As restrições impostas não lhes permitem trabalhar, sendo que as indústrias que precisam de matéria-prima também estão em dificuldades
Ontem, concentraram-se em Arouca, nas instalações da empresa Forestcorte, representantes de empresas ligadas à exploração florestal de todo o país, em protesto, relativamente à paragem forçada imposta pelo governo, devido às altas temperaturas e à situação de contingência que já foi alterada.
Os representantes alegam que governo pôs em prática medidas sem nexo. “A única coisa que eles permitem são atividades de rechega, ou seja, retirar paus, rama e outros resíduos florestais de ao pé da estrada, mas se nós não metemos madeira abaixo que rechega é que vamos fazer?”, questiona Vânia Sores, uma das organizadoras da manifestação, admitindo que os “encargos são muito altos, as máquinas florestais têm preços incomportáveis e que o setor está completamente parado, estamos a falar de máquinas paradas de 300 mil euros, 500 mil euros …”.
O setor está parado há sensivelmente duas semanas e Vânia Soares refere ao DD que não sabe porque é que em Portugal não se pode trabalhar, e em França e Espanha o setor florestal está a trabalhar com normalidade.
Os manifestantes reuniram nas instalações da Forestcorte com trabalhadores e equipamento de grande porte de várias empresas do setor provenientes de localidades como Vale de Cambra, Anadia, Coimbra, Ferreira do Zêzere, Viseu Leiria, Oliveira de Azeméis.
Segundo informação que o DD apurou na mesma fonte existiram empresas Portuguesas, que tinham madeiras compradas em Espanha e mudaram as suas máquinas para lá para conseguirem laborar.
Na opinião da empresária os estudos do ICNF apontam para um número inferior a 1% no que respeita a fogos florestais provocados por máquinas, “isto é um setor primário sendo que as restantes empresas estão totalmente dependentes e estão a ficar sem stock.Desse modo aumentam preços. Existem empresas que têm várias máquinas paradas, em certos pontos de Portugal que apenas atingiram temperaturas de 25 graus, “porque é que eles não puderam trabalhar?”,acabou por questionar.
VS considera que a indústria florestal está completamente esquecida junto do governo, “tendo dependentes dela serrações, indústria mobiliária”, e que neste momento não têm atividade para os meios que têm, situação que a longo prazo vai ser “insustentável”.
A empresária finalizou revelando que tem uma faturação anual na média dos 3 milhões de euros, e que estar 15 dias num mês parado é incomportável. “As nossas máquinas que custam cerca de 500 mil euros já vêm preparadas de fábrica com extintores, motores contra incêndio, e todos os nossos operadores de máquina têm formações para agir em caso de incêndio…”, ou seja, refere que as condições para trabalhar estão reunidas.
Vítor Poças, também presente no dia do protesto, referiu à Lusa que esta imposição é um “erro técnico e político” do governo. Erro este que já se tinha repetido há dois anos quando publicaram o Decreto-Lei 82/2021, e que se repetiu, este ano, com o Decreto-Lei 49/2022.
O mesmo salienta que o documento é despropositado e desproporcional no que respeita à exploração florestal referindo que havia este ano a possibilidade de a tutela corrigir o erro de 2021, mas que não foi o que sucedeu.
O presidente da AIMMP, ainda à mesma agência noticiosa, reforçou que o governo ainda não entendeu que ao decretar estas medidas as empresas têm prejuízo, assim como o estado, e a vigilância proporcionada pelos profissionais do setor, no local, também é perdida.
A situação de contingência foi decretada entre os dias 11 e 15, e posteriormente renovada até 17, relembrando que na última semana Portugal Continental esteve sob elevadas temperaturas, sendo que o dia mais quente foi o dia 13, altura em que quase a totalidade dos distritos estiveram sob aviso vermelho, aquele que é o mais grave segundo o IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Neste momento, o estado de alerta foi levantado e passam a prevalecer as instruções dos governos regionais, significa isto que os exploradores têm de verificar diariamente o IPMA e saber qual o risco de incêndio na região em que estão a trabalhar. Se for elevado ou máximo devem seguir as instruções descritas na página do instituto. No próximo domingo esta situação vai voltar a ser reavaliada pelo Ministro da Administração Interna.
O envio da nossa newsletter é semanal.
Garantimos que nunca enviaremos publicidade ou spam para o seu e-mail.
Pode desinscrever-se a qualquer momento através do link de desinscrição na parte inferior de cada e-mail.