Investigação Discurso Directo. Maus-tratos na Escola Santiago de Piães em Cinfães

Há casos de maus-tratos, com queixas formais, na Escola Santiago de Piães em Cinfães e não são novidade, apenas pouco falados ou até mesmo encobertos. São casos de violência exercida por funcionárias e por uma professora coordenadora da Escola Básica. As denúncias chegaram ao nosso Jornal em catadupa após um caso de bullying que aconteceu em outra Escola de Cinfães se ter tornado público. O caso de bullying na escola Fonte coberta aconteceu entre crianças de 9 anos, os casos de maus-tratos que agora noticiamos acontecem entre adultos e crianças, adultos que deveriam cuidar das crianças mas que exercem o seu poder, a sua autoridade da pior maneira, com violência, com punições que não são sequer permitidas pela lei portuguesa.

O Director do Agrupamento Escolar de Cinfães diz que há um processo disciplinar em curso

O Discurso Directo contactou o Director do Agrupamento de Escolas de Cinfães, professor Rui Botelho sobre estes casos de maus-tratos e violência indicando que sabemos quem são as funcionárias e a professora em causa, pedimos uma explicação porque iriamos publicar a notícia, a resposta foi rápida e lacónica “ há um processo disciplinar com o objectivo de apurar e esclarecer todas as questões que nos foram reportadas“, ficamos assim sem saber se os agressores continuam a exercer o seu trabalho juntos das crianças e sem saber também quando é que foi aberto o processo disciplinar e a quantos funcionários foi instaurado.

Crianças de 5 e 6 anos fechadas numa arrecadação às escuras a quem batiam com “ uma colher grossa de plástico e de pau “, a dúvida é se ainda batem!

O nosso jornal tem registos áudio gravados em que as crianças, inocentemente, contam os castigos frequentes na Escola de Santiago de Piães, temos também conversas com mães que já denunciaram a situação e aguardam uma resposta formal da direcção da Escola, da Inspeção Geral da Educação e até da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Não vamos revelar nem os nomes das mães nem das crianças por uma questão de protecção às crianças, também não vamos revelar os nomes das funcionárias nem da professora coordenadora mas vamos transcrever alguns depoimentos.

Aluno do ensino primário na Escola de Santiago de Piães “vamos para a arrecadação, a luz apagada, cortina fechada, porta trancada e teias de aranha e aranhas em cima para irem para baixo quando estão no escuro”. E onde fica essa arrecadação? “À beira da cozinha “. E quanto tempo ficavas nessa arrecadação? “É muito tempo, quando o professor chegar à sala é que eu saio “. E eras só tu que ficavas na arrecadação? “ Não, era eu mais o yyyyyyy a xxxxxx, um menino que foi para outra escola, o yyyyyy e o yyyyyy a xxxx a xxxxx a xxxxxxxxx e a xxxxx” E porque é que vocês ficavam trancados? Que asneiras é que vocês faziam? “ Nós fazíamos asneiras pequeninas, a brincar uns com os outros”. E estavas a dizer que te batiam com uma colher? “Sim, batiam” E como era a colher? Sabes explicar? “ Era grossa e tinha um pau enfiado“ Era colher de pau? “Era de plástico só que tem pau “ E quem é que batia com a colher? “ Era a Dona YYYYY” E batia de força ou devagar? “Muita  força” E quem é que vos colocava na arrecadação? “ A Dona YYYYYY a Dona YYYYYY e Dona YYYY trancou-me a mim a outros meninos na casa de banho até o professor chegar “. E a Directora da escola o que dizia disto? “ Dizia se eu dissesse ao pai ou à mãe eu fico de castigo sem recreio a semana toda e tudo… e depois disse se eu dissesse ao pai eu ia mudar de escola para uma prisão de meninos mal comportados “.

Este é apenas um depoimento, bastante esclarecedor, há mais casos que foram relatados por outras crianças e outras mães. “Não era o meu filho que deveria ter saído da escola mas sim quem cometeu essas violências, eu preferi tirar o meu filho da escola até porque houve a perda de confiança total. O meu marido confrontou o professor que disse não saber de nada e que nunca imaginou que tal coisa pudesse acontecer na escola”. Outro rapaz de 5 anos continua na escola porque a Auxiliar que o agrediu foi para a reforma, até lá a mãe viveu um verdadeiro inferno “ a professora que já lá não está quis convencer-me que o meu filho tinha problemas comportamentais e que devia tomar comprimidos, quando disse que ia buscar apoio psicológico para o meu filho ela proibiu-me de pedir apoio fora da escola, proibiu-me como se ela tivesse esse poder. Eu como mãe quero o melhor para o meu filho, claro que recorri a psicólogos e agora sei que afinal ele não tem problemas comportamentais apenas tem sensibilidade aos gritos e ao barulho excessivo, até hoje não sei porque é que a tal auxiliar o deitou no chão, se deitou em cima dele e o imobilizou dessa forma, com o peso dela em cima do meu filho, tenho relatos que dizem que isto aconteceu à frente de outras funcionárias e só terminou porque uma delas terá dito “levanta-te que vem aí uma mãe”. Os relatos de maus-tratos e violência física e psicológica nesta escola são diferentes de caso para caso mas todos têm um denominador comum, castigos excessivos que não são permitidos nas escolas portuguesas.

Pais apresentaram queixas formais no Agrupamento Escolar e na Inspeção geral de educação

Cada pai e mãe vão gerindo a situação da forma que pensam ser mais rápida e mais eficaz para cada criança mas nenhum deles está tranquilo enquanto os funcionários que consideram agressores estiverem na Escola de Piães, há uma mãe que nos relatou um caso já com sete anos que deu origem a queixas mas sem consequências.

Em 24 de Outubro de 2025 uma mãe enviou um email ao Novo Director do Agrupamento com a assinatura de seis mães, ainda aguardam resposta oficial. No ano passado outra mãe apresentou queixa a 6 de Novembro, uns dias mais tarde a dezanove de Novembro de 2024 foi chamada à escola, não obteve até ao momento resposta oficial mas a situação parece ter ficado resolvida com a reforma da funcionária. O rapaz já está na primária e continua na mesma escola “até ao momento não estou a ter problemas e a situação na escola melhorou “. O Discurso Directo vai continuar a acompanhar este caso que não pode ficar esquecido.

Margarida Ferreirinha & Pedro Gonçalves

Foto: Município de Cinfães

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