Faleceu a Valecambrense Paula Coutinho pioneira da neurogenética em Portugal

Natural de Macieira de Cambra, Paula Mourão do Amaral Coutinho, de 80 anos, médica neurologista, professora e investigadora e considerada pioneira da neurogenética em Portugal faleceu no passado dia 11 de junho, numa residência de idosos na qual vivia há mais de cinco anos.

A antiga estudante, professora e investigadora da Universidade do Porto, (instituição com a qual manteve ligação por mais de cinco décadas) era uma referência no estudo da paramiloidose e da doença de Machado-Joseph.

Natural de Macieira de Cambra, licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da U. Porto (FMUP) com 18 valores. Desde 1967 a 1998 esteve ligada ao Hospital de Santo António (HGSA), no qual foi estagiária, interna geral e complementar, especialista, assistente, chefe de clínica e de serviço. Foi neste mesmo hospital que iniciou, em agosto de 1966 a aplicação de imunofluorescência na polineuropatia amiloidótica (PAF), mais conhecida como paramiloidose ou por “doença dos pezinhos”.

Aquela que foi consultora clínica no Centro de Estudos de Paramiloidose situado no Porto (1975-1992), voltou à Universidade do Porto, em 1779, para desempenhar funções como professora convidada de Neurologia no Instituto de ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), parceria que se manteve até 1998.

Integrou, desde que foi criada em 1992, e também na U.do Porto a equipa de investigação da UNIGENE (Unidade de Investigação Genética e Epidemiológica em Doenças Neurológicas).

Paula Coutinho, no campo da investigação, especializou-se no estudo da paramiloidose e da doença de Machado-Joseph, tal como referimos, que ajudou a definir como entidade clínica.

O IS3 (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde) na sua nota de pesar, assinada pelo seu diretor Cláudio Sunkel e pelo fundador e diretor do CGPP-IBMC, afirmou que a Paula Coutinho “foi a mentora e responsável do rastreio nacional sistemático, de base populacional, das ataxias hereditárias e paraparesias espásticas, efetuado em Portugal durante mais de 12 anos, o qual conduziu à descrição de novas entidades clínicas e genéticas e que ainda hoje continua a ser fonte de valiosa informação para a investigação desses grupos de doenças”.

Foi também autora e coautora de vários artigos científicos em publicações impactantes e com milhares de citações. Venceu a primeira edição do Prémio Bial (1993), com a sua tese de doutoramento intitulada “Doença de Machado-Joseph: tentativa de definição”.

Em sua homenagem, em 2016, foi plantada uma magnólia no jardim entre os dois edifícios do i3S, para simbolizar a sua ligação ao instituto de investigação que afirma que esta ainda se encontra “viçosa”.

O reitor da Universidade do Porto afirmou que a morte da investigadora foi “uma sumidade mundial da neurogenética”, área em que foi pioneira em Portugal. Mais acrescentou que “o trabalho de investigação que desenvolveu no âmbito das doenças neurodegenerativas, em particular a paramiloidose e a doença de Machado-Joseph, é considerado uma referência internacional, e muito contribuiu para a melhoria do bem-estar de quem padece destes distúrbios neurológicos. A Prof.ª Paula Coutinho prestigiou a medicina e a ciência portuguesas, bem como a Universidade do Porto e os vários institutos de investigação onde trabalhou. Quem teve o privilégio de conviver e trabalhar com a Prof.ª Paula Coutinho, como é o meu caso, foi certamente inspirado não só pela sua extraordinária dimensão intelectual e científica, mas também pela forte empatia que gerava no contacto pessoal”, terminou António de Sousa Pereira.

O funeral de Paula Coutinho realizou-se no dia 13 de junho, na Igreja da Areosa, no Porto.

Fonte e Foto: Notícias UP

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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