A 1 de dezembro de 2023, arrancou pela primeira vez a UNIR, a rede de autocarros da Área Metropolitana do Porto que abrange os seus 17 municípios. Após um início repleto de problemas e queixas levantadas pelos utilizadores, o Discurso Direto falou com Márcio Pinto, um dos administradores do grupo de Facebook “Unir – Grupo de Informação (Ajuda a Passageiros)”, por forma a perceber como se encontram de momento os serviços da rede.

Criado poucos dias depois do início da rede, o grupo de ajuda, criado por Márcio (e ao qual Raúl Campos, o segundo administrador, se juntou pouco depois),   surgiu para “ajudar todos os passageiros da Rede Unir num início que foi complicado a todos os níveis para todos os passageiros e utilizadores da Rede. Foi uma enorme pesquisa e vontade de ajudar o próximo que me levou a mim e depois ao Raul de juntos ajudar quem mais precisa. Tudo isto foi possível porque estudamos imenso a Rede Unir e continuamos sempre a atualizarmos dia após dia.”. O início foi difícil, não apenas para passageiros, mas também para os motoristas, que contaram com a preciosa ajuda de Márcio: “No início mesmo da Rede Unir cheguei a ajudar alguns motoristas, a andar juntamente com eles nos trajetos das linhas que estavam a aprender, em diversas localidades de municípios do Lote 5 (Santa Maria da Feira-Oliveira de Azeméis-Arouca-São João da Madeira-Vale de Cambra)”.

Cada um dos 8000 membros do Grupo tem acesso às mais diversas informações da Rede, tendo ainda a possibilidade de efetuar pedidos de informações, atendidos pelos administradores assim que possível, algo que os leva a usar muito do seu tempo pessoal e profissional para atender às necessidades e queixas dos membros. Perante as inúmeras queixas dos utilizadores, Márcio confessou-nos que “notamos muito desconhecimento, porque em nossa opinião as pessoas não pesquisam os meios que existem de informações. A Rede não é apenas os horários e os utentes pensam que tudo se baseia num horário. No site da Unir (www.unirmobilidade.pt) podem ser consultados os horários, trajetos, linhas, etc. Diariamente ando pela rua e noto que, com 13 meses de serviço, é inacreditável como as pessoas ainda não sabem o número ou números de linhas que podem utilizar para as suas localidades. A responsabilidade não pode ser só da rede, mas também do desconhecimento e por vezes falta de interesse das pessoas. Vejo todos os dias pessoas que estão na paragem e nem se dão ao trabalho de lerem a placa do autocarro com o número de linha e para onde se desloca”. Márcio reconheceu também que o site deveria ser melhorado e incluir, por exemplo, “um planeamento de viagem, as várias opções para cada destino”.

Uma outra sugestão de melhoria que Márcio deu foi “a colocação de postaletes nas paragens”, algo obrigatório e estipulado no “caderno de encargos”, que contém “o número ou números de linhas que passam em cada paragens”. Esta situação deverá ser assegurada pelos municípios e no lote 5 (n.d.r Santa Maria da Feira iniciou esse processo após a conversa com o entrevistado), que abrange Arouca e Vale de Cambra, segundo o entrevistado “não há sinais de nenhuns dos municípios em iniciarem a contratação e fabricação destas placas para serem colocadas em todas as paragens. Custa me ver como as entidades competentes deixam as coisas rolar por rolar quando assim não devia ser, pois têm obrigação de olhar pelo interesse dos seus munícipes”.

Por último, perguntamos a Márcio Pinto se existem problemas específicos da rede em Arouca e Vale de Cambra, ao que o entrevistado começou por responder dizendo que Arouca “a nível de linhas e horários, penso estar muito bem servido”. Já Vale de Cambra “penso que necessitava de mais um ou 2 serviço na ligação da linha 1223 que liga Vale de Cambra até ao Porto, visto só ter 2 ligações por dia, uma de manhã e outra a noite”. A este propósito, o nosso entrevistado apontou ainda que a linha que liga os dois concelhos deveria ter “no mínimo, mais 1 ou 2 serviços por dia, em especial na hora de almoço, ida e volta”.

Texto: Simão Duarte

Foto: Grupo UNIR