
No último dia do mês de agosto, a União Desportiva de Mansores efetuou um dia de festa, aberto à comunidade, onde se procedeu à inauguração do novo relvado sintético do Estádio das Relvas, bem como à celebração do 20º aniversário do clube.
O Campo de Futebol das Relvas, inaugurado a 28 de agosto de 2005 pelo, à data, presidente da Câmara Dr.Armando Zola, está situado na Mata, e cujo terreno foi oferecido por Elísio de Oliveira Cabral. Manteve um campo pelado durante os seus primeiros quatro anos de existência, até que, a 20 de setembro de 2009, José Artur Neves, presidente da Câmara Municipal de Arouca naquela altura, inaugurou o primeiro relvado sintético deste equipamento. 16 anos depois, procedeu-se à substituição completa do mesmo, uma intervenção da Junta de Freguesia de Mansores, comparticipada pelo Município, de valor pouco superior aos 150 mil euros.
Ao final da manhã do dia acima referido, fez-se a cerimónia de inauguração do mesmo, que contou com a presença do Município de Arouca, atuais e antigos dirigentes do clube, representantes de várias instituições, os presidentes da Câmara Municipal (Dr. Armando Zola) e da Junta de Freguesia de Mansores (Ventura Leite) aquando da inauguração do Campo das Relvas, e ainda o presidente da AF Aveiro, José Neves Coelho. Após discursos dos vários convidados e uma oferta de uma lembrança aos mesmos (um pedaço da relva do primeiro sintético e um pedaço do recém-inaugurado), o pároco da freguesia, José Almonte, benzeu o terreno de jogo. À tarde, cantaram-se os parabéns ao clube e sopraram-se as velas do bolo.
Nota ainda para a apresentação dos atletas da formação do emblema mansorense, bem como o torneio de veteranos, que contou com a presença das equipas de Arouca, Mansores, do GD Fajões e dos estreantes Romariz FC de Santa Maria da Feira.
Em declarações ao nosso jornal, Jorge Oliveira, primeiro presidente da história da UDM, falou-nos do seu passado nos primeiros passos do clube. O atual presidente da Junta de Freguesia levantou o véu quanto às próximas intervenções no Estádio das Relvas e deixou palavras de motivação para a época que se avizinha.
Discurso Directo (DD) – Tendo em conta todo o seu historial, a ligação que tem com o clube, que sentimentos e sensações que passam pela cabeça neste momento tão importante para o clube?
Jorge Oliveira (JO) – “O nosso sentimento é quase de dever cumprido. Lutamos muito por estas infraestruturas. Eu na altura era presidente da ACR Mansores e então, com a Junta de Freguesia e a Câmara, com o sr. Ventura Leite e o dr. Armando Zola, conseguimos, pela primeira vez na história, que o futebol em Mansores fosse uma realidade.
Daí para cá, foram muitos desafios. Conseguimos entrar com uma equipa na Distrital, ainda com o campo em condições reduzidas, e depois fomos aumentando, a nível da bancada, da cobertura, que não tinha no primeiro ano, as próprias cadeiras, o alargamento do campo. O concretizar quase pleno das condições foi em 2009, com novo alargamento do campo e a concretização, pela primeira vez, do relvado sintético.
A partir daí, os desafios e a responsabilidade aumentaram. No primeiro ano, em 2005, eu era presidente do clube e jogador e as responsabilidades eram grandes e depois fomos criando novos desafios. Em 2016, alteramos a iluminação do estádio. Tudo isto, deu-nos responsabilidades para que a formação e os seniores fossem uma realidade em Mansores e com o apoio de freguesias vizinhas.
Estes 20 anos, dizem um pouco da história que tivemos, de todas as conquistas, com muitos apoios de empresas patrocinadoras, dos sócios cativos, da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal. Estamos satisfeitos, contentes. Nesta minha missão de presidente da Junta, acompanho diariamente o Mansores, sou um adepto nato do clube.
Conseguimos, 15 anos depois, quase 16, um novo relvado sintético. Já na altura, tinha sido o primeiro do concelho. 15 anos depois, aqui estamos a comemorar também os 20 anos do clube, com uma nova direção, ativa, com muitos jovens. É nossa obrigação que o Mansores continue com muito sucesso, fair-play e com toda esta alegria que vemos.”
DD – Começou como presidente do clube e também jogador. Fale-nos disso.
JO – “Eu era presidente da ACR Mansores e, visto que não era possível na altura criar uma nova associação só para o clube, porque tinha algumas burocracias, criamos uma secção de desporto. Inscrevemo-nos imediatamente na AF Aveiro e então fiquei como presidente da associação e dessa secção, visto que na altura não havia disponibilidade de mais ninguém.
Joguei três anos no clube, com a missão ingrata de ser jogador e presidente, o que, por vezes, não foi fácil. Conseguimos, com tranquilidade, independentemente dos treinadores que estavam a gerir, a autonomia dos diretores. Tínhamos um diretor em cada lugar da freguesia.
Depois, como o futebol já envolvia vários dinheiros, terminamos com a secção de futebol na ACR Mansores, e criamos a União Desportiva de Mansores, em 2009. O presidente na altura foi o José Augusto Feiteira. Depois deixei de jogar, não era possível conciliar a nível profissional os treinos e jogos. Só fiquei como diretor e adepto, apoiante.”
DD – Como é que Jorge Oliveira como jogador?
JO – Joguei em vários clubes, comecei há 31 anos atrás no GD Fajões, tinha 16 anos, comecei tarde, nos juniores. Fiz dois anos no GD Fajões, subimos a séniores, fomos campeões da 3ª Divisão. Fui para o Macieira de Sarnes, regressei ao GD Fajões, ainda joguei no ACRD Mosteirô, no qual subimos no 1º ano e mantivemos de divisão no 2º ano, na altura num campo com condições muito reduzidas. A partir de 2005, dei continuidade ao projeto do Mansores. Não era fácil, isto de ser jogador com as responsabilidades de presidente.”
DD – Como olha para o trajeto recente do clube?
JO – “Nos últimos anos, estabilizou-se a formação, recebemos o certificado de 2 estrelas pela AFA. Temos tido inúmeros atletas a representar a equipa de Aveiro. É um clube em crescimento, que vai desenvolver mais. Estamos a pensar num aumento das infraestruturas, a nível de balneários, que começam a não dar resposta, embora no ano passado tenhamos comprado o contentor, que veio dar alguma ajuda.
Temos um campo que queremos, a curto prazo, fazer os campos de futebol de 9 e de 7, para dar ainda mais condições à formação. Continuamos a investir, a apoiar o desporto. As crianças, saindo do ambiente familiar e da escola, o futebol acaba por ser uma mais valia, ganham outro tipo de resistência na saúde. Em vez de estarmos a ver as crianças nos telemóveis e no digital, é importante sermos responsáveis de os incentivar ao desporto.”
DD – No primeiro ano do clube, que era um sonho antigo, existiu a subida de divisão, com prémio fair-play. Tendo vivido tudo de perto, que memórias guarda?
JO – “São memórias que nunca mais se apagam. Por vezes pergunto-me como é que, na altura, eu próprio…foi sempre um teste às nossas capacidades, porque, uma coisa era estar no mundo do associativismo, estive à frente de praticamente todas as associações da freguesia. No futebol, foi um desafio enorme.
Eu era lateral, direito ou esquerdo, não jogava sempre, mas aceitava o que o treinador dizia, tentava unir o grupo, era, de alguma forma, um psicólogo. A minha forma de estar era praticar desporto, com os meus colegas e amigos, mas de uma forma quase familiar. Era um grupo de amigos que se reunia, mas sempre com ambição e compromisso, ninguém faltava aos treinos e eu exigia dos meus colegas.
Eu dizer mesmo como consegui fazer isso, não consigo avançar com uma explicação para isso. Fi-lo sempre de uma forma muito natural. A gente vinha para aqui muitas vezes aos sábados e saía ao domingo à noite, porque tínhamos de tratar de tudo, alisar e marcar o campo, limpar balneários. Não era pelo dinheiro, que nós não ganhávamos, era a responsabilidade e o compromisso de lutar pelo símbolo que representávamos.
Chorávamos quando ganhávamos, tivemos muitas vitórias dificílimas, contra equipas com muita história. E isso deixava-nos orgulhosos, uma freguesia muito pequenina, como é que ganhávamos a tantas equipas? A base do sucesso foi a calma e serenidade que eu próprio tentei transmitir.”
DD – Este ano é para subir?
JO – “Eu fiquei muito triste pelas duas descidas seguidas, mas, por vezes, é preciso dar um passo atrás para dar dois à frente. Eu tenho essa esperança, sou uma pessoa motivadora. Estou com muita esperança e motivação, não é por acaso que vamos continuar a apoiar o clube. Acima de tudo, não devemos condenar as descidas, crescemos com os erros, as descidas, as derrotas e o sabermos perder.
A nova direção, com a coragem que está a ter e como disse o presidente António Almeida, não têm muita experiência, mas têm muita vontade. A união de grupo vai ganhar muitos jogos, isso é fundamental”.

Texto: Simão Duarte
Fotos: Ricardo Almeida – UD Mansores

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