
O Departamento de Professores Aposentados do SPN realizou mais uma visita “Em busca do património”, desta vez do património industrial de S.João da Madeira (Museu da Chapelaria, Museu do Calçado e Fábrica Viarco).
A opção por São João da Madeira foi a curiosidade despertada pelo facto da cidade se preocupar em preservar o seu património industrial.
A visita permitiu a informação histórica sobre o concelho, que, a partir de meados do século XIX, sofre uma profunda mudança na sua história, tornando-se um dos maiores focos da Revolução Industrial em Portugal. Aí se implantaram várias indústrias: chapelaria, calçado, metalurgia (de que é exemplo a Fábrica Oliva, produtora das famosas máquinas de costura) e a produção de lápis, com a Viarco (a mais antiga fábrica de lápis, ainda em funcionamento).
O Museu da Chapelaria e o Museu do Calçado, localizados em edifícios industriais recuperados, expõem máquinas, ferramentas, matérias-primas, chapéus e testemunhos de antigos operários e, apresenta ainda, áreas dedicadas ao fabrico tradicional e à produção industrial dos sapatos.
A Fábrica Viarco, outro local visitado, informa que a origem do fabrico de lápis em Portugal remonta ao ano de 1907, em Vila do Conde, onde foi fundada a primeira fábrica de lápis, a Portugália, adquirida em 1931, por um industrial de Chapelaria, e instalada em S. João da Madeira.
Interessante ainda foi constatar que a história do desenvolvimento industrial exposta continha ecos de luta e resistência das angústias existenciais e sociais dos operários chapeleiros de S. João da Madeira que, João da Silva Correia, escritor e jornalista são-joanense, tão bem retrata, na sua obra “Unhas Negras” publicada em 1953 e inserida no contexto do modernismo português. Mas também se destacaram algumas lutas operárias, com destaque para a Greve do Calçado, em agosto de 1943, que envolveu milhares de trabalhadores da região.
Carlos Pinho

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