Decorreu entre os dias 12 e 14 de setembro a Thinking Football Summit, um evento organizado pela Liga Portugal, que junta várias figuras do Futebol Português e convidados internacionais para debater o jogo e tudo o que o rodeia. Um dos oradores foi Joel Pinho, diretor desportivo do FC Arouca, que no passado dia 12 de Setembro esteve 20 minutos à conversa com Gonçalo Guimarães.

Joel começou por falar do seu início na função, onde o antigo treinador Vítor Oliveira deu-lhe o incentivo. “Quando era treinador do Arouca, uma vez teve uma conversa comigo enquanto eu era jogador e ele disse: “Ó Joel, tu nunca vais dar um Ronaldo, temos que ser aqui sinceros. Mas tu como diretor podias ser um gajo de topo. Tu devias vir para diretor desportivo!”. Nesse mesmo ano (2012), em janeiro, fui para diretor desportivo”.

No passado recente, a equipa de terras de Santa Mafalda viveu uma montanha russa de emoções, com subidas à Primeira Liga (2013 e 2021), qualificações para as competições europeias (2016 e 2023), mas também descidas para a Segunda Liga (2017) e o Campeonato de Portugal (2019). Em resposta a estes factos, Joel Pinho começou por falar sobre a forma de trabalhar da direção arouquense, olhando ainda para o percurso agora referido: “O clube está construído à imagem do meu pai e à minha imagem, um clube de resiliência, ambição, de nunca virarmos a cara à luta e isso é o que traduz os resultados que atingimos nos dias de hoje. É verdade que crescemos demasiado rápido e depois existem dores de crescimento. Eu achava que era tudo fácil, porque chego a diretor desportivo em 2012, em 2015 qualificação europeia, parecia tudo fácil. Depois, em três anos, descemos duas vezes e, em dois anos, subimos duas vezes. Quando se bateu mesmo no fundo, foi preciso parar, pensar e perceber no que se errou, mas também o que tínhamos feito de bem. Foi basicamente replicar o que estava bem feito, evitando cometer os mesmos erros. Estamos um clube muito mais sólido nos dias de hoje do que estávamos em 2015.” Ainda sobre a estrutura, este classificou-a como “pequena, simples, mas multifacetada, em que a última tomada de decisão é sempre minha, em consonância com o presidente”.

Estes foram outros dos temas de que Joel Pinho falou:

– Influência da localização

“Isso foi criado quase um mito, eu vivo no Porto e vou a Arouca quase todos os dias. Hoje em dia, tenho muitos dos jogadores a viver em Gaia, são 40 mins. Arouca é uma vantagem porque, por exemplo, jogadores que tivemos como o Cristo e o Mujica, nas realidades que vinham, viverem num ambiente mais familiar, em que a todo o momento se cruzam uns com os outros, fica muito mais fácil criar-se um espírito mais forte. As estradas estão muito melhores, tem vindo a melhorar e estamos cada vez mais próximos dos grandes centros urbanos”

– Influência da localização na formação

“Na formação, é um ponto que identificamos e não há forma de ultrapassar. A localização prejudica-nos muito. Nós em Arouca temos muitos miúdos, mas depois chegam ali aos 17 anos, e muitas vezes não conseguimos entender se o jogador tem capacidade para dar o salto. Eu recomendo sempre que eles se foquem nos estudos, porque não vou estar a prejudicar um miúdo em termos da sua formação académica numa coisa que pode ser só um sonho.”

– Recrutamento e valorização de atletas

“Não mudou muito daquilo que fazíamos antes, nós procuramos o talento. Procurávamos jogadores que estavam em coma e nós praticamente tínhamos de os ressuscitar. Qualidade não perderam, mas tínhamos de os colocar no contexto ideal. Procuramos estar no momento certo à hora certa no lugar exato.”

– Análise ao mercado de verão

“Este plantel é melhor que o do ano passado. Agora começa de forma atribulada, também por responsabilidade minha, porque fizemos um mercado de forma mais lenta e tivemos algumas lesões. A última semana de mercado correu-nos muito bem, os jogadores que fechamos eram os que realmente queríamos. Mesmo com as saídas do Cristo e do Mujica, nós temos um plantel muito melhor do que no ano passado e temos todas as garantias para fazer uma época, no mínimo, tranquila.”

Foto: Sofia Brandão

Texto: Simão Duarte