Cine Clube de Arouca apresentou documentário sobre o regadio em Mansores, o primeiro de quatro trabalhos encomendados pelo Município. Seguir-se-ão “Albergaria da Serra”, “Os barqueiros do Paiva” e “Danças e Contradanças de Alvarenga”
“A Agricultura e o Regadio em Mansores” foi o primeiro dos quatro documentários encomendados pela Câmara Municipal de Arouca ao Cine Clube de Arouca a ser estreado.
Na noite da passada quarta-feira, foram muitos os que se deslocaram ao Centro Paroquial de Mansores para uma viagem de cerca de 15 minutos no tempo e na memória, à descoberta de um modo de vida que marcou as gerações hoje mais velhas.
Albano Fernandes, Fernando Pinho Almeida, Henrique Araújo, Laurinda Cabral, Manuel Moreira Araújo, Nelson da Conceição Rocha e Idalina Cabral foram os mansorenses que colaboraram com o trabalho de realização de João Rita, baseado na ideia e argumento de Maria Castillo Adrover, com narração do ator e encenador António Capelo.
«Quem tinha água tinha pão», recordou, de viva voz na sessão, Nelson Rocha, que no filme conta a sua vivência no trabalho da rega, nomeadamente as técnicas utlizadas e a dureza de uma vida que o obrigava a andar «às 2 horas da manhã a tapar a água».
Os testemunhos colhidos expressaram bem as dificuldades sentidas por quem tirava, a duras penas, o sustento de uma agricultura que lhes deixou as mãos cheias de calos. Mas também vincaram o amor pela lida dos campos e por uma envolvência na terra que foi berço e destino. E nem as disputas pela água, às vezes, com enxadas no ar em sinal de ameaça ou de agressão concretizada, foram esquecidas.
O jovem Henrique Araújo fez o contraponto com o sentir de hoje, recordando com carinho a sua ligação à agricultura, em registo familiar, mas vincando que não quer essa lida para o seu futuro.
«O coração!». Maria Castillo Adrover salientou que este documentário nasceu com o propósito «não só de informar» sobre o regadio e suas técnicas, mas também «de contar uma história mais humana», mostrando como era «o dia-a-dia dos agricultores, os problemas com que tinham de lidar» e, no geral, «a dureza do mundo do campo».
João Rita adiantou o propósito, comum aos quatro “docs”, de impor «uma linguagem cinematográfica» ao formato documentário. Para «cativar os espetadores».
A metodologia usada foram as entrevistas a pessoas das terras, complementadas com o recurso a saberes locais e regionais: a pesquisa histórica e documental ficou a cargo de Fernando Moreira, Prof. Zeferino Duarte Brandão e Alberto de Pinho Gonçalves.
O realizador ainda sublinhou que todos os trabalhos foram objeto de «um cuidado extremo na sonorização», com a ida a um estúdio de Madrid a garantir que estão bem presentes sons como os de passos e do vento nas folhas.
Texto: Alberto Oliveira e Silva
*Artigo completo na próxima edição impressa nas bancas a 31 de março;
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