Cacique

Por: Vasco Portugal-Núcleo Iniciativa Liberal de Arouca

Em algumas culturas é um chefe tribal, uma figura destacada que tem uma influência positiva numa comunidade local, arbitrando conflitos entre os membros da comunidade e aconselhando-os quando estes se veem confrontados com situações complicadas.

Por cá, esta palavra tem uma conotação menos nobre. Temos caciques que, em vez de tribos, se

rodeiam de pequenos séquitos de súbditos, mais ou menos dependentes da generosidade do chefe, sempre disponíveis para desafiar os limites da elasticidade da espinha para agradar ao seu cacique: os idiotas úteis.

A uns, o que sobra em vontade de agradar, falta em capacidade de verbalizar. Com estes, o cacique tem de ser paciente e explicar o que deve dizer ou escrever, deixando claro que deve seguir cegamente o guião. Se alguém o tentar contradizer, irá sempre puxar do grande trunfo dos idiotas: quem discordar do meu cacique está a ser antipatriótico, anti bairrista, a enlamear o nome da nossa terra! Está proibido de tentar argumentar porque isso pode pôr em risco a mensagem que se pretende passar.

A outros, o que falta em pudor sobra em eloquência. São os criativos, os “mais papistas que o

Papa”.

Estes, o cacique tem mais dificuldade em controlar porque, por vezes, a vontade de agradar é tanta que entram em terrenos que não dominam e acabam por criar problemas ao dono.

Embora possa ser divertido assistir às suas, por vezes bizarras, intervenções no espaço público,

estas podem ser perigosas porque há sempre alguém que compra o discurso, por mais alienado que possa parecer.

Infelizmente, temos “bons” exemplares destes idiotas úteis na nossa política local e nacional.

Em Arouca sabemos quem são e quem lhes dá voz. Aparecem na imprensa local com artigos de

opinião e são ativos em algumas coletividades cuja dependência da boa vontade dos autarcas impede a liberdade de opinião. As redes sociais com os “bots” e os perfis falsos são um perigoso multiplicador destes fenómenos que passam a ter uma escala maior.

Praticamente todos partilham uma ambição: ter a sua dedicação à “causa” notada em Lisboa, ter o seu nome numa “short list” de cargos a distribuir pelos fiéis apoiantes do líder. Quando o conseguem sentem que todo o esforço de contorcionismo não foi em vão; largam tudo e correm

para a capital, deixando para trás um rasto nem sempre fácil de apagar e tornando-se um alvo fácil de um jornalista demasiado curioso. Num ápice o sonho vira pesadelo e aquilo que parecia um prémio de carreira torna-se um penoso “walk of shame”.

Cá os vamos vendo passar…

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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