Em 2025 comemoram-se 10 anos da criação do Círculo Cultura e Democracia, associação cultural, criada em fevereiro de 2015, com o nome “Círculo mais Democracia”. Para comemorar a efeméride, o DD falou com duas representantes da direção, que nos traçaram uma retrospetiva sobre os momentos e eventos mais marcantes dos últimos anos, e desvendaram quais os objetivos para o futuro de uma entidade que pretende “ir ao encontro da comunidade que o acolhe”.

Após um ano de atividade enquanto movimento informal é lançado, há dez anos, a Associação Cultural e de Cidadania Círculo Cultura e Democracia. A ideia surgiu, segundo Colette Costa e Marta Duarte, representantes da Direção da Associação, na “sequência de uma conferência sobre a Dívida Pública, em abril de 2014, a qual teve uma numerosa “assistência”, e na qual se gerou uma “discussão muito viva e partilhada”. Os promotores da conferência entenderam que se “justificava a abertura de outros espaços de informação, reflexão e debate, para pensar o mundo, em e a partir de Arouca”.

Nasce assim o Movimento “Círculo Mais Democracia e, em fevereiro de 2015, dá-se a sua apresentação pública e realiza-se a sessão de abertura das “conferências de Arouca”, intitulada “Construir o futuro em Arouca”. Outras se lhe seguiriam e, mediante o acolhimento do público arouquense, os fundadores resolvem constituir a Associação a 11 de janeiro de 2016.

O nome revela o seu propósito, o de “ser um lugar de encontro e de diálogo (Círculo) que se abre à Cultura e ao Conhecimento, como forma de contribuir para que cada um se sinta mais parte da Democracia”.

“Sentimos que o Círculo poderia contribuir para criar espaços e novas oportunidades de pensamento”

Surpreendidos e sensibilizados com a receção do público às primeiras conferências que organizaram, perceberam uma “vontade latente e genuína do público em pensar e debater variadas questões”, além de que o Círculo poderia contribuir para “criar espaços e proporcionar novas oportunidades de pensamento, diálogo e participação cultural, até então escassos ou não existentes.”

Além de conferências, tertúlias e afins têm promovido outros eventos culturais, sendo que a música tem “merecido um lugar de relevo” na sua programação, “com a realização de concertos de música de câmara, jazz e recitais de canto e poesia”. Seguindo 4 eixos temáticos “Cultura e Conhecimento” / “Território e Desenvolvimento” / “Democracia e Cidadania” e “Estado e Sociedade”, tentam variar entre estas áreas com base no que os preocupa ou suscita curiosidade, procurando “abordar temas contemporâneos ou transversais às épocas, que desafiam a nossa vida, a nossa terra, o país e o mundo, na expectativa que também interessem ao público”. A escolha dos temas é, portanto, uma combinação entre atualidade, diversidade, pertinência e escala (local, nacional, global).

No que toca à afluência nos seus eventos têm sempre uma audiência razoável, “de 40 a 80 pessoas”, atraindo “diferentes públicos” conforme as afinidades, onde se incluem “pessoas de fora do concelho”.

“Procuramos abordar temas contemporâneos ou transversais às épocas, que desafiam a nossa vida, terra, país e mundo”

A participação ativa do público nos debates das conferências é algo que os “alegra muito” e “justifica o seu empenho”. Paralelamente, “fora do evento”, vão tento alguns “ecos de reflexões”, por parte de associados e outros participantes, e também na imprensa e “pontualmente nas redes”. Notam que, ao longo destes anos, “a oferta cultural” em Arouca se tem “diversificado e enriquecido”, solidificada em espaços de diálogo, reflexão e partilha de conhecimento semelhantes, o que demonstra o interesse crescente da comunidade.

A propósito dos 50 anos do 25 de abril, e as repercussões que trouxe para a democracia, as representantes referiram que este sistema político tem sido um “sistema de organização fonte de progresso, equidade e bem-estar, mas é frágil”, e nunca adquirido “para sempre”. Afirmam, por isso, que é muito mais fácil minar a democracia do que “construir e consolidá-la”.

“Estamos num momento desafiante, de grandes mudanças, muito aceleradas, e incertezas, que podem não ser muito favoráveis ao exercício da democracia. É preciso estar muito vigilante”, elaboraram. Desse modo, “oferecer informação consistente para melhor compreender o mundo em que vivemos, e assim tomar decisões que sirvam os nossos interesses e os da sociedade” na qual estão inseridos continuará, tal como ressalvaram, a ser o “grande objetivo do Círculo”.

“Estamos num momento desafiante, de grandes mudanças, que podem não ser muito favoráveis ao exercício da democracia”

Quando questionadas sobre quais as iniciativas que ao longo destes 10 anos foram as mais importantes, e que tiveram mais repercussão identificaram as “Conferências de Arouca”, as “Tertúlias e conversas em ambiente mais descontraído e de maior proximidade”, as “Jornadas de Ciência”, no campo artístico o “ECOS entre as Serras- da Freita ao Montemuro”, e as “Jornadas da Floresta” (com 3 edições 2017, 2018 e 2019).

Estes 10 anos do Círculo são “certamente uma altura própria a balanço e avaliação para deitar as mãos ao futuro e ir ao encontro da comunidade que o acolhe”, enalteceram. “Queremos ser um Círculo em movimento, que se presta à curiosidade e ao espanto, que convida a sentir-se em casa, saindo do lugar. Porque o mundo se presta a muitas formas de pensarmos sobre ele, encontrar novas formas de conversarmos e de nos entendermos, procurando criar novos sentidos, caminhos e futuro. Habitar este espaço, habitar este tempo, olhar mais uns para os outros, ou melhor, uns pelos outros”, concluíram.

Ana Isabel Castro

“O nosso dinheiro e o funcionamento do sistema financeiro”, em 2017 – uma das Conferências de Arouca que teve maior assistência

Conferência “Como vai o amor”, sobre a evolução dos relacionamentos amorosos e afetivos, em 2020

Jornadas de Ciência de Arouca