ESA recebeu 16 alunos ao abrigo do Programa Erasmus

Estudantes arouquenses também realizaram intercâmbio na República Checa e País Basco

Sob a égide do Programa Erasmus Escolar, mais precisamente dentro do tema ACT-Across Cultural Twings, a Escola Secundária de Arouca participou ativamente nesta jornada que decorreu de 24 de novembro de 2024 a 21 de março de 2025. Além do intercâmbio de estudantes, que se efetivou, com este programa pretendia-se sobretudo alargar a consciência europeia através de uma visão global das vantagens pessoais e profissionais que a UE oferece.  O DD falou com alguns dos estudantes que participarem nesta última etapa para perceber um pouco como foi a experiência para todos.

De 24 a 30 de novembro de 2024 Bermeo, uma vila costeira no País Basco, foi palco de uma experiência enriquecedora para oito alunos arouquenses do ensino secundário, que lhes permitiu obter momentos de imersão cultural e educativa. Três meses depois, de 3 a 7 de fevereiro de 2025, Žd’ár nad Sázavou, pequena cidade situada a 180 km de Praga, na República Checa, recebeu um grupo de alunos do Ensino Secundário da ESA tornando-se numa atividade “enriquecedora” para os participantes, tal como referiu o Agrupamento em notícias partilhadas nas suas redes sociais.

A última mobilidade ocorreu em Portugal, mais precisamente em Arouca, de 17 a 21 de março de 2025. Relativamente a esta última parte do projeto o nosso jornal falou com três das participantes para saber que balanço fazem desta iniciativa intercultural.

Bárbara Castro, 17 anos, estudante da ESA reconheceu ao DD que o que a levou a participar num projeto internacional como este foi o “gosto por viajar, conhecer novas culturas e fazer novas amizades internacionais”. Para a jovem o programa Erasmus “é uma oportunidade única para sair da zona de conforto, explorar o mundo e criar laços com pessoas de diferentes origens”.

O DD ficou igualmente a saber que os requisitos de participação impostos pela ESA não foram muito rígidos tendo apenas sido exigido que quem acolhesse visitantes estrangeiros tivesse uma cama para cada um deles. Bárbara Castro foi um dos seis alunos que viajaram em fevereiro para a República Checa com 2 professoras. Destaca como aspeto cultural mais interessante, e fora do usual, os “alunos andarem descalços na escola, e também em casa”, sendo “a primeira coisa que faziam quando chegavam a estes espaços”.

Como aspetos positivos realça a “hospitalidade e a visita a museus em Praga”, que era o seu sonho visitar. Acredita, todavia, que algo negativo tenha sido a comida, pois “quem está habituado de comer comida muito bem temperada daqui de Portugal, e se depara com uma comida muito diferente e insípida, é difícil de gostar”, desabafa. Bárbara acredita que o programa, acima de tudo, promove a partilha de “valores fundamentais, como a democracia, os direitos humanos e a liberdade”, que ajudam a construir um espaço europeu “de paz, estabilidade e prosperidade”. No que toca à educação ambiental a visita a um país estrangeiro como a Chéquia permitiu-lhe “conhecer novas práticas ambientais e perceber como diferentes comunidades adotam medidas sustentáveis no dia a dia, desde a gestão de resíduos até ao uso eficiente de recursos naturais, como o uso do sol para aquecimentos de água, o vento para gerar energia renovável, e matérias domésticos para a filtração da água”. A experiência foi, no geral, proveitosa para entender que “independentemente do país, todos temos um papel fundamental na construção de um futuro mais sustentável”, como acrescentou.

A jovem voltaria a repetir esta vivência porque “cada momento vivido foi enriquecedor e inspirador”, tendo sido uma oportunidade “única” para “crescer a nível pessoal e académico, conhecer novas culturas e desenvolver uma visão mais aberta do mundo”. “A todos os colegas, alunos recebidos e à ESA, quero deixar uma mensagem de gratidão por tornarem esta experiência tão especial”, concluiu a estudante.

“O Erasmus é uma oportunidade única para sair da zona de conforto, explorar o mundo e criar laços com pessoas de diferentes origens”

Foi o sentido de curiosidade de comparar o seu “dia a dia” com o dia a dia de alguém da sua idade e com “costumes completamente diferentes” que levou Inês Rocha, 16 anos, a ingressar igualmente nesta jornada fazendo parte do grupo de alunos que viajou para a Chéquia em fevereiro. Um dos aspetos mais estranhos para a estudante, no local, foi o facto de “ignorarem em parte a hora do jantar e fazerem refeições mais pequenas ao longo do dia, além de não compartilharem refeições em família”. Seguindo a linha da primeira entrevistada, Inês Rocha revela que os aspetos positivos foram a “hospitalidade e o clima”, e o negativo a “comida”, uma vez que “os pratos apresentados tanto dentro como fora da escola foram algo desapontantes”. Como melhor ensinamento que retirou a nível ambiental, Inês Rocha ressalva os alertas feitos expondo o “uso excessivo de plástico”, temática predominante na sua visita à Chéquia, país que criou “as sacas de supermercado mais ecológicas que há hoje em dia”.

Fica o sentimento de satisfação, mas de ter tido pouco tempo para aprender e aproveitar o país visitado. “Pessoalmente, acho que estas pequenas experiências que nos são proporcionadas devem ser aproveitadas e desfrutadas por todos, não tenham vergonha ou medo de participar, é uma experiência incrível, fora da nossa zona de conforto e ideal para quem gosta de conhecer um bocadinho mais acerca do mundo”, garantiu a entrevistada.

“Estas pequenas experiências que nos são proporcionadas devem ser aproveitadas e desfrutadas por todos, não tenham vergonha ou medo de participar”

 Tereza Práčková, 17 anos, aluna da República Checa que visitou Arouca, afirmou ter sido “emocionante” aperceber-se de como a cultura portuguesa era “diferente” da sua, mas, ainda assim, semelhante. “Gostei de aprender sobre as suas tradições, música, comida e formas de pensar. Também foi interessante ver a rapidez com que conseguimos formar amizades, apesar das nossas diferentes origens”, evidenciou.

A hospitalidade tanto da sua família de acolhimento como da escola “foram incríveis” para Tereza. “Todos foram muito acolhedores e simpáticos”, destaca, não esquecendo a paisagem do Geopark de Arouca, “de tirar o fôlego”, tendo adorado também a atividade de rafting no “Rio Paiva”. “Adorei experimentar a comida local preparada na minha família de acolhimento, ou quando fomos convidados para o restaurante local. Foi muito interessante comparar o funcionamento da escola, podíamos assistir às aulas e comer no refeitório. O ambiente geral era descontraído e agradável”, lembra.

Apesar das diferenças culturais existentes na EU Tereza acredita que os valores que partilhamos são “comuns”, como a importância da “educação, da sustentabilidade e da cooperação”. O viajar e conhecer diferentes pessoas na Europa mostrou-lhe o “quão interconectados estamos”, conexões que continuarão, segundo a jovem, “a se fortalecer no futuro”.

“A hospitalidade das pessoas, tanto na minha família de acolhimento como na escola, foi incrível”

Lucka Hromádková, 17 anos, teve a oportunidade de também conhecer Arouca e revela nunca ter conversado tanto com pessoas estrangeiras como nesta experiência Erasmus.

Como aspeto negativo aponta as “casas frias” de cá, mas, no geral, para si “foi bom”. Como aspetos positivos evidencia a tão referida “hospitalidade, pessoas simpáticas”, e a boa “comida”, que para si até no refeitório da escola “estava boa”, além das paisagens lindas. Alerta para o facto de ter notado que em Portugal se recicla pouco, comparativamente à República Checa, apesar de ponderar que pode não ser algo generalizado. No geral adorou a experiência e faria de novo. Pediu aos organizadores para futuramente, nesta iniciativa, realizarem mais atividades para “quebrar o gelo”, pois os alunos “não vão espontaneamente conversar com quem nunca viram antes”. “Essa foi a única coisa que senti muita falta, porque eu queria conversar com todo a gente, queria fazer novos amigos, mas não sou uma pessoa muito comunicativa, então foi difícil para mim”, afirma.

Lucie Laifrová, 17 anos, checa, foi a última aluna com quem falamos e o facto de se ter dado muito bem, logo de início, com os alunos portugueses foi algo que a estudante “não esperava”. Não apontou nada de negativo sobre a estadia em Arouca, apenas a dificuldade em perceber o que os colegas, por vezes, “queriam dizer”. A comida foi uma surpresa, e não existiu nenhum entrave com a “hospitalidade, clima e as condições de vida”. Segundo Lucie esta foi uma excelente atividade e se pudesse voltaria a fazer tudo de novo, aconselhando “ao máximo” outros jovens a experimentar.

Texto: Ana Castro

Fotos: DR

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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