D´Eiras”, a ponte onde nasce o rio Arda é a “Ponte das Eiras”. Agora é a “rua da Igreja” que fica ainda muito longe! O cruzeiro aí existente agora fica na “rua do Belo Horizonte”!!

Vivi e vivo no lugar do “Alto da Estrada – Burgo”. O cemitério municipal ficava no Alto da Estrada, a serração de madeiras era, e é, a “serração do Alto da Estrada”. Com este rebatismo passei a morar na “rua de Monte Calvo”, passei a morar, porque agora já não moro!

Porque a correspondência não chegava, fui á camara pedir o nome da minha rua e o número de porta e fui informado que moro na “travessa de Sub-Ribes”. O facto é que a placa existente diz “rua de Monte Calvo”. Mais: há uma outra placa que diz “travessa de Monte Calvo” que segundo informação nem sequer existe!

Quem as mandou fazer? Quem as pagou? Quem as colocou? De quem é a culpa?

Minha não é!

Quem assume os eventuais prejuízos causados? É que os carteiros não são obrigados a adivinhar moradas …

Não seria altura de repensar estes batismos feitos, fazendo uma consulta publica para repor as nossas memorias e a memoria dos nossos antepassados?

Será que ainda vai a tempo?

E assim lá vamos nós … cantando e rindo!!…

José Costa Gomes