Feira de Cabeçais: localização perigosa leva Município à procura de novo espaço

Fregueses e Feirantes gostam do atual posicionamento, mas admitem problema de segurança

 

Continua sem resolução o problema da localização da Feira de Cabeçais perigosamente instalada nas bermas da estrada nacional. As negociações e diligências, que envolvem e o Município e Junta de Freguesia, parecem não ter fim à vista. O DD esteve no local e ouviu feirantes e fregueses, tal como as duas autarquias.

Foi no sentido de apurar a opinião dos principais envolvidos nesta feira, que no passado dia 13 de janeiro, sábado, durante a realização de mais uma mostra, que DD se dirigiu até ao Largo de Cabeçais junto da estrada N326.

Há mais de 30 anos a fazer esta feira, Maria Inês, natural de Espinho e vendedora da banca do bacalhau, confirmou que essas “sempre foram as condições” desse evento, “ao pé de uma nacional”, e que os feirantes “têm de se cingir” ao que lhes dão. Além disso, denota que, apesar de tudo, os veículos vêm com “precaução”, e que gosta muito de vender nesse local pois “há épocas do ano” em que ali “se vende muito bem”.

Um pouco mais ao lado, Elísio “Sapateiro” também já vende em Cabeçais há mais de 50 anos, informando que a feira nem sempre foi no local atual, “era na parte de cima”, e que quando começou não havia trânsito, “era um deserto”. Todavia, “agora aumentou” e “é mais perigosa”, confessou, mas “como já não há nada da parte de cima da estrada”, continua “bem”, na sua perspetiva, esclarecendo que nunca houve problemas “ao nível da segurança”.

Natural do centro de Arouca, Conceição Duarte, concordou que sempre vendeu no mesmo local, muito embora considere que deviam mudar de local, para um sítio “mais sossegado”.  A comerciante acredita que apesar de “a abertura da variante” ter diminuído o trânsito, e nunca tenha presenciado situações de risco como acidentes, crê que continua a ser “muita confusão”.

“Numa perspetiva de negócio é boa, mas questão de segurança podíamos ter outro sítio”

Para Xavier Almeida e os pais, naturais de Fajões e feirantes em Cabeçais há dez anos, a localização da feira está boa pois estão num local mais afastado da estrada. No que concerne ao negócio confessa que tem dias que “é bom e outros menos bom”.

Talvez com a banca mais antiga da Feira Vítor Silva, de Santa Maria da Feira, contou que vem de uma família de feirantes que já participam neste acontecimento há mais de 80 anos. “Fazemos esta feira desde o tempo do meu avô para aí, por isso já deve faltar pouco para 100 anos”, referiu. Além disso, mencionou que a localização da mesma “não está mal nem está bem”, pois o sítio acaba por “chamar público”, porque quem “passa de carro, vê e para e vem comprar”, esclareceu. “Numa perspetiva de negócio é boa, agora em questão de segurança poderíamos ter outro sítio, mas próximo da estrada, porque mais escondido acabaria por matar a feira”, constatou.

Helena Santos, vendedora de hortícolas e natural do centro de Arouca, concordou com os colegas sobre as vantagens da feira se realizar ao pé da estrada. “Já estivemos num sítio muito mau, daquele lado, onde até podíamos provocar acidentes, agora deste lado estamos mais arrumadinhos”, recordou. Manifestou igualmente que, se por acaso, a feira mudasse “para outro local”, provavelmente as pessoas não “aderiam tanto” porque “estão habituadas assim”, e é ali que vão “procurar as coisas”. Relembrou também que, atualmente, como “os camiões” não passam tanto, “desde que abriu a variante”, as coisas têm se mantido tranquilas, e acredita que a feira está “bem onde está”.

O DD também teve a oportunidade de falar com os fregueses, presentes no Largo, nesse dia. Mário Oliveira, de Escariz, acredita que o mercado ficaria melhor localizado se disposto no espaço atrás das atuais bancas, uma vez que “há espaço”. Também de Escariz, Norvinda Moreira, desloca-se à Feira de Cabeçais “de vez em quando”, e embora goste da localização acredita que o evento ficaria melhor localizado no terreno em terra batida, “que foi falado”, e se situa mais acima um bocadinho.

“Se a Feira estivesse sob responsabilidade da Câmara já teria sido relocalizada”

Questionada sobre o tópico, a Câmara de Arouca salientou que a “falta de condições de segurança” da Feira de Cabeçais é “algo do conhecimento público há vários anos”. Ainda assim, o Município tem “sido das entidades que tem manifestado essa preocupação”, e que “tem mostrado total disponibilidade para apoiar a Junta de Fermedo, que é responsável”, para encontrar soluções e melhorar as condições de segurança da mesma, esclareceu. Mais referiram que disponibilizaram “os serviços municipais” para a “respetiva reorganização”. Além disto, evidenciaram que em reunião da Assembleia Municipal de 28 de abril de 2022, a “Presidente referiu que se a Feira estivesse sob responsabilidade da Câmara já teria sido relocalizada”.

A melhor solução seria “um local que, seja próximo do atual, por facilidade de acesso e que reúna as condições de segurança necessárias”. Em suma, denotam que o Município de Arouca tem “abordado com relativa frequência este assunto com o Presidente da Junta de Fermedo”, além de prosseguir com “negociações com o proprietário do terreno, nas imediações, a última das quias ocorreu já este ano.

“No que estiver ao nosso alcance, encetaremos todos os esforços para poder apoiar a Junta de Freguesia de Fermedo na relocalização e melhoria da segurança da Feira de Cabeçais.”, concluíram.

Sobre esta problemática, que tem sido também motivo de análise em diferentes Assembleias Municipais, com a interpelação à Presidente da Câmara por parte da bancada do PSD, a Junta de Freguesia de Fermedo fez-nos saber que aguarda com expetativa as negociações entre a edilidade e o proprietário do terreno, que pode acondicionar, como é seu desejo, valências que vão para além da Feira, como sejam um parque público e habitação.

Ana Castro

Carlos Pinho

 

Mário Oliveira freguês de Escariz

 

Maria Inês, vendedora de Bacalhau, natural de Espinho

 

Helena Santos, natural de Arouca, vendedora de hortícolas

 

Conceição Duarte, feirante natural do centro de Arouca

 

sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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