
Eleito presidente da Junta de Freguesia de Fornos em 2021, e apesar de já ter sido tesoureiro durante alguns anos neste órgão executivo, Carlos Moreira acredita que ser presidente é um “trabalho completamente diferente e muito mais exigente”, mas que todavia lhe dá gosto “pelo amor à sua freguesia e à população”.
O mesmo foi convidado para se candidatar como presidente após o término do mandato do antigo presidente, convite que aceitou, admitindo gostar “de estar perto da população e de ajudar as pessoas”. O autarca confessou mesmo ao DD que esta é a primeira vez que entrou na política e que “foi às escuras”, no entanto “já gostava disto só não tinha a noção do que era estar aqui e de todo o trabalho que envolvia”.
Natural de Formos, local onde cresceu, foi aí que sempre quis contribuir para ajudar a sua freguesia, tendo a clara noção de que “nem sempre é possível agradar a todas as pessoas”, no entanto vai lutando para aquilo que considera ser a melhor para Fornos.
DD-O que o motiva a continuar a desenvolver o trabalho que tem feito até agora?
CM-É exatamente isso, é o gosto pela freguesia e pela população que nela reside. Nem sempre agradamos toda a gente, mas tenho sempre o carinho das pessoas.
DD-Nunca teve nenhuma opinião ou comentário que lhe dissessem que o fez querer desistir?
CM–Comentários não, mas claro que há decisões que tomamos que algumas pessoas não gostam e dizem logo. Mas é como eu digo, não conseguimos agradar a todos.
DD- Se tivesse mais recursos/dinheiro o que faria pela freguesia?
CM- Às vezes nem se trata dos recursos financeiros, e falando um bocadinho pela minha freguesia, é uma freguesia que está estável, e é um trabalho que também já vinha de trás. Neste momento, acho que as maiores dificuldades são mesmo arranjar mão-de-obra. Nós temos os meios financeiros e projetos/ideias na cabeça, no entanto, depois queremos executar e não temos pessoas para que seja possível concretizar isso. Já tivemos empreiteiros a dizer-nos que sim, mas depois vieram ao terreno e a obra nunca chegou a arrancar.
DD-Quais os principais objetivos enquanto presidente?
CM-Estou na junta de freguesia e não tenho objetivos políticos neste momento. Candidatei-me pelo gosto pela freguesia e pelas pessoas, mas temos bastantes problemas, (alguns grandes), ainda por resolver, como é o caso do saneamento e das acessibilidades, conjugo as duas coisas porque quando se fizer uma das coisas a outra pode ser resolvida. É uma das coisas que tenho batalhado com a Câmara Municipal e o CIM Douro, que são os responsáveis. Somos um concelho com uma baixa taxa de saneamento e Fornos, que é uma freguesia que tem uma ETAR, não tem benefícios nenhuns com isso, sendo uma das coisas que na altura não foi negociado e que exijo agora. Já passei a mensagem à empresa CIM Douro. Temos tudo para conseguir estar a 100% a nível de saneamento, e é um dos principais objetivos até ao fim do mandato.
DD-O que tem feito a nível geral pela freguesia?
CM-Quando entrei, junto com a minha equipa, uma das coisas que acordamos era criar uma equipa de voluntariado e pelo menos 1 vez por mês reunirmos para realizar alguma atividade ou uma obra. No último ano colocamos em parceria com a Câmara a questão das placas de toponímia, faltam só cerca de 30 placas, que foram feitas nesse âmbito do voluntariado. Junto da população estamos também a renovar o fontanário, coisas que são necessárias para ajudar a freguesia. Às vezes até só mesmo os populares tratam das coisas, o qual agradeço porque as pessoas acabam por ajudar muito também.
DD-Relativamente às atrações aqui na freguesia, o que considera mais importante?
CM-Temos a Festa de Santo António, com os cortejos no sábado à tarde que é uma das coisas que chama mais à atenção, temos uma atividade que é feita também todos os anos que é um tapete de flores que é feito desde o cais do Castelo até à Igreja para a procissão de Nossa Senhora de Fátima. E em termos turísticos, temos o cais do Castelo que é fantástico, embora tenha algumas coisas que queremos alterar, e que já estamos a trabalhar nesse sentido com a Câmara. A ilha é território de Cinfães, mas pertence à Câmara de Castelo de Paiva. Temos lá também as piscinas e estamos a trabalhar em conjunto com a Câmara, num projeto para desenvolver aquela zona uma vez que mesmo a nível de estacionamento está muito carente. Estamos a trabalhar também no sentido de legalizar aquela praia. Temos de criar condições para podermos receber melhor as pessoas, mesmo em questões de segurança para população do Castelo, uma vez que não há muito espaço nessa altura. Espero que este projeto esteja pronto ainda durante o meu mandato.
DD-E se fosse eleito hoje mudava alguma coisa?
CM-É complicado, porque já estava muito envolvido como tesoureiro ao acompanhar a população, etc. No entanto, quando entrei vi que a realidade de ser presidente é muito diferente uma vez que é mais difícil. Há certas coisas que as pessoas não conseguem ver, ao tratar de papéis etc, e passamos muitas horas aqui (ninguém se apercebe). Para além disso, tenho também outro trabalho e acaba por ser bastante trabalhoso.
DD-Como decorreu a campanha? Sente que tem sido mais difícil?
CM-Foi diferente uma vez que foi em 2021 e ainda se falava bastante no covid. No início da minha campanha demos 2 voltas à freguesia, na primeira vez fomos só os 3 primeiros membros e na última vez já fomos com pessoas da câmara.
DD-Quais as principais dificuldades da freguesia?
CM-Há sempre muita coisa que se pode melhorar, pequenos problemas do dia a dia. Pedimos sempre ajuda à Câmara, mas nem sempre se consegue abranger tudo, o como é normal. Este município tem nos ajudado um bocadinho mais, mas mesmo assim é normal que não consigam apoiar tudo.
DD-Qual a sua opinião relativamente às Uniões de Freguesias apesar de Fornos não estar unido?
CM-Sinceramente acho que isso não veio ajudar muito a população. Muitas vezes alguma freguesia acaba por ser mais prejudicada e os populares acabam até por criticar o facto do presidente se debruçar mais num dos lados do que no outro, o que nem sempre é fácil gerir, pois o presidente acaba por não estar tão próximo da população.
Texto: Raquel Moura
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