Com dotação de 3,5 milhões, tem já projetos aprovados que representam 74 por cento desse valor e incidirá foco na saúde e na reconstrução de laços comunitários
«A promoção da saúde», sublinhou a vereadora Mónica Seixas, é «o grande foco» do Plano de Ação (PA) de Vale de Cambra para as suas Comunidades Desfavorecidas.
Recorde-se que a estratégia local integra um programa da Área Metropolitana do Porto (AMP) que captou 125 milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência (PRT) e que os distribuiu pelos seus municípios.
Vale de Cambra teve direito a um pouco mais de 3,5 milhões e alinhou na iniciativa com os restantes concelhos do Sul metropolitano: Santa Maria da Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis.
Na apresentação do PA, realizada ao final da tarde da passada sexta-feira, nos Paços do Concelho, José Pinheiro, o presidente da Câmara, salientou que, em termos de dotação financeira, houve primeiro que garantir o pário com a Área Metropolitana de Lisboa – 125 milhões do PRR para cada – e, depois, assegurar que o Sul da AMP, «que se soube unir», não seria vítima de tentações centralistas por parte do Porto.
Mónica Seixas, que tem os pelouros da ação social da saúde, do empreendedorismo e emprego, adiantou que a equipa do PA – que contam com 15 técnicos especializados, de áreas como a saúde e as ciências sociais e humanas – irá para o tereno já neste mês de julho. Terá base no centro de camionagem da cidade de Vale de Cambra, mas andará muito pelas freguesias do território.
A vereadora logo adiantou que as ações programadas, resultantes de candidaturas já aprovadas que correspondem a 74 por cento dos 3,5 milhões, privilegiarão a prevenção e a educação para a saúde, com a inclusão também na mira, até do ponto de vista profissional.
Coube a Paula Ferreira, chefe da divisão de ação social da Câmara Municipal, detalhar o plano de ação cujo desenho coordenou nos seus serviços.
«A falta de vida nas aldeias provoca tristeza», sublinhou a responsável, definindo um dos problemas perenes das Comunidades Desfavorecidas. Deu nota, ainda, de que o trabalho a realizar neste domínio – plano metropolitano é para ser desenvolvido até dezembro de 2025 – vai beneficiar da experiência das instituições da Rede Social concelhia.
O projeto “Imparidades”, a desenvolver com o parceiro “Focus”, é um dos que irá a breve trecho para o terreno. Visa «promover a inclusão social da pessoa com deficiência ou incapacidade».
Terá como instrumentos um centro de recursos para a educação inclusiva, um programa de empregabilidade colaborativo e um programa de promoção da saúde junto de pessoas com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento.
Com a “Adrimag”, associação de desenvolvimento rural integrado, a equipa formada irá “edificar” as chamadas “Casas da Comunidade”, cujo papel será criar, ou recriar, dinâmicas comunitárias que induzam alegria de viver nas pessoas-alvo.
Destaque para um Projeto-Piloto na Área da Saúde Mental das Crianças e Jovens das Comunidades Desfavorecidas. Serão «monitorizados indicadores críticos ambientais e individuais» associados à problemática, para que seja criada «uma base de dados encriptados para suporte de políticas públicas municipais, a desenvolver em cooperação com os Serviços de Saúde locais e regionais».
Em termos de respostas de proximidade, o Plano de Vale de Cambra prevê «a promoção da literacia em saúde, através da capacitação da comunidade desde a infância» e a realização de rastreios ao consumo precoce de álcool e à obesidade em crianças e jovens, «com a criação de respostas especializadas».
O projeto “Valoriza-Te”, a implementar com o Núcleo local da Cruz Vermelha, tem inscrita uma «resposta dirigida à população com problemas de saúde mental, com vista à integração social, familiar e profissional».
Paula Ferreira também elencou as «operações» que o PA pretende implementar, mas que ainda não foram objeto de candidatura, entre os quais está um projeto de educação digital, que levará a «programação de robótica» a alunos dos 1º e 3º ciclos.
Também aguarda garantia de financiamento o projeto “Aldeias Solidárias e Inclusivas”, que visará assegurar que essas comunidades sejam alvo de «um conjunto de medidas que favoreçam o exercício dos direitos dos seus cidadãos».
As vulnerabilidades
Do diagnóstico feito ao concelho, para basear este programa metropolitana, resultou a constatação inevitável de que a população de Vale de Cambra está em acelerado estado de envelhecimento, condição que implica desafios que as “operações” desenhadas procurarão eliminar ou minorar.
A fraca rede de suporte, nomeadamente familiar, assim como a dificuldade no acesso a serviços e cuidados de saúde sentida pelos habitantes das periferias municipais também foram assinaladas.
Some-se ao rol de vulnerabilidades a falta de mobilidade e de acesso à cultura e educação, que são fatores primaciais para a qualidade de vida, e a baixa cobertura de respostas na área da deficiência.
Texto: Alberto Oliveira e Silva
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