Para assinalar o Dia Internacional dos monumentos e sítios, que ocorreu no dia 18 de abril, a gestão tripartida do Mosteiro de Arouca organizou uma visita noturna aos espaços conventuais, incluindo uma passagem pelo Museu de arte sacra para os cerca de 60 visitantes, previamente inscritos, fiacrem a conhecer e apreciar o seu rico espólio.
O percurso da visita teve início em frente à parede de granito que resta do primitivo Mosteiro de Arouca, do séc. X, e que está patente na nova entrada para o Mosteiro. Seguidamente os visitantes fizeram uma pequena paragem num dos vários locutórios para visualizarem um pequeno vídeo, em desenhos animados, sobre a vida de Mafalda Sanchez.
A visita continuou em direção aos Claustros com uma paragem na entrada nobre do Mosteiro onde foi dada uma breve explicação sobre a função da roda dos enjeitados ou dos expostos, e cujo funcionamento permitia o anonimato e a privacidade de qualquer pessoa que aí colocasse, fosse o que fosse, destinado às freiras do Mosteiro cisterciense. Ainda na entrada nobre uma referência à presença das estátuas de S.Bento e S.Bernardo que foram os patronos dessa comunidade religiosa e cuja mudança de regra para a Ordem de Cister ocorreu em 1226 durante o governo de Mafalda Sanchez.
Os claustros
Como espaço central na arquitetura monástica e elo de ligação às diversas dependências conventuais. o Claustro, devidamente iluminado com tochas, proporcionou aos visitantes a fruição da sua beleza e do seu silêncio, apenas acompanhado do cantar da água a cair no seu fontanário central.
Depois de elucidados sobre a função deste importante e belo espaço, a visita avançou para a cozinha onde foi feita uma breve referência à doçaria conventual que aí teve origem e que, de certo modo, já exprimia, então, algum exagero gastronómico na alimentação regrada das freiras.
Da ampla cozinha passou-se à sala do capítulo, onde foi feita, não só a explicação das diversas funções que aí decorriam, por parte da comunidade religiosa, como também foi chamada a atenção para os belos azulejos setecentistas que revestem as suas paredes com motivos paisagísticos tão belos como intrigantes.
A paragem no coro baixo ou cadeiral foi o ponto alto desta visita noturna, não só pela riqueza da arte barroca aí presente, como também pela beleza dos retábulos que o envolvem, alguns das quais evocando momentos da vida da rainha santa Mafalda.
Com os seus 104 assentos em madeira do Brasil, os visitantes tiveram ocasião de perceberem a função das “misericórdias” presentes em cada um dos assentos e de conhecerem a particularidade de nenhuma delas ser igual nos motivos que as identificam.
O imponente órgão ibérico datado de 1743, embora silencioso, contribuiu para a beleza desta visita e motivou a que o guia recordasse a grande e valiosa coleção de antifonários existentes no Mosteiro de Arouca, estando muitos deles já digitalizados e disponíveis, nesse suporte, para consulta dos interessados.
Esta interessante e rica visita noturna terminou com uma digressão dos visitantes pelas diversas salas do Museu de arte sacra, instalado nos dormitórios conventuais desde 1933 e preenchido com um rico e variado espólio artístico a merecer uma nova disposição e uma melhor exposição, processo esse que já está em andamento.
Aproximar o público do seu património para melhor o conhecer, apreciar e preservar são iniciativas a incentivar e a enaltecer como esta com que se quis assinalar o Dia Internacional dos monumentos e sítios deste ano.
TEXTO E FOTOS: José Cerca
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