Por: Vasco Portugal, Núcleo da IL em Arouca
Princípios como a necessidade de criar riqueza antes de a distribuir ou a inviolabilidade da propriedade privada pareciam já ter deixado de ser discutidos ou contrariados, tal é a sua natureza tão óbvia.
No entanto, quando em 2015 o líder de um partido moderado, confrontado com uma derrota eleitoral quando tudo apontava para uma vitória fácil e óbvia, decidiu abrir uma caixa de Pandora e normalizar partidos da extrema esquerda, estes princípios passaram a ser abertamente questionados.
A extrema esquerda passou a ter as suas ideias radicais, algumas das quais impostas em troca de apoio parlamentar, validadas por um partido que, apesar dos muitos erros do passado, era ainda moderado e tinha linhas vermelhas. Estas opções, tomadas para assegurar o poder pelo partido socialista, trouxeram enormes prejuízos para o contribuinte, por exemplo a criminosa nacionalização da TAP ou a manutenção de uma política de saúde que pôs a ideologia à frente da realidade, afastando os privados de um sistema que já não consegue funcionar sem eles, trazendo o caos e provocando mortes desnecessárias. Essa solução governativa acabou, como seria de esperar, no entanto as ideias radicais que tinham caído nos pós loucura do PREC voltaram a ser encaradas por alguns como soluções credíveis.
Há órgãos de comunicação social que dão tempo de antena a partidos de extrema esquerda que aproveitam esse espaço para defender ideias como a nacionalização de grandes empresas e a fixação de preços por decreto.
Quando tudo parecia apontar para uma moderação das políticas com a maioria absoluta do partido socialista, sendo a nomeação de um ministro da saúde que não ouve o hino da internacional ao pequeno almoço um bom sinal, Costa resolveu ultrapassar os seus antigos parceiros pela esquerda e apresentar ao país o mais bizarro plano de combate aos problemas de acesso à habitação de que há memória.
Sete anos depois de apresentar um “ambicioso plano” que ia resolver os problemas de habitação, mas que nunca saiu do papel, e perante um agravamento do problema, Costa anunciou que vai fazer o que a extrema esquerda costuma sugerir como solução: não fazer nada e apropriar-se do que os privados fizeram, num ataque despudorado à iniciativa e propriedade privada. Assim, alinha com a nova líder do BE, eleita por nomeação “democrática” da líder cessante, que afirmou “temos de perder a vergonha de ir buscar dinheiro a quem está a acumular”, ou seja, roubar um velho negócio de família, dinheiro a quem o tem, ou ainda “obrigar”, para já com aspas, os proprietários a fazer das suas casas o que o estado achar melhor. Estas afirmações e as opções do governo recentemente anunciadas representam um descarado desprezo pela propriedade privada, pelo esforço do trabalho e da poupança e pelos direitos mais básicos de qualquer cidadão que não viva num paraíso cubano ou norte coreano.
Não tendo o país um presidente da República digno desse nome, resta-nos esperar que o Tribunal Constitucional ponha cobro a este plano que, pasme-se, conseguiu a proeza de ser qualificado pela futura líder do BE como “tendo demasiado estado”!
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