20 anos da adesão de Arouca à Área Metropolitana do Porto

As perspetivas de Luís Silva, primeiro deputado metropolitano, e Gomes Ferreira, presidente da Assembleia Municipal de então

No lido ano de 2005, o concelho de Arouca, pertencente ao distrito de Aveiro, aderiu à Área Metropolitana do Porto (AMP), instituição que agrega 17 concelhos, grande parte deles do distrito do Porto, mas onde existem exceções, na medida em que seis dos seus concelhos são do distrito de Aveiro, como são os casos de Arouca e Vale de Cambra. As relações fortes de terras de Santa Mafalda para com a Invicta levaram a que estas se oficializassem a 28 de janeiro de 2005, quando Arouca aderiu oficialmente à AMP.

A esse propósito, o Discurso Directo colocou algumas questões a entidades da política arouquense, começando pela atual presidente da Câmara Municipal de Arouca, que pode rever no nosso site ou na edição nº 613 do jornal impresso. Desta feita, falamos com Luís Silva, o primeiro deputado metropolitano de Arouca, e Gomes Ferreira, o presidente da Assembleia Municipal de Arouca à data. Começando por Luís Silva, este confessou-nos que “À época, fui defensor da ligação a Aveiro por entender existirem ligações de ordem politica muito mais próximas e solidificadas do que em relação ao Porto, e muito pelo fato dos municípios que a integravam serem de dimensão semelhante a Arouca o que fazia legitimamente supor uma maior igualdade nas decisões, ou pelo menos uma menor disparidade,  ao invés do que acontecia e acontece na AMP.”. Esta linha de pensamento levou-o a considerar que “se Arouca tem aderido à GAMA (Grande Área Metropolitana de Aveiro), teria tido maior influência nas decisões e obter um maior proveito dessa participação.”.

Contudo, “e por uma questão de honestidade intelectual”, Luís Silva refere de seguida que “a adesão à AMP acaba por ser positiva, na medida em que permitiu a Arouca beneficiar de uma colaboração mais estreita com outros municípios da região, facilitando o acesso a recursos financeiros, projetos conjuntos e a implementação de políticas públicas mais eficazes em áreas como mobilidade, ambiente e turismo e, enquanto tal, revelou ser de ganho não despiciendo.”.

Luís Silva aponta, como principal defeito da adesão de Arouca à AMP, “falta de apoio musculado que se impunha e que sempre se reivindicou, tanto no órgão em apreço como no espaço público, no que concerne aos acessos rodoviários mormente á muito almejada conclusão da variante. Tanto eu, como o Dr. Armando Zola, bem como o Dr. Vítor Mendes, colocamos esse assunto na ordem do dia na Assembleia Metropolitana, quer por intervenções aí realizadas, bem como sensibilizando os diferentes colegas de bancada, procurando nunca que o tema fosse relegado para o esquecimento.”

A perspetiva de Gomes Ferreira

Por sua vez, Gomes Ferreira considera que esta adesão nada mais foi do que “a formalização administrativa do que era a relação natural de Arouca com o designado Grande Porto”, para onde “fluíam historicamente as nossas relações ao nível comercial e de trabalho e onde vivia uma grande comunidade de arouquenses”. Ao contrário de Luís Silva, Gomes Ferreira tem uma visão menos positiva da GAMA (Grande Área Metropolitana de Aveiro), considerando-a “foi um projeto falhado”, perspetivando que, numa hipotética adesão à época, poderia vir a acontecer “o mesmo que aconteceu a Vale de Cambra e a Oliveira de Azeméis. Depois de terem estado na criação da GAMA vieram a integrar mais tarde a AMP”.

Na sua visão, o concelho arouquense “desenvolveu-se muito mais do que a generalidade da população de Arouca, e de fora, era capaz de prever há vinte anos”, reiterando que “embora isso não resulte necessariamente da adesão à AMP, fez-se contando com ela”, a qual deverá continuar a responder “aos grandes desafios dos municípios que a integram: coesão territorial e solidariedade intermunicipal, rejuvenescimento demográfico, saúde e qualidade de vida, incluindo o envelhecimento digno, acesso à habitação, aumento das qualificações da população, incluindo ao nível da transição digital, combate às desigualdades e à discriminação e aprofundamento da cidadania e da democracia.”.

20 anos depois, Gomes Ferreira considera que é importante que “os municípios que a integram e a população reivindiquem a concretização da regionalização, com a criação da Região Norte. Estou convicto que só assim se vencerá o excessivo centralismo do país e se superarão os desafios que enunciei”.

Texto: Simão Duarte

Foto: AMP

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Simão Duarte
Discurso Direto
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