Pelo menos aparentemente, reina o sossego: em Arouca discute-se uma Variante que nunca mais chega ao fim, em Vale de Cambra as grandes empresas têm outra alternativa e em Oliveira de Azeméis encolhem-se os ombros perante aquele estrangulamento vergonhoso de Carregosa. Entretanto, veículos de grandes dimensões arrastam-se penosamente entre o Rossio e a portagem da A32 ou depois seguem outro caminho rumo ao litoral.
Mas esta é uma história velha e relha e demonstra até que ponto os nossos políticos, por vezes, demasiadas vezes, são duma ineficácia total. Em 1993, a 15 de Fevereiro, os representantes dos três municípios reuniram-se para discutir o novo traçado, com a presença dum representante do Gabinete de Apoio Técnico, «aguardando-se a elaboração do projecto». Ainda no mesmo ano, com apoio dos senhores deputados por Aveiro e Governo Civil, os responsáveis pelas três Câmaras obtiveram do Ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral, a promessa de elaborar o projecto e «lançar a obra de imediato.» Passados quase trinta anos continua o calvário, agora com a agravante de existir a portagem duma auto-estrada logo ali ao lado.
Em Arouca enganaram-se, redondamente, aqueles que apostaram apenas na Variante, «porque ia resolver tudo em poucos anos.» Tinham razão os que falavam numa terceira «via de lentos» entre Rossas e o Chão-de-Ave e uma alternativa àquela estrada do século XIX, a 224-1, que deve ser das ligações mais ridículas do país a zonas industriais, porque não se quiseram construir três ou quatro quilómetros de estrada.
Mas o mais grave, mesmo muito grave, é nos três municípios existir uma indiferença quase total. Então Arouca é o exemplo acabado duma falta completa de estratégia em termos rodoviários.
Mexam-se, por favor. Aquela vergonha, de que facilmente se apercebe quem lá passa, é bem mais importante que uma nova ligação à Variante e a destruição do recinto da feira, onde se vão gastar mais uns milhões sem necessidade.
Três Câmaras não conseguirem uns míseros quilómetros de estrada, é obra!…
Obra e vergonha para desgraça de quem lá passa.
(A.B.)
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