Carlos Rocha “Nunca houve tanto investimento em Real como agora”

Quase a concluir o seu primeiro mandato à frente da Junta de Freguesia de Real, Carlos Rocha traça um balanço positivo do trabalho desenvolvido, não só pelas obras concretizadas, mas sobretudo pela forma como conquistou a confiança da população e consolidou uma relação de proximidade com a Câmara Municipal de Castelo de Paiva. Em entrevista ao Discurso Directo, o autarca, eleito em 2021 pelo movimento independente “Mudar para Melhor”, fez questão de sublinhar o apoio que tem recebido do atual presidente da Câmara, José Rocha, e destacou a importância de dar continuidade a um projeto que considera ainda longe de estar concluído.

Uma transição inesperada, mas determinada

A entrada de Carlos Rocha na vida autárquica aconteceu de forma inesperada: após décadas a trabalhar no estrangeiro, em Angola, Moçambique, Malawi e outros países africanos, já se encontrava de regresso a Portugal quando recebeu o convite de Vítor Quintas para integrar a vida política local. Foi esse desafio que o levou a envolver-se ativamente na freguesia de Real, aceitando encabeçar a candidatura pelo movimento “Mudar para Melhor”.

“Foi um desafio muito grande. As pessoas não me conheciam bem, mas fui conquistando a confiança com trabalho, com proximidade, com obras feitas no terreno”, afirma, lembrando que parte significativa da população, sobretudo os mais jovens, desconhecia o seu percurso.

Apesar das dificuldades iniciais e de um mandato marcado por imprevistos — desde a instabilidade política nacional até à inflação provocada pela guerra na Ucrânia —, o presidente considera que “quase todos os objetivos foram cumpridos”, embora admita que “há sempre muito por fazer”. Carlos Rocha destaca ainda a importância de ter experiência em grandes projetos de construção, o que lhe permitiu lidar com mais segurança e conhecimento técnico nas obras realizadas pela Junta.

Obras que fazem a diferença

Entre as intervenções de maior impacto, destacam-se a requalificação da Rua Central do Seixo e do bairro do Vale da Mota, com obras realizadas em articulação com a Câmara Municipal. Mas foi nas escolas da freguesia que o atual executivo começou a intervir com maior urgência. Carlos Rocha lembra que os edifícios escolares se encontravam praticamente nas mesmas condições desde os anos 70, sem aquecimento nem conforto adequado para as crianças. “Hoje, uma criança sai de casa num carro moderno e entra numa escola sem condições. Isso era inaceitável.” A Junta tomou medidas imediatas, com o objetivo de proporcionar um ambiente mais digno, especialmente durante o inverno, garantindo aquecimento e melhorias nos espaços de aprendizagem.

Além das escolas, foi feita a expansão da rede de abastecimento de água, com destaque para um investimento recente de 170 mil euros que levou água potável a lugares onde ainda se vivia com captações rudimentares. Resolveram-se também vários problemas antigos de acessibilidade, nomeadamente em zonas onde ambulâncias não conseguiam chegar, obrigando a intervenções urgentes para garantir a segurança dos residentes.

Mas é na habitação e no saneamento que o presidente deposita agora as maiores esperanças. “Temos um projeto aprovado para construir 16 casas em terreno da Junta. Está tudo pronto, mas falta o financiamento. Espero que, com estabilidade governativa, isso possa avançar”, afirma. Também a construção de uma nova ETAR e a melhoria global da rede de saneamento continuam entre as grandes prioridades para os próximos anos.

Relação de confiança com a Câmara

Ao longo da entrevista, Carlos Rocha foi perentório: “Nunca, em tempo algum, se investiu tanto em Real como agora, com José Rocha na presidência da Câmara.” O elogio não é isolado. O presidente da Junta fez questão de destacar várias vezes o apoio da autarquia, tanto a nível financeiro como logístico, referindo a entrega de materiais, a colaboração em projetos estruturantes e a abertura ao diálogo.

“Este Presidente da Câmara prometeu distribuir os recursos pelas freguesias e cumpriu. Nós sentimos isso. Trabalhámos lado a lado e conseguimos fazer obra com sentido”, afirma. Carlos Rocha valoriza também o modelo de governação assente na articulação institucional: “Quando sou eleito, sou presidente de todos, não do meu movimento. Tenho de votar os orçamentos que servem a freguesia. E se me servem, apoio-os.”

Para além da articulação institucional, destaca também o papel ativo da Junta na viabilização das intervenções, nomeadamente na negociação direta com proprietários para cedência de terrenos e no acompanhamento regular das obras no terreno, o que permitiu acelerar processos e garantir uma execução mais eficaz.

“I have a dream”

O presidente defende uma abordagem realista e equilibrada para o futuro da freguesia, com foco na habitação jovem, na fixação da população e na valorização dos recursos naturais. Aponta como prioridade a revisão do PDM, que considera excessivamente restritivo, impedindo que terrenos disponíveis possam ser utilizados para construção. “Temos terreno para javalis, mas não para pessoas”, diz, com ironia.

Entre os projetos estruturantes que gostaria de ver concretizados a longo prazo, Carlos Rocha aponta a criação de espelhos de água no rio Sardoura, uma ciclovia a ligar Real à vila de Castelo de Paiva e a construção de um centro multiusos para uso comunitário. Contudo, o autarca reconhece que essas ideias têm de ficar em segundo plano, uma vez que há necessidades mais urgentes na freguesia, como o saneamento, a habitação e a melhoria das acessibilidades.

“Tenho um sonho — como dizia o americano — de ver a nossa freguesia com mais condições para os jovens viverem com dignidade”, afirma, mas frisa que esse sonho só fará sentido se for sustentado por condições básicas garantidas para todos os realenses.

Uma liderança próxima e determinada

Se for reeleito, Carlos Rocha promete manter a energia e postura: “Levanto-me todos os dias às 7 da manhã, percorro a freguesia, atendo chamadas a qualquer hora. Quero continuar a olhar pelas pessoas, a resolver os seus problemas.” E caso a vontade popular não o reconduza, garante que sairá de cabeça erguida, com a consciência tranquila e com o desejo de que “quem vier continue a fazer mais e melhor”.

Está também a preparar um livro com a história dos presidentes da Junta após o 25 de Abril, um gesto simbólico que pretende deixar como legado de memória e identidade. Para além disso, Carlos Rocha revelou que está a redigir uma carta formal de agradecimento aos proprietários que, ao longo do mandato, cederam gratuitamente terrenos para a execução de várias obras na freguesia, nomeadamente na melhoria de acessos e pavimentações. O documento pretende registar, para memória futura, esse gesto de colaboração que permitiu aumentar a qualidade de vida em Real sem custos acrescidos para os cofres públicos.

A mensagem final

A fechar, Carlos Rocha dirige-se aos realenses com simplicidade e empatia: “Quero agradecer a forma como enfrentámos juntos os incêndios. Se me escolherem para continuar, serei sempre igual a mim próprio: acessível, trabalhador e dedicado. A minha missão é cuidar da freguesia e de quem cá vive.”

Junta de Freguesia de Real

Texto e foto: Pedro Gonçalves

sobre o autor
Pedro Gonçalves
Discurso Direto
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